Em avanço ao NFL Honors, a ser realizado no dia 1 de fevereiro, os redatores do Pro Football votaram para eleger alguns prêmios da temporada 2019. Os resultados serão divulgados em textos ao longo da semana.
Como no evento oficial, a votação abrangeu apenas o desempenho da temporada regular, não levando em consideração a pós-temporada.
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A escolha de Lamar Jackson, quarterback do Baltimore Ravens, como o MVP de 2019 foi um consenso entre nós do site, assim como provavelmente será um consenso – ou algo muito próximo disso – entre aqueles que decidirão os vencedores do chamado “NFL Honors”. Lamar ficou na frente de tantos outros jogadores que foram mais longe nos playoffs apesar da surpreendente eliminação precoce de Baltimore diante do Tennessee Titans no mata-mata, afinal, levamos em consideração apenas a temporada regular.
Não o melhor, mas definitivamente o mais valioso e impactante
A fronteira entre “melhor jogador” e “jogador mais valioso” quase sempre é difícil de ser definida, embora muita gente, para facilitar, acabe considerando as duas coisas iguais. Em 2019, contudo, foi fácil entender a diferença entre os dois conceitos: Lamar Jackson não é o melhor quarterback da atualidade – Patrick Mahomes e Russell Wilson estão aí para nos lembrar disso -, mas com certeza foi o atleta mais decisivo e impactante para o sucesso conseguido pelo seu time.
Em outras palavras, se não fosse por Lamar e por todo o pacote de qualidades que ele traz consigo, os Ravens simplesmente teriam que ser outro time. Toda a filosofia ofensiva da equipe, a qual a levou a triturar seus adversários e ter o ataque mais prolífico da liga durante a temporada regular, foi construída ao redor do atleticismo bastante acima da média do jovem signal caller. O coordenador Greg Roman foi absolutamente brilhante potencializando o maior diferencial de Jackson e o transformando em algo quase impossível de parar.
A maior temporada da história por um quarterback dual-threat
Há algumas semanas, Warren Sharp compilou no Twitter todos os recordes quebrados ou igualados por Lamar ao longo de 2019 e a lista é ridiculamente longa. Trata-se claramente da maior temporada da história por um quarterback dual-threat – ou seja, um quarterback que ameaça tanto correndo quanto passando a bola -, além de ser um dos começos de carreira profissional mais fulminantes de todos os tempos.
Desde os tempos de College Football, Jackson sempre foi muito comparado a Michael Vick, provavelmente o dual-threat mais famoso da NFL, então é assustador pensar que ele já superou o seu “mestre” com apenas dois anos de liga – um e meio como titular. Obviamente não superou em números, pois Vick tem muito mais tempo de liga, mas o superou em potencial e talvez até mesmo em legado.
A grande preocupação em relação a Lamar era a sua capacidade de se tornar um passador consistente. Em 2018, após colocar Joe Flacco no banco e assumir a titularidade na reta final do seu ano de calouro, ele já havia dado mostras do seu físico privilegiado e do seu talento como corredor, porém sofreu muito no aspecto aéreo do jogo. Sua mecânica era péssima, o que influenciava negativamente sobretudo a precisão de seus lançamentos.
O que vimos em 2019 foi uma grande evolução nesse sentido. Lamar não é o melhor passador da NFL – e provavelmente nunca será -, mas hoje é signal caller tecnicamente muito mais polido. Os vídeos mostram isso, assim como as estatísticas. Por exemplo, não é à toa que ele liderou a liga em touchdowns passados (36) e completou 66% dos seus passes.
Engana-se quem pensa que o segundanista só fazia o arroz com feijão pelo ar porque o time tinha uma óbvia orientação terrestre, pois Roman exige bastante dos seus quarterbacks, principalmente lançando em profundidade. Ele adora usar o jogo corrido como armadilha para armar um passe de 30 ou 40 jardas e nocautear de vez o adversário. Jackson, claro, teve os seus eventuais erros de pontaria, mas no geral não foi um empecilho para a estratégia, mesmo tendo um grupo de recebedores bastante limitado à disposição.
A revolução operada nos Ravens passa por Lamar
Pode usar a palavra que você quiser para definir o Lamar Jackson de 2019: mais empolgante, mais espetacular, mais divertido etc. Seja qual for, a verdade é uma só: ele foi a grande estrela da temporada regular e merece o prêmio de MVP. A escolha como All-Pro do 1º time, aliás, é praticamente uma antecipação do seu prêmio de jogador mais valioso.
Como dissemos antes, ele foi a principal razão para os Ravens terem sido um time incrível. Uma franquia historicamente marcada por defesas fortes e ataques burocráticos subitamente se transformou em uma máquina de pontos por causa do seu jovem signal caller. Existem muitas formas de ganhar na NFL – talvez Baltimore tivesse encontrado outra -, mas o jeito como jogaram e encantaram só foi possível porque Lamar trouxe algo diferente e muito especial ao ataque.
Leia os outros textos já publicados da série:
DROY: Nick Bosa
DPOY: Stephon Gilmore






