Jets 0-5: o que deu errado neste início de temporada?

Única equipe sem vitórias até agora, o New York Jets começa mais uma reconstrução com o pé esquerdo. Aaron Glenn vai precisar encontrar respostas o mais rápido possível, antes que o ano n° 1 do rebuild fique (ainda) pior.

Se você é leitor antigo do ProFootball, certamente já conhece a minha teoria da autossabotagem crônica. Em resumo, é o mal que acomete aquelas franquias que vivem um eterno looping de ciclos ruins. O New York Jets talvez seja o maior exemplo disso – ou top-5, dependendo do (des)gosto do freguês. Afinal de contas, parece que o roteirista do destino sempre redige os roteiros mais crápulas para eles.

O primeiro capítulo de 2025 não se difere muito dessa narrativa. Mais uma reconstrução após outro fracasso, mais uma reconstrução que começa com o pé esquerdo. Os Jets são atualmente a única equipe sem vitórias neste momento na NFL. Por um lado, o calendário não ajudou: o time por pouco não venceu Steelers e Buccaneers, por exemplo. Entretanto, esse mesmo time tomou bailes do Miami Dolphins e do Dallas Cowboys (duas equipes nada confiáveis).

O cenário não é nada positivo até agora. O ataque possui suas limitações e a defesa é mais furada do que um queijo suíço. Como cereja do bolo, a comissão técnica parece não saber o que fazer. Embora as expectativas fossem baixas, as coisas só vão ladeira abaixo nos Jets. E caso eles não encontrem respostas logo, a tendência é que esse buraco não tenha fim.

Vamos ser sinceros: a defesa piorou muito

Aaron Glenn foi contratado com dois objetivos em mente: tornar de vez a defesa o carro-chefe da equipe e tentar (de novo) construir uma cultura minimamente estável. Que a segunda parte seria difícil, isso todo mundo sabia. O que ninguém esperava era que a defesa ia piorar tanto – e sob o comando de um treinador de mente defensiva.

31,4 pontos cedidos de média, a segunda pior marca da liga. 15,1% de pressões nos quarterbacks adversários, terceira pior da liga. A quinta pior defesa terrestre em 2025. O que era para ser a âncora da equipe virou a maior fraqueza. Não é como se o elenco tivesse piorado, já que é basicamente o mesmo do ano anterior. O problema é que quase ninguém está jogando bem. E isso contribui bastante para o início péssimo dos Jets.

O tweet acima ilustra bem como Dak Prescott fez o que queria contra a defesa dos Jets. Ele passou de todos os lados possíveis dentro do campo e, apesar de ter sofrido um sack, foi pouco pressionado na linha de scrimmage. Isso sem contar com o dia iluminado de Javonte Williams: ele teve 135 jardas corridas e um touchdown. Até mesmo nas corridas pelo meio da linha, ele conseguia ganhar mais de cinco jardas com frequência. Mérito do próprio Williams, é claro, mas que também escancarou a fragilidade da defesa terrestre dos Jets.

Para piorar a situação, o calendário não ajuda. Os Jets pegam Broncos, Panthers, Bengals, Browns e Patriots nas próximas cinco semanas. Por mais que Carolina e Cincinnati sejam equipes fracas (e Cleveland tenha um ataque de 1925), não seria surpresa alguma se elas conseguissem arrancar uma vitória em cima dos Jets. Contra Denver, o cenário fica mais desfavorável: uma das melhores defesas da liga pressionando Justin Fields? Tentar gerar pressão contra Bo Nix e uma das melhores OLs da NFL?

Boa sorte, New York Jets. Vocês precisam dela mais do que nunca agora.

Same Old Jets? Não, vocês são muito piores

Em seu texto para o The Ringer nesta semana, Steven Ruiz ressaltou um ponto importante. Após a derrota para Tampa na semana 3, Aaron Glenn afirmou na coletiva de imprensa de que esse ano “eles não seriam os velhos Jets”. De fato, esse time dos Jets não é igual aos outros. Ele é muito pior.

A infame campanha negativa traz marcos mais indesejáveis do que o resultado em si. É o pior começo de um treinador no seu primeiro ano de trabalho em toda a história da franquia. Sim, nem o (brilhante mente ofensiva) Adam Gaze começou 0-5. Além disso, os Jets de 2025 são o primeiro time a perder cinco jogos seguidos sem forçar um turnover. Por outro lado, são 10 turnovers do ataque até aqui: nove do jogo terrestre e uma interceptação.

O que torna o caso dos Jets mais complicado é que existe talento ali. Justin Fields e Garrett Wilson mostraram uma boa sintonia, Breece Hall teve dois jogos para mais de 100 jardas corridas, Quinnen Williams e Sauce Gardner são as âncoras da defesa… E para por aqui. Tirando esses nomes, o restante do time está jogando muito abaixo. Junte isso com lesões e falta de profundidade no elenco que a receita da bomba está pronta.

Ninguém esperava que a vida dos Jets fosse fácil em 2025. Mas a realidade se mostrou bem pior neste primeiro quarto de temporada. Aaron Glenn é um técnico de primeira viagem, portanto faz sentido ele encontrar dificuldades no início. O único problema, entretanto, é que o tempo na NFL é cada vez mais curto. Se você não encontrar soluções logo, os outros times te devoram e a paciência com o seu trabalho se esgota.

O New York Jets sabe bem como é isso. Só neste século, já são 15 anos vivendo um carrossel de projetos falidos. Se Aaron Glenn não achar maneiras de conseguir vitórias, as chances dele ser mais um nome nesta saga infeliz serão bem maiores.

Para saber mais:

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5 jogadores de defesa subestimados na temporada 2025 da NFL
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