Prévias 2021: Com Mahomes protegido, Chiefs miram mais um Super Bowl

Depois da trágica derrota em fevereiro para Tampa Bay, o Kansas City Chiefs entendeu que até mesmo as magias de Patrick Mahomes tem limites e montou uma nova linha ofensiva. Com isso, nada menos que o topo pode ser a expectativa

É complicado dizer que uma temporada em a equipe chegou ao Super Bowl foi decepcionante, mas a forma como o Kansas City Chiefs perdeu para o Tampa Bay Buccaneers deixa essa sensação – até porque a barra é mais alta no Missouri. A negligência em torno dos problemas da equipe, confiando que Patrick Mahomes pudesse resolver tudo a todo tempo, cobrou seu preço no momento crucial. Não deixar que isso aconteça novamente é a premissa em Kansas City.

DRAFT E FREE AGENCY 2021: As principais mudanças aconteceram na linha ofensiva: Mitchell Schwartz, Eric Fisher e Kelechi Osemele foram embora. Para compensar, Joe Thuney chegou na free agency e Orlando Brown veio numa troca com o Baltimore Ravens. O wide receiver Sammy Watkins e o cornerback Bashaund Breeland também deram adeus a franquia. De relevante, ainda vale destaque a contratação do defensive lineman Jarran Reed.

Com a primeira escolha do Draft utilizada na troca por Brown, os Chiefs tiveram um Draft discreto, mas eficiente. Nick Bolton é um linebacker dinâmico e que traz qualidade para um dos grupos mais frágeis do elenco. Já Creed Humphrey e Trey Smith devem ser titulares logo de cara no miolo da renovada linha ofensiva. 

Principal reforço: Orlando Brown, OT. Após sofrer com as lesões de seus titulares na temporada passada, os Chiefs aproveitaram a oportunidade e conseguiram um jovem left tackle, que traz uma energia nova para sua unidade e garante a saúde de Mahomes, com consistência.

Principal perda: Mitchell Schwartz, OT. Por mais que a perspectiva para linha ofensiva seja excelente, a perda de um nome do calibre de Schwartz não deixa de ser ruim. O jogador é um offensive tackle de elite e os problemas físicos parecem terem o desanimado, fato que o faz considerar a aposentadoria. 

Mahomes precisa de suporte e isso não é vergonha

Entenda: são inúmeros os casos de franquias com quarterbacks espetaculares que tiveram menos sucesso do que deveriam, por simplesmente negligenciar que o mesmo precisava qualidade ao seu redor. Patrick Mahomes mascarou diversos problemas dos Chiefs em 2020 e fez tudo parecer fácil, mas o Super Bowl expôs isso de forma escrachada. O objetivo de Kansas City é não desrespeitar e desperdiçar o talento de Mahomes como o Miami Dolphins fez com Dan Marino, por exemplo.

Falar do talento de Mahomes é chover no molhado e não é novidade para o leitor. Ele consegue fazer praticamente tudo em campo, com destaque para sua absurda capacidade de lançar a bola fora da base e em movimento. Se tem coisas que Patrick precisa evoluir, isso são dois pequenos pontos: melhorar sua presença de pocket e prender a bola um pouco menos. Entretanto, são apenas refinos de um jogador espetacular e que hoje é o melhor da NFL na posição.

Já a linha ofensiva recebeu o justo incremento. Com a saída de muitos veteranos, a direção optou por trazer juventude. Orlando Brown é o novo left tackle e terá ao seu lado o “vovô” Joe Thuney – com apenas 28 anos, ele é o mais velho da unidade -. Do meio para direita, somente garotões: Humphrey e Smith tem ao seu lado Lucas Niang, escolhido no Draft de 2020 e que deu opt-out na temporada passada.

A missão principal é dar tempo para Mahomes usar todos os seus poderes, já que ele é como Liu Kang: o golpe pode demorar um pouquinho, mas quando vem é mortal. Para receber seus passes, duas armas de elite: Travis Kelce segue sendo um dos melhores tight ends da NFL e é mortal no meio do campo. Já Tyreek Hill é o Roger Murtaugh[foot] Danny Glover em Máquina Mortífera[/foot] de Mahomes: sempre que ele está em encrenca, sabe a quem recorrer no fundo do campo, onde toda sua velocidade faz diferença. Entretanto, falta profundidade no grupo, pois Mecole Hardman, Demarcus Robinson e Byron Pringle não inspiram confiança.

