Mais uma aula de Saban na final do college

Treinador conquistou seu sétimo título na carreira - o sexto por Alabama - e se tornou o maior vencedor da história, provando suas convicções.

A década termina exatamente como começou no College Football: com um título de Alabama comandada por Nick Saban. Se em 2011 a segunda conquista pelos Crimson Tide apontava o início de uma história de raro sucesso, a deste ano é de consagração e até certo ponto uma redenção: após vencer em 2017, Alabama perdeu a final em 2018 e no ano passado ficou de fora dos playoffs. Nada absurdo para os padrões normais, porém, quase inaceitável para os padrões Saban.

Com a vitória sobre Ohio State por 52 a 24, a comprovação de um ponto: cultura se sobressai em relação a qualquer sistema ou talento a longo prazo. Você pode conseguir juntar bons jogadores e montar o esquema ideal para aquele grupo, tendo bons resultados em uma temporada, mas para chegar a 6 títulos nacionais em 14 anos, somente com uma cultura vencedora, onde todos saibam o seu papel e que serão cobrados pelos resultados, independente de nome ou hype. O coletivo sempre pesa mais. Não por acaso, Saban foi assistente de ninguém menos que Bill Belichick.

O controle é total

Quando o treinador tem controle total sobre o que tem em mãos e sabe que poderá fazer os ajustes sem se preocupar com egos ou opiniões adversas, tudo flui mais fácil. Peguemos o exemplo de DeVonta Smith, vencedor do Heisman deste ano: dono de performance absurda na final, com 215 jardas e 3 touchdowns, mesmo tendo ficado a maior parte do segundo tempo de fora por uma lesão, o recebedor foi o ponto focal do jogo aéreo durante o ano: 132 passes em sua direção, com 105 recebidos e 1641 jardas. Parece muito claro que o ataque foi montado desde o início para gravitar ao seu redor certo? Errado.

Smith só se tornou peça central por conta da lesão de Jaylen Waddle, na quinta semana da temporada. O recebedor acabou quebrando o tornozelo ao tentar retornar o kickoff inicial da partida contra Tennessee e perdeu o restante do ano. Nos quatro primeiros jogos, quando atuaram juntos, Smith teve mais recepções, porém, em jardas a vantagem era de Waddle com 557 a 507 e ambos tinham 4 touchdowns. Ao perder uma peça importante, Saban entendeu que John Metchie, o terceiro recebedor, não estava pronto a ocupar a função de Waddle, preferindo ajustar o sistema e tornar Smith o protagonista. O camisa 6 explodiu e o resultado foi excelente.

O barulho não incomoda

Outro momento crucial para essa campanha vitoriosa aconteceu ainda na pré-temporada. Como Tua Tagovailoa foi para o Draft, a vaga de quarterback titular estava em aberto na equipe. Mac Jones já substituíra Tua após sua lesão no quadril durante 2019 e feito um sólido trabalho: nada espetacular, mas de bom nível. O grande X da questão é que neste ano Alabama recrutou Bryce Young, considerado um prospecto cinco estrelas – no College, os recrutados são classificados de uma a cinco saindo do ensino médio – e o segundo melhor da nação na classe 2020.

Claro que se instalou um certo barulho na imprensa local, afinal, Jones tinha sido apenas um prospecto de três estrelas, de quem não se esperava muito. A expectativa é que ele fosse um bom reserva e não o titular em um programa grande como Alabama, contudo, Saban pouco se importou com o barulho externo: confirmou Jones como titular, dizendo que ele estava pronto e que era a melhor chance de vencer. Não estava errado: seu escolhido foi primoroso cuidando da bola e rodando seu sistema. Foram 4500 jardas passadas, 41 touchdowns e apenas 4 interceptações. Semana após semana, Jones se provou merecedor da vaga e na final foi um dos destaques, liderando o time com 464 jardas e 5 touchdowns.

Mais uma vez as convicções de Saban se provaram certas e sua forma de enxergar o futebol americano trouxe mais um título. Agora são sete na carreira (o outro veio com LSU), o que o torna o maior vencedor da história do College Football. Sem medo de errar ou ser contestado, dá para dizer com todas as letras: Nick Saban, maior treinador da história do futebol americano universitário.

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