Ao início da semana, a troca entre San Francisco 49ers e Denver Broncos ficou suspensa por um motivo que nesta altura do campeonato, todos já estão a par: Colin Kaepernick não aceitou redução salarial de quase 5 milhões de dólares para “encaixar” no teto salarial de Denver. Dá para culpa-lo? Como falei neste post, fica difícil, dado que um jogador da NFL – ainda mais como ele, que vem de três cirurgias em 2015- está a uma pancada de ser cortado e ter que trabalhar em outra coisa na vida.
Na contramão dessa negativa, Jameis Winston parece querer seguir o exemplo de Tom Brady e Peyton Manning – ambos “aceitaram” reduções salariais para que seus times tivessem mais espaço no teto salarial. Claro, no caso de Winston, isso não seria possível: ele ainda está em seu contrato de calouro, que não pode ser renegociado no espaço de três anos contados a partir da escolha.
“Nós (Florida State) temos com certeza o melhor jogador do mundo em Jalen Ramsey”, disse Winston recentemente ao Pewter Report. “Jalen é o melhor cornerback, safety… Eu aceitaria uma redução salarial para jogar com ele de novo”. Ramsey aos poucos vem sendo cotado como o melhor prospecto no Draft de 2016 – sobretudo pelas dúvidas de adaptação de linhas ofensivos do College para a NFL e o fato de Joey Bosa estar caindo após desempenho no Combine. Mas, acima de tudo, por mérito próprio.
Ramsey e Winston foram companheiros de time em 2014, último ano do quarterback em Florida State – a equipe foi campeã da ACC e perdeu para Oregon na primeira edição de uma semifinal do College Football Playoff. No ano em questão, Jalen teve 12 passes desviados, 9,5 tackles para perda de jarda e três sacks. No ano passado, suas estatísticas foram inferiores – obviamente porque os quarterbacks começaram a fugir dele de modo análogo ao que ocorre com Darrelle Revis na NFL. 9 passes desviados e um sack.
O grande ponto, obviamente, é que as estatísticas tem que ser contextualizadas – sobretudo no College, com calendário desbalanceado entre as universidades. Ramsey é um prospecto completo em termos de defensive back e pode muito bem sair nas cinco primeiras escolhas do Draft – o que faria com que ele jogasse eventualmente contra Winston e não do seu lado, uma vez que Tampa Bay tem a nona escolha geral. É praticamente impossível – a menos que, sei lá, ele seja preso por porte de droga – que Ramsey chegue até os Buccaneers. “Ele é talentoso em tantas formas diferentes. Ele pode ser um cara que cobre todo mundo como Richard Sherman ou um híbrido de cornerback e safety como Charles Woodson”.
A postura de Winston, vale ressaltar, é extremamente notável. Jameis teve diversos problemas de comportamento em Florida State – sendo inclusive suspenso em uma partida de 2014. Dentre as peripécias, até mesmo acusações de estupro – na qual o jogador não chegou a ser formalmente denunciado à justiça americana. A campanha de 2015 foi de amadurecimento notório para Winston. Agora, essa postura – mesmo que ele não possa reduzir salário, está fazendo ampla propaganda a um ex-companheiro de time no College – mostra ainda mais profissionalismo e coloca um sorriso no rosto do torcedor de Tampa Bay. Mesmo que o sonho de reunir os dois na Flórida seja um tanto quanto improvável.
