Chegou o momento daquela pauta que, de certa forma, é triste de escrever. Embora o mercado para veteranos ainda esteja aberto – e ele fica até fevereiro, vale lembrar – a maior parte dos jogadores com demanda já foram contratados em março. As peças que eventualmente sobraram e que adicionariam algo a um time, idem, uma semana após o Draft.
Os que ainda estão no mercado são jogadores cujos novos contratos podem sequer vir. Alguns, inclusive, podem estar à beira da aposentadoria. Por que ainda estão lá? Há alguma esperança de algum time assinar com eles? É disso que este artigo se trata. No meio de maio, alguns sonhos de uma segunda – ou última chance – ainda estão vivos. Mas com o passar dos dias, essa chama vai se apagando. Vamos então aos nomes e o que esperar.
Mario Williams, DE (4-3), 32 anos
Tal como o mercado de running backs após os 30 anos, o mercado de pass rushers – como você verá ao longo deste artigo – também é escasso. Williams, outrora primeira escolha geral no Draft de 2006, está novamente sem time após passagens por Buffalo Bills e Miami Dolphins (sendo cortado recentemente do último).
Por que ainda está sem time? A produtividade não bate com o salário e está em queda. Somado a isso o fator “ele provavelmente não quer assinar por tão pouco”. Fato é que Williams não é mais o atleta dominante que fora no final da década passada.
Jared Odrick, DE, 29 anos
Ex-Jaguars, Odrick é um jogador “na média”. Após boa produtividade em 2012 e 2013 nos Dolphins, atuando como coadjuvante, Odrick teve uma chance de ouro – aquela que muitos têm, aliás: um contrato gordo em Jacksonville. Após ir para o norte da Flórida, Jared não rendeu e foi cortado pelos Jaguars neste ano.
Por que ainda está sem time? A produtividade no primeiro ano de Jaguars não foi a de um protagonista (5,5 sacks) com o salário que recebia, continuou sendo de coadjuvante. Para piorar, Jared machucou o ombro no ano passado e só esteve em campo durante seis partidas. Como ele já teve a sua primeira “grande free agency“, deve ser difícil encontrar outro time que aposte pesado nele.
Colin Kaepernick, QB, 29 anos
Outrora titular do finalista da Conferência Nacional em 2013 – e do Super Bowl, um ano antes – Colin Kaepernick foi do céu ao inferno desde que Richard Sherman desviou aquele passe na end zone do Century Link Field em janeiro de 2014. A read option foi melhor detida pelos coordenadores defensivos adversários, o time de San Francisco desmanchou e no ano passado, Colin começou um protesto silencioso antes de cada partida: ajoelhar-se antes da execução do Hino Nacional Americano (Star Spangled Banner).
Nesta intertemporada, Colin pediu para sair do San Francisco 49ers e esperava encontrar logo um novo lar – afinal de contas, fora Mike Glennon, praticamente não havia bons quarterbacks no mercado de free agents.
Por que ainda está sem time? Sejamos francos, metade dos donos de franquia da NFL são doadores do Partido Republicano. A porta para Kaepernick está fechada por conta disso em inúmeros times. Vai ter gente falando que não, mas essa é a realidade. Claro: o fato dele não ser o jogador ofensivo do ano faz com que os protestos não sejam ignorados a ponto de contratarem-no. É assim que funciona na NFL. Se você bate no seu filho – oi, Adrian Peterson, é com você que estou falando – mas for um bom jogador, alguma diretoria vai ignorar o incidente extra-campo.
O caso de Kaepernick é ainda mais complicado porque, aparte dos protestos, ele não tem bola para ser titular. E para ser reserva, você tem que ser o quarterback mais “sem sal” o possível: moldar-se ao sistema do time, não o time moldar-se a você. E Colin é o tipo de jogador – vide sua carreira em San Francisco – que precisa de peças e um plano de jogo para ele brilhar. Assim, suas opções acabam se limitando como reserva em times com quarterbacks móveis: Seattle (que parece ter interesse), Carolina, Buffalo e Tennessee, principalmente.
Robert Griffin III, QB, 27 anos
Vencedor do Heisman Trophy em 2011, Calouro Ofensivo do ano em 2012 na NFL. Quem diria que não haveria nenhum interesse em algum jogador com um currículo assim, hã? Pois, é, mas essa é a nova vida de RGIII.
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Ele passou tanto do céu ao inferno esses dias que o chamei de RGIII no Twitter e havia gente que não sabia de quem se tratava. Cinco anos atrás, era praticamente certo que você lembraria de sua pirotecnia e habilidade de criar jogadas.
