A roda nunca parar de girar e faz isso numa velocidade assustadora na NFL. Tal como dizem no mundo das lutas, o difícil não é chegar ao topo e sim se manter lá. Isso pode ser comprovado pelo prêmio de MVP: ninguém conseguiu vencer duas vezes seguidas na última década. Lamar Jackson, o penúltimo deles, sabe bem como nada fica parado na liga: após vencer o prêmio de jogador mais valioso da temporada de 2019, viu suas performances caírem vertiginosamente em 2020.
Muitos dos problemas foram atribuídos aos fatores que os cercam. Um dos mais falados foi a ausência de uma variação tática, com o coordenador Greg Roman rodando o mesmo ataque do ano anterior, o que é fatal na NFL. Com acesso a todos os vídeos da unidade, os coordenadores defensivos mapearam as fortalezas do sistema e neutralizaram grande parte delas. Outro ponto foi a falta de suporte: a linha ofensiva caiu de rendimento após a aposentadoria de Marshall Yanda e o corpo de wide receivers não deu a resposta esperada.
Não dá para isentar Lamar
Porém, é facilitar demais para o quarterback culpar a tudo e todos, deixando Lamar como vítima da situação. Sua parcela de culpa é grande e não pode ser negligenciada: Jackson tem inúmeros problemas na sua mecânica e que afetam diretamente sua precisão. Quando seu grupo de recebedores já não é dos mais produtivos, o signal caller tem que ser preciso e evitar que os defensores tenham oportunidade de disputar a bola, coisa que Lamar não conseguiu. Foram diversos passes colocados em pontos errados, resultando em passes desviados ou interceptados.
Sob pressão, a tomada de decisão também precisa de evolução com grande urgência. Quando pressionado, Jackson teve 5 touchdowns e 4 interceptações em 2020, com menos de 50% de passes completos. Para efeito de comparação, com o pocket limpo foram 21 touchdowns e 7 interceptações, com 70% de passes completos. Por vezes, faltou paciência e presença no pocket, com Lamar se aproveitando de sua habilidade atlética para ganhar jardas com as pernas, se evadindo e deste jeito, deixando oportunidades aéreas são deixadas em campo.
É hora de assumir as rédeas
Para 2021, reforços chegaram nos setores carentes, tanto via free agency quanto pelo Draft. Entretanto, é errôneo pensar que a chegada de novos nomes vai mudar radicalmente o esquema ofensivo dos Ravens. A equipe deve seguir sendo calcada num forte jogo terrestre, com uso do play-action e da capacidade de Lamar produzindo também como corredor. A questão é que a chegada dos reforços traz ao time a possibilidade de corrigir erros estruturais que vinham deixando o ataque previsível, aumentando dessa forma sua eficiência.
Nada disso terá efeito se Lamar Jackson não assumir as rédeas em campo e tornar sua presença um diferencial no jogo aéreo. Indo para sua terceira temporada como titular, ele já teve tempo suficiente para de adaptar as nuances do jogo na liga e evoluir como passador, em especial na parte mental do jogo. A discrepância dos números de quando ele joga sem pressão e quando pressionado é grande e deve gerar preocupação na comissão técnica.
É chegado o momento de espantar qualquer sombra do “fenômeno RGIII”[foot] Robert Griffin III foi a segunda escolha geral do Draft 2011 e ganhou prêmio de calouro do ano por Washington, com um estilo de jogo muito parecido com de Lamar. Depois disso, nunca mais produziu.[/foot] e provar que é mais que suas pernas. Mais do que ter uma ou outra grande temporada, é necessário encontrar a consistência, em especial quando algo ao seu redor não estiver funcionando tão bem quanto o esperado.
O que faz um quarterback grande na NFL é sua capacidade de melhorar os que estão ao seu redor e não ser apenas melhorado pelo seu entorno. Talento para dar o próximo passo Lamar tem, mas é hora de acelerar esse processo, pois a NFL não é das mais pacientes.
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