Até no lixão, nasce flor? Mano Brown diria que sim. O torcedor do Houston Texans espera que essa narrativa também seja verdadeira para o futebol americano. Em meio à bagunça que a equipe viveu dentro e fora de campo em 2021, a bomba estourou nas mãos de Davis Mills. Selecionado na terceira rodada do Draft do ano passado, o quarterback teve de assumir a bucha da titularidade logo na segunda semana da temporada em virtude da lesão de Tyrod Taylor.
Esqueça as estatísticas bruscas finais, é necessário olhar o contexto. Mills surpreendeu positivamente e fez uma temporada de calouro melhor que alguns dos nomes selecionados na primeira rodada de 2021. Atirado aos leões no time mais caótico da liga, ele teve algumas partidas excelentes e conseguiu produzir mesmo com o elenco baleado, o que lhe rendeu uma nova chance como o comandante do ataque em 2022.
Agora, porém, reside o grande desafio de sua carreira. Mesmo não sendo mais a terra abrasa da temporada passada, Houston ainda é um time em reformulação e as expectativas para o quarterback permanecem altas; afinal, a classe do Draft do próximo ano é promissora e, se ele não demonstrar que tem um futuro interessante, é mais fácil transformá-lo em uma ponte para o próximo titular do que em uma aposta insonsa. Em 2022, ele pode provar ser mais que isso?
A maré a favor
Mesmo com foco na reestruturação do time na totalidade, os Texans já conseguem montar algumas bases interessantes em 2022, principalmente no ataque. A linha ofensiva é mais confiável com a chegada de Kenyon Green para fortalecer o miolo, o jogo aéreo tem alvos interessantes – Brandin Cooks passou das 1000 jardas recebidas em 2021, mesmo com todos os problemas – e Pep Hamilton é ótimo comandante para a unidade.
Não é a maré perfeita, mas os ventos a favorecem. Diferentemente do último ano, Mills tem um contexto melhor para poder demonstrar que irá evoluir cada vez mais. Os holofotes virados para ele não serão um problema, já que ele demonstrou muita resiliência mental na última temporada, uma de suas grandes virtudes. Depois de uma partida tenebrosa contra o Buffalo Bills, por exemplo, realizou seu melhor jogo no ano, contra o New England Patriots – e sabemos como Bill Belichick costuma dinamitar passadores novatos.
A questão é que, com um contexto mais redondo, começará a se exigir mais dentro de campo. Não basta apenas mover as correntes, mas, sim, começar a ser um fator diferencial no ataque. Bons passes em todos os setores, saber lidar com a pressão, virar partidas; Mills cumpriu alguns requisitos como calouro, mas neste ano se espera mais, já que a franquia não pode esperar ou viver com dúvidas. Se isso ocorrer, é melhor garantir um novo nome no Draft 2023 e pensar em um novo futuro.
Depois de ser positivo surpreendido pelo ano de estreia de Mills, acredito que ele dará um bom salto em 2022. Hamilton continuará o moldando, o elenco de apoio é melhor e não há tanta pressão para que o time brigue por uma vaga de pós-temporada. No entanto, é improvável que seja um salto grande o suficiente para afirmar que ele pode se tornar o franchise quarterback da franquia. No final do ano, a dúvida permanecerá na cabeça da franquia.
Mills será mais que um quarterback ponte, porém, pertencer ao grupo “acima da média” da posição não é o suficiente para garantir sucesso duradouro. Houston, provavelmente, optará por um novo nome ao final da temporada.
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