Perder na estreia da temporada não é o fim do mundo, a não ser que você seja o Miami Dolphins. A derrota para o Indianapolis Colts não foi apenas dolorida pelo placar. Foi também pela forma como foi: defesa nula, ataque pior ainda, comissão técnica perdida e uma visível falta de comando dentro e fora de campo. De certa forma, o 33×8 saiu quase barato, diante de tanta bagunça.
A crise agravada no ano passado pode piorar de vez em 2025 e levar muitas cabeças consigo. O jogo contra os Patriots na próxima semana é mais importante do que se imagina. Não apenas para conseguir a vitória, mas também para tentar apaziguar os ânimos dentro da equipe. Se isso vai de fato concretizar, a história vira outra. O problema, no entanto, é se o time tem forças (ou esperança) de reverter a maré antes que o barco afunde.
Tudo que acontece de ruim é para… piorar de vez
Nem Candinho, o mais otimista dos protagonistas de novela, conseguiria ver o Miami Dolphins com bons olhos neste momento. A defesa, que em 2024 terminou top-5 em menor porcentagem de jardas cedidas, estava irreconhecível. Tanto que o ataque dos Colts teve bons números pelo ar e por terra: Daniel Jones passou para 272 jardas e teve três touchdowns, por exemplo. Mais do que isso: soube diversificar seus alvos, desde Jonathan Taylor até Michael Pittman e Tyler Warren. Claro que o mérito é total de Indianapolis, porém a vida foi (bastante) facilitada pela desordem defensiva de Miami.
Porém, o que escancarou a bagunça de verdade foi o ataque. Falar que tudo deu errado no domingo chega a ser eufemismo, porque foi um colapso mesmo. A linha ofensiva é horrível, os running backs jogaram mal, os wide receivers batendo cabeça e as chamadas de Mike McDaniel sem nexo algum. Para completar o bolo da tragédia, Tua Tagovailoa fez uma partida para esquecer – e isso merece um parágrafo por si só.
Tua Tagovailoa didn’t log a single completion under pressure in Dolphins’ 25-point loss to Colts, per @NextGenStatshttps://t.co/VPzSN9knY6 pic.twitter.com/uMXqCxxH8W
— Around The NFL (@AroundTheNFL) September 8, 2025
14 de 23 passes completados, 114 jardas, um touchdown e duas interceptações. Além disso, o dado acima: nenhum passe completo sob pressão. Por mais que a linha ofensiva tenha sua parcela de culpa, é inegável que o quarterback dos Dolphins teve uma partida tenebrosa. Em todo o tempo que ficou em campo, Tua penou quando precisou sair da primeira leitura do campo. Isso quando não terminava em turnovers. A primeira campanha do ataque no jogo teve esse script: um passe mais alto do que deveria na direção de Tyreek Hill que acabou virando uma interceptação de Camryn Bynum.
O buraco foi ficando cada vez mais fundo ao longo da partida, tanto que a pá de cal foi a segunda interceptação. Para o desespero da torcida (e de quem vos escreve), ela foi ainda mais feia do que a primeira. Depois da primeira janela de leitura se fechar, Tua sai do pocket no desespero e força um passe no meio de uma marcação em zona. O resultado não poderia ser outro, com Laiatu Latu intercepta a bola sem nenhum esforço. E por falar em desespero, o próprio Laiatu Latu foi bem ácido ao descrever a jogada. “Você conseguia ver [o desespero] pelos olhos e com ele ficando nervoso”, disse ele após o jogo.
Será que existe salvação? (Spoiler: não)
Como se não bastasse o clima de enterro dentro de campo, as declarações de Tua Tagovailoa e Mike McDaniel após o jogo escancararam o cenário na franquia atualmente: um Titanic que bateu no iceberg e esqueceu de afundar. Como disse o Deivis no 5 Lições, os Dolphins são um time sem identidade, perdido dentro e (principalmente) fora da sideline. Se a situação terminou ruim no ano passado, começar 2025 levando uma sacolada de Daniel Jones e companhia piora a situação em 200%.
A sequência do calendário de Miami é composta pelos três rivais de divisão: Patriots (semana 2), Bills (semana 3) e Jets (semana 4). Apenas o primeiro e o último jogo são em casa, onde os Dolphins costumam jogar melhor. A grande questão é se isso irá prevalecer mesmo com a crise. Embora Patriots e Jets estejam em reconstrução e tenham elencos piores, Miami não é um franco favorito contra eles. Pelo contrário: é totalmente possível imaginar Patriots ou Jets – ou os dois – arrancando vitórias no Hard Rock Stadium. Contra Buffalo, o cenário é ainda pior, já que o confronto é fora de casa e os Bills são uma equipe infinitamente melhor.
Mesmo que o time chegue até a semana 5 com 2-2 de campanha, é muito difícil prever uma melhora no paradigma. O caos está impregnado em todas as instâncias em Miami e não sairá de lá tão cedo. É questão de tempo para a dinamite explodir. Resta saber se ela explodirá com 2-2, 1-3 ou, no pior cenário possível, 0-4 de campanha.
O que dá para cravar logo nesta semana 1 é que ninguém está a salvo nesta mina de explosivos chamada Miami Dolphins. Seja Tua Tagovailoa, Mike McDaniel, o general manager Chris Grier: todo mundo vai pagar o pato. It’s just a matter of time, como diria George Michael.
Para saber mais:
Transmissões da Semana 2 da temporada 2025 da NFL
Hora do Café: 99% perdido para os Bills, mas aquele 1% é o da esperança
NFL Brasil 2025: como foi a coletiva pós-jogo dos Chiefs
Quer ter todo conteúdo do ProFootball rapidinho em seu celular ou computador sem perder tempo? Acesse nosso grupo no WhatsApp e receba tudo assim que for para o ar. Só clicar aqui!








