Moore, Saints: Vai dar certo?

Treinador assume uma franquia problemática logo após ser campeão do Super Bowl. O trabalho será árduo - ele está apto à função?

Uma semana de extremos. No domingo, Kellen Moore foi campeão com o Philadelphia Eagles; na quinta, estava dando entrevista coletiva como novo treinador do New Orleans Saints em um dos cargos de comando mais difíceis da liga. Não é hipérbole: a franquia da Louisiana está em uma situação muito complexa nesta temporada. A limitação no teto salarial é gigante, o elenco está envelhecido e a situação com o quarterback titular não é nada favorável.

Moore deixa um emprego de pleno conforto, no qual poderia disputar o título mais uma vez, para assumir a chefia em uma situação crítica. É uma decisão complexa que afetará o restante de sua carreira e que pode catapultá-lo – para cima ou para baixo. Quais serão seus primeiros passos?

Crescimento meteórico

O novo comandante dos Saints tem uma trajetória de ascensão meteórica após seu fim de carreira como atleta. Moore foi um quarterback muito qualificado em seu período universitário, sendo titular por quatro anos em Boise State e dono de números impressionantes, quase sendo eleito ao troféu Heisman. Ainda assim, não demonstrou aptidão suficiente para seguir carreira no nível profissional e nunca foi mais do que reserva de luxo na NFL.

Após sua aposentadoria, contudo, seus contatos como reserva no Dallas Cowboys lhe renderam frutos e Moore foi promovido ao cargo de coordenador ofensivo em sua segunda temporada na comissão técnica, em 2019. Por quatro anos ele foi o dono da função na equipe, levando seu time a ter uma das melhores unidades ofensivas da NFL. O insucesso nos playoffs, contudo, o demoveu da equipe e seu 2023 com o Los Angeles Chargers tampouco foi positivo, o que levantou questionamentos sobre sua capacidade de ir além. 

Bastou pouco tempo no comando de Philadelphia, entretanto, para que confirmássemos seu talento chamando jogadas. Kellen soube adaptar seu ataque ao longo da temporada, apesar das claras limitações existentes no jogo aéreo. Não à toa, o crescimento da equipe nos momentos mais importantes do ano foi visível, com o ápice sendo o touchdown longo de Jalen Hurts para Devonta Smith, no Super Bowl.

A rápida ascensão de Moore continua e agora ele recebe sua primeira oportunidade como treinador principal na NFL. Um cargo completamente diferente de tudo que já viveu e envolverá um reencontro (fundamental) com um velho conhecido.

Velhos conhecidos, caminhos distintos

Há 14 anos, Moore conquistava uma das grandes vitórias de seu período universitário. Em um sonoro 57-7 para cima de Freno State, ele anotou três touchdowns e lançou para mais de 250 jardas. O quarterback que ele enfrentava? Derek Carr. 

As coincidências do esporte são maravilhosas. Hoje, Carr é comandado de Moore e sem confirmação de que possuirá vaga cativa no time. Em sua entrevista inicial como treinador de New Orleans, quando perguntado sobre a titularidade de Derek, respondeu de forma evasiva. Apesar de ainda ter dois anos de contrato restantes, o passador ainda não fez jus ao dinheiro acordado e é peça fundamental para o sucesso de Kellen em 2025.

Como muitos dos treinadores ofensivos da NFL, além de ser o comandante geral, Moore será o responsável por chamar as jogadas de ataque; portanto, ele precisa ter plena confiança que Carr será capaz de executar seu sistema de jogo. Sua precisão chamando o ataque terrestre costuma elevar a performance de seus running backs e guiar o ataque pelo chão, todavia, isso de nada adiantará sem a capacidade de Derek em esticar o campo.

As lesões do passador no último ano, somadas às performances ofensivas pífias da equipe levantam questionamentos intrigantes. Carr teve desempenho abaixo de seu nível médio e aparenta estar em declínio na carreira. Ademais, a falta de espaço no teto salarial para reformular o ataque aos desígnios de Moore colocam em xeque a capacidade do treinador em revitalizar rapidamente esse grupo.

Limitações iniciais podem custar caro 

Com Carr sendo uma grande incógnita e o ataque de New Orleans limitado, a única solução seria tentar contratações pontuais para fortalecer o grupo. Como dissemos aqui no site há algumas semanas, no entanto, os Saints não tem dinheiro e não são uma franquia atrativa para eventuais agentes livres. Moore terá de suar para extrair o melhor de seu grupo, sem necessariamente contar com novas contratações.

Tenho convicção que seu sistema auxiliará Alvin Kamara a ter boas performances, podendo anotar grandes jogos neste ano. Para além disso, contudo tenho muitas desconfianças. Chris Olave vem de muitas lesões graves, tal qual Rashid Shaheed. A nona escolha geral do próximo Draft, evidentemente, rende uma seleção muito valiosa à equipe, no entanto, são muitos problemas a serem resolvidos. 

Kellen tem muito a consertar, poucos recursos a gastar e, inegavelmente, ainda é inexperiente na função. Não duvido de seu talento dentro de campo, mas agora ele dará o verdadeiro passo de sua carreira: a capacidade de ser inteligente para além da parte tática. Serão muitos sofrimentos iniciais e a forma que ele lidar com eles determinará seu futuro como treinador na NFL.

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