O jogo corrido seguirá sendo ancilar, mas mostrar uma atitude mais agressiva, é tendência. Os novos nomes da OL são versados em corridas de bloqueios angulares e isso trará maior variação em relação às corridas de zona, predominantes em 2020. Clyde Edwards-Helaire segue como líder do grupo de corredores, tendo a companhia de Darrell Williams e Jerick McKinnon, num sólido comitê.

Reencontrar a solidez é fundamental na defesa

A defesa dos Chiefs dos últimos anos nunca foi excepcional. Todavia, sempre conseguiu se manter na linha média da tabela, dando condições do explosivo ataque vencer jogos. Em 2020 isso deu uma degringolada, com a unidade sofrendo mais que o comum. Não por acaso, ela foi apenas a 22° em eficiência[foot] Football Outsiders[/foot], com destaque negativo para contenção terrestre, que cedeu mais de 4,5 jardas por tentativa.

Para ajudar nisso, o experiente Jarran Reed chegou do Seattle Seahawks e deve se alternar com Derrick Nnadi jogando ao lado do espetacular Chris Jones, que só não é o melhor da sua posição por existir Aaron Donald. Em 2020, ele criou 60 pressões e teve 21% de vitórias contra bloqueios em pass rush, segunda maior marca da NFL[foot] ProFootball Focus[/foot]. Nas pontas, problemas: Alex Okafor é um nome apenas sólido, mas Frank Clark lida com problemas judiciais e pode ser suspenso. Além disso, ele luta contra uma lesão na coxa e pode perder tempo no começo da temporada.

O grupo de linebackers recebeu incremento, mas segue sendo fraco e um dos calcanhares de Aquiles do time. Nick Bolton é veloz e explosivo, mas não resolverá de imediato os problemas. Willie Gay Jr. vem se desenvolvendo e a esperança é que ambos consigam fazer com que o péssimo Anthony Hitchens pise pouco em campo. Kansas City foi o sexto pior time em eficiência defendendo o passe no meio do campo em até 10 jardas e isso segue sendo ponto de preocupação.

No fundo do campo, a secundária também precisa dar um passo a frente, em especial para poder jogar com a agressividade que o coordenador Steve Spagnuolo exige. Os Chiefs foram a oitava equipe que mais usou cobertura individual e quarta em pacotes de dime. O corpo de safeties é forte o suficiente para não preocupar: Daniel Sorensen é sólido alinhando quase como linebacker, enquanto Juan Thornhill e Tyrann Mathieu tem liberdade para transitar pelo campo.

Essa mesma segurança não se tem no grupo de cornerbacks. Se L’Jarius Sneed se mostrou um bom valor no seu ano de calouro e Rashad Fenton transita bem como outside e nickel corner, Charvarius Ward segue sendo inconstante e o recém-chegado Mike Hughes tenta recuperar uma carreira que até agora não vingou. Tamanha volatilidade é problemática num esquema agressivo e que usa tantas blitz em terceiras descidas[foot]42%, sexta maior marca segundo o PFF[/foot] como o de Spagnuolo.

Como foi em 2020: 14-2, primeiro lugar na AFC West, derrotado pelo Tampa Bay Buccaneers no Super Bowl.

Aspecto tático: Uma maior variação no jogo corrido é esperada. Se em 2020, mais de 70% das corridas foram em zona, para 2021 os bloqueios angulares devem equilibrar isso. Como deixar o fundo do campo exposto contra Mahomes é um problema imenso, o ataque terrestre deve ter espaço e assim se tornar mais frequente.

Jogo mais importante: semana 5, vs Bills. Enfrentar o maior rival dentro da conferência é sempre vital para mostrar a força do time. Josh Allen e cia. tem como grande desafio bater os Chiefs e provar quem é o rei dentro da AFC traz uma força extra para o restante do ano, sabendo que o trono tem dono.

Pergunta a ser respondida: A linha ofensiva tem profundidade suficiente? Grande parte dos problemas de 2020 vieram das lesões da linha ofensiva, que não tinha reposição a altura. Joe Thuney e Laurent Duvernay-Tardif estão entre os reservas, então a perspectiva é de melhora.

O que esperar em 2021: Quando seu quarterback se chama Patrick Mahomes, pensar em Super Bowl é obrigação. Mesmo com alguns buracos no elenco, existe força para ir pela terceira vez consecutivo ao maior jogo do ano.

Para saber mais: 
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