🔒 Jaguars x Chiefs mostrou a diferença de ter um quarterback e… Ter Bortles

[dropcap size=big]N[/dropcap]ão é de hoje que falamos da necessidade dos Jaguars em ter um grande quarterback comandando seu ataque, especialmente em jogos decisivos e duros.

Afinal de contas, o time tem um defesa de elite, bons recebedores e uma linha de ataque competente. Falta a peça que possa arquitetar viradas, conduzir o time a vitórias em momentos críticos em jogos contra grandes adversários.

Por mais que a grande maioria dos amantes da NFL já acreditasse que Blake Bortles não é esse cara, ele fez questão neste domingo mais uma vez de confirmar isso. A defesa não foi perfeita, mas ao menos conseguiu limitar Patrick Mahomes.

Foram 313 jardas, o que não deixa de ser excelente, mas pela primeira vez na temporada Mahomes não lançou nenhum passe para touchdown. Além disso, conseguiu duas interceptações (as primeiras na temporada) e deixou o quarterback dos Chiefs desconfortável diversas vezes. Os Chiefs converteram apenas quatro de 12 tentativas de terceira descida, para se ter dimensão do trabalho bem executado.

Do outro lado, o abismo

Mas quando Bortles teve oportunidade de ir a frente e equilibrar o jogo, ele simplesmente demoliu qualquer chance de uma vitória contra um dos favoritos da AFC fora de casa. Esse tipo de jogo vale muito mais que um simples W ou L na tabela de classificação. É o tipo de partida que quando se vence, marca.

Os Jaguars já tinham desperdiçado uma quarta descida na linha de três dos Chiefs (numa chamada ousada de Doug Marrone), quando conseguiram interceptar Mahomes no meio do campo. O placar apontava 10 a 0 para o time da casa e colocar pontos no placar era fundamental. Mas na jogada seguinte Dee Ford consegue a pressão e o sack; Bortles não protege a bola e fumble é recuperado pelos Chiefs. Se você precisa de uma algo para lembrar a definição de decepção é só lembrar de momentos como esse.

Nada pode ser um banho de água fria maior.

Os Chiefs pontuam com um field goal e vem nova campanha dos Jaguars. Primeira jogada, linha de 20 do campo de defesa, novo drive e novo ânimo. Nada mais importante que começar a campanha positivamente para dar uma nova chance num jogo em apenas duas posses.

Dado o snap, jogada de passe e…interceptação retornada para touchdown. Mas não foi uma interceptação qualquer; foi num screen pass! Sim, seu único trabalho era fazer um passe encobrindo a linha defensiva para o running back. Bortles não somente não conseguiu, como colocou a bola na mão do defensive lineman Chris Jones, que levou a bola para end zone, colocando 20 a 0 no placar. Ser interceptado num screen pass já é humilhante, mas ter a mesma retornada para touchdown por um jogador de linha defensiva de 140 kgs é demais até para Bortles.

Agora com 20 a 0 desfavorável no placar, os Jaguars precisam sair com uma pontuação ainda no primeiro tempo, para diminuir o estrago. A campanha começa na linha de 18, com 1:49 no relógio e com dois tempos a pedir. Nestes momentos você precisa do quarterback como citei no começo do texto.

Sem huddle, colocando o time nas costas pra se manter vivo. Na dificuldade que se vê quem é grande. Bortles conduz a campanha bem, o time vai administrando bem o relógio e a defesa dos Chiefs não tem respostas. Ai vem o bizarro: Se você acha ruim ter uma interceptação num screen pass por um jogador de linha defensiva, que tal ter uma por ter lançado a bola no capacete do JOGADOR DE LINHA OFENSIVA DO SEU TIME? Sim, eu estou gritando, tão trágico é isso.

Foram três campanhas consecutivas destruídas pelo quarterback dos Jaguars.

Desconte os sete pontos conseguidos na interceptação e os Jaguars poderiam na pior das hipóteses ter ido pro intervalo perdendo por menos de uma posse. Na melhor, com vantagem no placar. Imaginem a pressão em Kansas City: por mais que tenha conseguido uma brilhante virada contra os Broncos no Monday Night Football, Patrick Mahomes é praticamente um novato, embora no papel seja segundanista.

Novatos são mais suscetíveis a erros e a defesa dos Jaguars conforme provado acima é muito superior a do time do Colorado. As chances seriam gigantes e a pressão estaria nos ombros dos Chiefs, mas Bortles estragou tudo.

A pergunta é: até quando os Jaguars vão negar as evidências que Blake Bortles não tem força para o levar o time ao próximo passo?

A defesa é excelente, mas unidades defensivas costumam ter janelas não tão longas. Vejam o exemplo Legion of Boom dos Seahawks ou a No Fly Zone dos Broncos; foram alguns bons anos, mas logo a janela se fechou. É bom aproveitar: com certeza Jalen Ramsey e companhia querem vencer um título e podem começar a cobrar que a direção lhe dê melhores chances.

A NFL é uma liga hoje de jogo aéreo. Para vencer você precisa passar a bola bem e depois correr. O vice presidente de operações (e na prática, o verdadeiro general manager) dos Jaguars, Tom Coughlin, ainda acha que não.

Ele reforçou a crença o jogo corrido e acredita que Leonard Fournette e cia possam carregar o time. Para isso contratou o guard Andrew Norwell a preço de ouro e deu um novo contrato para Blake Bortles, quando poderia ter ido atrás de Kirk Cousins ou feito algum movimento atrás de um novato no draft.

O contrato prevê um dead cap de 16,5 milhões em 2019, ou seja, Bortles estará no elenco. A não ser que a filosofia mude e a franquia vá atrás de algum novato no draft (numa classe que promete ser pobre na posição, é bom salientar),você continuará a ver Bortles com seus 59% de passes completos e lançando uma interceptação a cada 1,45 touchdown. Pobre torcedor dos Jaguars: tem uma defesa maravilhosa, mas verá a teimosia em conceitos obsoletos de Tom Coughlin sustentar Blake Bortles e desperdiçar grandes oportunidades de levar o Lombardi para a capital da Flórida.

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