O último jogo contra os Chiefs não deu os holofotes necessários ao Los Angeles Chargers. Sejamos honestos: a narrativa do rival chamou muito mais a atenção do público. Patrick Mahomes machucado e fora da temporada, time fora dos playoffs desde 2014, etc. A derrota – e eliminação – em pleno Arrowhead era uma manchete forte demais para passar batido.
Porém, é injusto deixar de lado o lado vencedor. A defesa dos Chargers controlou as trincheiras de forma brilhante, além de pressionar Mahomes à torto e direito. O ataque não foi lá aquelas coisas, é verdade. Mas fez o suficiente para posicionar o time de especialistas e ajudar na vitória. Não à toa tem campanha 10-4, apesar da linha ofensiva dizimada e mais trezentas lesões no elenco.
O ataque é feio de se ver? Bastante. Mas quando você tem uma defesa top-10 e um quarterback excelente, fica mais fácil superar os percalços. Não se engane pelas aparências: os Chargers serão um time bem perigoso de se enfrentar na pós-temporada.
Essa defesa merece mais amor
Diante das centenas de lesões no ataque, a defesa dos Chargers acaba sendo um pouco esquecida no churrasco. O que não deveria acontecer, aliás. Ela é a 9° melhor da liga em 2025 e, neste momento, o carro-chefe da equipe.
O sistema de Jesse Minter não tem muitos mistérios, unindo um pass rush agressivo ao extremo com uma secundária caça-níquel de turnovers. A defesa dos Chargers é a líder no rating de pressões e a 3° com mais interceptações, atrás apenas dos Jaguars e dos Bears. As lesões atrapalharam no começo do ano, especialmente a de Khalil Mack. Porém, dois fatores fizeram essa defesa subir de nível: os jogadores ficarem mais saudáveis (óbvio) e a chegada de Odafe Oweh.
Oweh nunca se firmou em Baltimore ou foi top-10 da liga na sua posição, é verdade. Tanto que, nos cinco primeiros jogos da temporada, ele não tinha um sack sequer. Após fazer as malas e se mudar para Los Angeles, a vida dele (dentro de campo) mudou. São sete sacks em nove jogos pelos Chargers: a sua segunda melhor marca na sua carreira.
Além disso, a presença de Oweh permitiu com que esse pass rush ficasse ainda mais agressivo. Depois que Khalil Mack voltou da IR na semana 7, Jesse Minter passou a usar três pass rushers em situações de passe: Mack, o próprio Oweh e Tuli Tuipulotu. No caso, os dois primeiros ficam nas pontas e Tuipulotu no miolo. Com pressão vindo de todos os lados, as linhas ofensivas precisam se desdobrar em mil e geralmente um deles fica com menos marcação. Nisso, consegue chegar mais rápido no quarterback adversário e, de quebra, conseguindo sacks.
Segundo a TruMedia, a defesa dos Chargers produz 55% de pressões quando os três estão juntos em campo. Em comparação, a média da liga é de 36,3% e a dos Vikings, líder nesta estatística, é de 44,5%. Boa sorte a quem for enfrentá-los nas próximas semanas, porque eles darão trabalho.
Justin Herbert, o Peter Perfeito da NFL
Quem assistia Corrida Maluca no Bom dia & Cia – ou, se você for mais velho, na Band ou na Manchete -, sabe bem que o Peter Perfeito vivia se gabando de ter o melhor carro de todos. Mesmo que o Carrão Aerodinâmico quebrasse dia sim e dia também. E antes que você pergunte se eu roubei cogumelos da horta do Aaron Rodgers, eu prometo que essa analogia faz sentido.
O ataque dos Chargers é mais ou menos assim. Tem um piloto muito talentoso em Justin Herbert, mas não pode ver uma lambada sequer que o restante do carro quebra. 2025 é um exemplo, principalmente na linha ofensiva. Joe Alt e Rashawn Slater são disparadas as maiores perdas, porém chegou no ponto dos reservas começarem a se machucarem também. Remendos à parte, seria Polianístico demais acreditar que os Chargers teriam um ataque top-10 sem uma OL decente. Não à toa que Herbert é o quarterback mais sacado da liga, com 49 sacks.
Ainda assim, esse ataque dá um jeito de ser funcional. De novo: não é de encher os olhos. É o 12° ataque em net yards por tentativa, com 5,8, e o 8° com mais interceptações, 12. É também o quinto pior time em TDs terrestres, com cinco apenas. Mas é um ataque com boas peças e tendência a ficar mais saudável. O retorno de Omarion Hampton é uma boa notícia, já que tira menos carga de Kimani Vidal e desenrola o jogo terrestre um pouco mais. Oronde Gadsden III é uma grata surpresa entre os calouros e, nas últimas semanas, vem sendo a válvula de escape de Herbert. E óbvio: com Keenan Allen e Ladd McConkey mais saudáveis, a situação tende a melhorar.
Vai ser feio? Vai. De vez em quando sai uma coisa bonita, como o TD do último domingo. Mas é o que temos para hoje, doa os nossos olhos ou não.
1×0 tá bom, isso não é basquete – versão Jim Harbaugh
A icônica frase de Mano Menezes resume bem o lema de Jim Harbaugh e seus capangas neste momento. São três vitórias consecutivas onde a defesa amassou Eagles e Chiefs, enquanto o ataque fez o dever de casa. Jogando feio ou bonito, o que importa é vencer no final do jogo – e isso os Chargers estão conseguindo com louvor.
Como Denver já praticamente garantiu a divisão, o que restou aos Chargers foi brigar pela vaga de wild card. Para isso, sair com pelo menos duas vitórias nas próximas semanas é vital. Inclusive, a semana 16 trará um confronto direto pelo wild card: Texans e Chargers. Para além do confronto fantástico entre as defesas, quem vencer pode ficar mais próximo da liderança da divisão (no caso dos Texans) ou a seed #5, onde pegaria o vencedor da AFC North.
Pela primeira vez desde 2006, a franquia terá duas temporadas consecutivas com mais de 10 vitórias. Mais do que isso: se vencer os Cowboys na próxima semana, podem ir aos playoffs em anos consecutivos desde… Sim, é aquele ano de 2006 com Rivers, LaDainian Tomlinson e Antonio Gates no ataque. O que todo torcedor dos Chargers espera é que o final dessa história seja diferente daquele ano.
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