Por que ainda está sem time? Uma tonelada de lesões. A última chance de Griffin foi no Cleveland Browns, no ano passado. A exemplo de Kaepernick, ele tem estilo de jogo que só se encaixa como titular mas não tem bola para sê-lo mais. Ou melhor, não tem corpo mais. Nessa última chance com os Browns, Griffin saiu do pocket e se machucou na primeira semana, contra os Eagles.
Dwight Freeney, DE, 37 anos
Campeão do Super Bowl XLI com o Indianapolis Colts, Freeney esteve em campo dez anos depois, no Super Bowl LI. Foi sua última partida com os Falcons, que não renovaram seu contrato.
Por que está sem time? A idade pesa aqui. Se para um quarterback é difícil jogar depois dos 35 anos, imagine para um jogador que necessita quase que exclusivamente da explosão muscular para ser bem-sucedido. Freeney, se muito, terá uma chance num training camp caso não queira se aposentar.
Nick Mangold, C, 33 anos
Ryan Clady, OT, 30 anos
Coloco os dois juntos porque eles jogaram no mesmo time, o New York Jets. E os dois estão ainda no mercado por conta de lesões.
Por que estão sem time? Lesões, como disse. Mangold parece ter interesse do Baltimore Ravens, mas isso é só especulação. Aos 33 anos, ele teve uma lesão séria no tornozelo. Clady, embora mais novo, teve várias cirurgias na carreira.
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Christine Michael, RB, 26 anos
A explosão está lá. Bons highlights, também. A consistência… Bom, a consistência passou longe. Michael vem sendo um nômade desde que foi draftado por Seattle na segunda rodada do Draft de 2013. Desde então, passou por Dallas, Washington (membro do time de treinos), Seattle novamente e em 2016 no Green Bay Packers.
Por que está sem time? Falta de consistência, falta de visão como corredor, os problemas (técnicos) são muitos. Digamos que Michael seja um Trent Richardson sem grife.
DeAngelo Williams, RB, 34 anos
Ah, como eu gostava de jogar com você e Jonathan Stewart no Madden 09. Infelizmente esses tempos passaram e ambos devem ser substituídos no coração dos torcedores, por calouros. Williams não teve seu contrato renovado pelos Steelers, que draftaram James Conner. Já os Panthers, escolheram Christian McCaffrey na primeira rodada.
Por que está sem time? 34 anos e running back. Aí complica. Por enquanto, a probabilidade que resta é que algum time carente de reservas no jogo terrestre lhe dê uma chance em julho, antes dos training camps.
Jairus Byrd, FS, 30 anos
Lembra quando ele era a grande contratação do New Orleans Saints para ajudar a defesa e dar uma chance de título no final da carreira de Drew Brees? Então, o time pagou 28 milhões de dólares garantidos num contrato de seis anos e 54 milhões de total.
Por que está sem time? Desempenhou como um free safety reserva, não como um com o contrato acima. Para piorar, lesões para todo lado. Byrd é um dos maiores busts recentes de free agency. Virou radioativo para qualquer time nesta altura do campeonato.
Darrelle Revis, CB, 31 anos
Um dos melhores cornerbacks da NFL até… Bom, até 2014? Acho válido. Revis teve uma carreira de altos e baixos. No início com os Jets, brilhou e foi protagonista em uma defesa que levou Mark Sanchez a duas finais de Conferência Americana. Depois, em abril de 2013, foi trocado pelos Jets para os Buccaneers, numa defesa completamente atípica para ele (marcando em zona).
Foi cortado em março de 2014 depois de inúmeras tentativas de troca por Tampa Bay. Eis que aparece o Mestre Sith, capaz de criar vida do nada. Ou melhor: de ressuscitar carreiras aparentemente mortas. Revis foi para os Patriots horas antes depois de ser cortado por Tampa Bay. Venceu o Super Bowl XLIX com New England e não teve o contrato renovado por Bill Belichick, o mestre Sith de nossa história.
Em 2015, teve um ano até que bacana – mas 2016 foi uma catástrofe. Constantemente precisava de ajuda dos safeties, não tinha a explosão de outrora…
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Por que está sem time? Ele já teve sua grande chance no mercado, com os Patriots. Agora, aos 31 anos, virou um medalhão cuja maior virtude – a marcação individual – se transformou em maior risco para uma defesa. Além disso, se envolveu numa treta de rua durante a intertemporada, chegando a ser preso (foi inocentado das acusações depois). A menos que um time esteja absurdamente carente por secundária ou que por um milagre ele consiga jogar como free safety, Revis não deve ser mais a estrela do mercado como outrora fora.
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