
Existem três coisas absolutas no mundo: a vida, a morte e algum texto meu aqui no ProFootball falando mal do Las Vegas Raiders. Em minha defesa, não foi sem motivo: só nos dois últimos anos, os Raiders passaram por duas hecatombes nas formas de Josh McDaniels e Antonio Pierce. Até as partes positivas, como Maxx Crosby e Brock Bowers, ficaram escondidas diante de tanto amadorismo.
Pois bem: chegamos em 2025 e os Raiders mudam tudo de novo. Desta vez, com ninguém menos do que doido do abacate Tom Brady participando das decisões. O resultado foi, em especial, a chegada de Pete Carroll. Um movimento contrário à moda recente de treinadores mais jovens na NFL, mas com um objetivo óbvio: dar rumo a uma franquia que não tem rumo há décadas.
Pete, Geno & Chip: Protocolo Showbol
Poderia ser o título de algum filme da Sessão da Tarde, é verdade. A reunião de Geno Smith com Pete Carroll é um assunto mais chamativo: foi sob a batuta do nosso vovô garoto que Geno ressuscitou a carreira, ainda lá em Seattle. No entanto, tem um personagem que anda mais abaixo do radar do que deveria – e cuja importância é crucial para o ataque.
Se você acompanha a NFL desde a década passada, certamente já ouviu a palavra de Chip Kelly. Após estourar em Oregon com seu sistema galgado em no-huddles e recebedores espelhados por todo o campo, Kelly virou head coach dos Eagles em 2013. Naquele ano, Philadelphia teve um dos ataques mais velozes e malucos da liga, onde era comum ter 50 snaps logo na primeira metade da partida. Era uma velocidade insana, principalmente em uma época cujo o jogo aéreo não era a opção n°1 para first downs, por exemplo – algo corriqueiro hoje em dia.
Porém, a carruagem virou abóbora a partir do ano seguinte, com o time ruindo e Kelly demitido. A coisa foi tão feia que os torcedores dos Eagles sentem calafrios até hoje ao ouvirem seu nome. Após outra passagem controversa nos 49ers, Kelly fez as malas e voltou para o college em 2018, onde virou head coach de UCLA. Lá, ele manteve os seus no-huddles e jogo terrestre carregado. Mas também ele integrou ao seu esquema play-actions e formações com dois tight ends: o famoso personnel 12. Essas características seguiram com ele ano passado, onde foi coordenador ofensivo de Ohio State e campeão nacional.
Toda essa lenga-lenga tem um objetivo: dizer que o Chip Kelly de hoje não é o mesmo de 2013. Seu ataque é muito mais versátil e complexo do que aquele hiper-veloz da década passada. E isso pode ser um fator bem importante para os Raiders nesta temporada.
Com quantos paus se faz uma canoa?
Aposto um Guaravita que essa pergunta deve morar na cabeça de Chip Kelly desde que ele aceitou o convite de Pete Carroll. Afinal, Las Vegas não tem um elenco tão potente assim, especialmente no lado ofensivo. Entretanto, existem pontos positivos nesse ataque e que casam perfeitamente com o estilo de seu novo coordenador.
Geno Smith não tem o braço mais forte ou consegue se livrar de defesas com as pernas, mas ele faz bem o arroz com feijão. Comparado ao que se tinha em 2024, é um upgrade e tanto. Dentro do sistema de Chip Kelly, o quarterback deve trabalhar mais no play-action, além de utilizar melhor seus tight ends.
Por falar neles, o diferencial mora aqui. O grupo de wide receivers é pedestre para além de Jakobi Meyers: que não passa de um bom jogador e olhe lá. Para piorar, a linha ofensiva dos Raiders cedeu ano passado 50 sacks: a 7° pior marca da liga. Mesmo com a chegada de Alex Cappa, a vida de Geno Smith não promete ser fácil. Isso torna Brock Bowers e Michael Mayer ainda mais importantes para o ataque. Como dito antes, Chip Kelly gosta de utilizar personnels 12, onde seus TEs ora se tornam bloqueadores – e abrem espaços para o running back, por exemplo -, ora se tornam opções para passes curtos e/ou média distância. E claro, como não esquecer de Ashton Jeanty: o calouro é a grande promessa para melhorar o jogo terrestre.
Os Raiders podem não ter o ataque mais vistoso em 2025. Mas que eles tentarão ser divertidos, ah, isso eles vão.
Futebol é igual macarrão. Ou chiclete.
A AFC West sempre nos garante entretenimento, mas 2025 promete nos entregar altas doses apenas com seus comandantes. Primeiro que é a única divisão com os quatro treinadores veteranos – ou como eu gosto de dizer, agentes culturais do caos. Segundo que tem gente ali que se odeia – olá, Jim Harbaugh e Pete Carroll! E por fim: seria muito triste ver um medalhão como nosso titio Pete sem uma última chance na NFL.
No meu texto acerca da sua contratação, comentei mais sobre como ficaria a situação de Carroll mais ao longo prazo do que no presente. Só que o problema é muito mais embaixo: não existia perspectiva de futuro em Las Vegas porque o passado já era ruim o suficiente e o presente, pior ainda. Os Raiders foram ao Super Bowl em 2002 e desde então, eles possuem duas temporadas positivas. É isso mesmo que você leu: duas temporadas positivas em 23 anos. Nessas duas ocasiões, o time foi aos playoffs e caiu no Wild Card. Dizer que esta franquia é disfuncional chega a ser eufemismo.
É claro que os questionamentos são sempre válidos. Afinal de contas, os anos finais de Carroll nos Seahawks foram decepcionantes. A sensação era de que suas defesas single-high e seu estilo de jogo tinham sido superados – e que ele não “entendia” isso. No entanto, Seattle é uma franquia com uma cultura estabelecida – pelo próprio Pete Carroll -, diferente dos Raiders. Ter alguém desse cacife como head coach pode dar algo que não existe há décadas na franquia: dignidade.
Cultura importa e muito na NFL. Tanto que os Raiders querem buscá-la de novo neste ano.
Leia também:
Times mais prováveis a saírem de último da divisão em 2024 para primeiro em 202509
5 calouros de 2024 com mais a provar em 2025
Drake Maye em 2025: O que esperar do quarterback dos Patriots?
6 jogadores que podem renovar contrato até o início da temporada 2025
Quer ter todo conteúdo do ProFootball rapidinho em seu celular ou computador sem perder tempo? Acesse nosso grupo no WhatsApp e receba tudo assim que for para o ar. Só clicar aqui!







