Em 2017, o objetivo dos Rams no Draft ficou muito claro ao acabar o recrutamento: cercar Jared Goff de armas ofensivas. Das quatro primeiras escolhas do time, três foram gastas em recebedores: o tight end Gerald Everett na segunda rodada (44ª escolha geral), o wide receiver Cooper Kupp no início da terceira (69ª escolha geral) e o também wide receiver Josh Reynolds na quarta (117ª escolha geral).
De certa forma, Gerald Everett tem sido uma decepção em relação ao valor investido em sua escolha no Draft. Mesmo escolhido no começo da segunda rodada, Everett ainda não se tornou o titular dos Rams, sendo reserva do modesto Tyler Higbee. Cooper Kupp, a próxima escolha daquele recrutamento, já se tornou uma estrela da liga, porém, rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo na semana 10 na vitória contra os Seahawks e está fora desde então.
No momento da lesão, o segundanista liderava o time em jardas e touchdowns aéreos, com números dignos de principal wide receiver do time. Com sua lesão, sobrou para Brandin Cooks e Robert Woods dividirem a responsabilidade principal do jogo aéreo dos Rams, entretanto, ainda faltava outro jogador assumir o papel do terceiro wide receiver. Josh Reynolds, sedento para ganhar mais snaps e pedindo passagem desde o começo do ano, abraçou a responsabilidade.
Pode parecer uma responsabilidade pequena ser apenas o terceiro recebedor, mas os Rams são o time que mais utilizam 11 personnel na liga, chegando ao impressionante número de 96%, enquanto nenhum outro time chegou aos 82%. Ou seja: o terceiro wide receiver de Sean McVay possui um papel muito mais importante que qualquer outro terceiro recebedor da NFL. Naturalmente, a responsabilidade de Reynolds já cresceu na semana 11, e ele foi titular na partida contra os Chiefs, finalizando com 80 jardas, 6 recepções e 1 touchdown.
Nos playoffs, Reynolds teve dois excelentes jogos contra Cowboys e Saints. É verdade que, contra Dallas, é necessário olhar com mais calma o tape para confirmar isso, já que suas estatísticas foram bem modestas – apenas uma recepção em 4 targets, 19 jardas aéreas e 1 corrida para 9 jardas terrestres. Contudo, ao assistirmos o vídeo, fica claro que a culpa da sua baixa produção não foi sua, e sim em grande maioria do quarterback Jared Goff.
Tome como exemplo essa jogada abaixo. Como quase sempre, os Rams estão em 11 personnel, e nessa jogada utilizam apenas 5-man protection com o tight end fazendo o chip block no defensive end. Josh Reynolds está alinhado fora dos números e corre uma rota post; o cornerback Chidobe Awuzie (#24) está em bail technique e perde Reynolds no momento que ele faz o corte em diagonal da post. Por algum motivo, Jared Goff faz o passe muito atrás de Reynolds, obrigando-o a diminuir a velocidade e literalmente parar para tentar alcançar a bola. A separação se dissipa e Awuzie, que estava batido no lance, quase consegue a interceptação.
— ALL22ProFootball (@All22_PF) January 30, 2019
Em outra jogada, Reynolds também consegue criar separação em cima de Awuzie, mas novamente o passe de Goff sai ruim. Dessa vez muito baixo, dificultando bastante a recepção do recebedor, que teria conseguido uma conexão de pelo menos 20 jardas caso o passe fosse bem feito.
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Saindo do jogo contra os Cowboys para a final da conferência, Goff teve uma partida bem melhor contra os Saints, e isso se traduziu também para os números de Josh Reynolds. O recebedor apareceu em momentos importantes, além de ter tido quatro recepções para 76 jardas. Ademais, espere vê-lo correndo pelo menos uma vez no Super Bowl em um end around, algo executado nos dois jogos dos playoffs e com bons resultados em ambos.
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Na próxima jogada, Reynolds está alinhado isolado do lado direito do campo e, mesmo com a marcação homem-a-homem e uma cobertura cover 2, o passe é feito em sua direção, o que mostra a confiança da coaching staff e de Goff em Reynolds, ao deixá-lo nessa posição mesmo numa chamada com uma rota cortando para dentro, ou seja, indo em direção a zona do safety, o que significa uma possível pancada enquanto está fazendo a recepção. Reynolds consegue fazer com que o safety erre o ângulo do tackle e, em seguida, o cornerback também não consegue derrubá-lo, sendo derrubado apenas por um defensor do outro lado da jogada.
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Essa jogada exemplifica um pouco da criatividade e genialidade de Sean McVay ao criar/chamar jogadas. Enquanto Brandin Cooks leva o cornerback para dentro, Josh Reynolds vai para fora em um conceito de passe muito utilizado para bater cobertura homem-a-homem.
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Reynolds mostrou que se sente confiante em momentos críticos da partida e cresce nessas horas. Após a lesão de Kupp, ele apareceu para não deixar o ataque perder o ritmo e, novamente nos playoffs, Goff se sentiu confiante em passar-no a bola mesmo sendo Reynolds um segundanista com pouca experiência de titular nas suas costas.
Com Brandin Cooks e Robert Woods sendo os principais nomes para a secundária dos Patriots se preocuparem, Josh Reynolds deve aparecer mais na partida – especialmente por sua baixa estatura (1,90m) e por JC Jackson, cornerback dos Patriots que teoricamente ficará responsável por Reynolds, possuir apenas 1,75m. Ou seja: se esse duelo realmente acontecer, Josh Reynolds pode surgir como um dos principais personagens do Super Bowl.






