No final do mês, as 32 equipes da NFL terão a oportunidade de selecionar jovens nomes para reforçar suas equipes. É nesse momento que as carências de cada franquia serão preenchidas por jogadores vindos da universidade com grande potencial, com a esperança de se tornarem os líderes da equipe dos dois lados da bola.
A NFC West era disparado a pior divisão da liga no final da década passada. Hoje, desponta como uma divisão extremamente interessante e que, embora tenha em Seattle um natural favorito, pode ficar aberta até o final. Foi o que aconteceu ano passado. Após um início ruim de temporada dos Seahawks, o sólido elenco do Arizona Cardinals teve um Carson Palmer afiado – e saudável – de ponta à ponta da temporada. Os Cardinals foram campeões e Seattle engatou a segunda marcha posteriormente, conquistando uma das vagas de repescagem (Wild Card) da Conferência Nacional. Não que os Rams, então em St. Louis, não tivessem causado certo estrago. O time teve dois dos últimos calouros ofensivos ou defensivos do ano em Aaron Donald (defensive tackle) e Todd Gurley (running back). Ademais, venceram as duas partidas contra o Seattle Seahawks e uma contra os Cardinals.
Por fora na divisão temos o San Francisco 49ers. Com três técnicos (contando Chip Kelly) desde 2014, a equipe passou por maus bocados na temporada passada. Não foi só culpa de Jim Tomsula: o elenco implodiu com aposentadorias e perdas na Free Agency – e os últimos Drafts não foram bons. O torcedor tem a esperança de que as coisas voltem a ser como no início da década. Novos sistemas indicam novos quarterbacks? Veremos mais uma vez o axioma sendo colocado a prova.
San Francisco 49ers
Necessidades: quarterback/ a posição que estiver disponível e implique em contribuição imediata (sobretudo secundária/front seven)
É bem difícil imaginar que um novo sistema mantenha seu quarterback “herdado”. Ainda mais quando esse espólio chama-se Blaine Gabbert ou Colin Kaepernick, dois que deixaram muito a desejar na temporada passada. Gabbert nunca fez jus ao valor que lhe foi dado no Draft de 2011 – Kaepernick vem em queda livre de produtividade desde que as defesas aprenderam a “marcar” a zone-read option quando ela é empregada como ataque base de uma franquia.
Manter o espólio da posição mais importante do jogo é algo que quase nunca isso acontece e mais uma vez deve ser o caso em San Francisco – mesmo que no médio prazo. A equipe pode acabar escolhendo algum quarterback no Draft e não colocá-lo direto na fogueira – tendo na primeira temporada ou nas primeiras semanas de 2016 esse escolhido no banco, amadurecendo. Ainda não acha que quarterback é uma necessidade? Então vou te fazer uma pergunta, tente responder rápido: qual time teve mais touchdowns passados em 2015? O Dallas Cowboys sem Tony Romo ou os 49ers com Kaepernick e Gabbert? A resposta é: a mesma quantidade, foram apenas 16 – 3ª pior marca da liga.
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Contudo, pode ser que nem Jared Goff e nem Carson Wentz estejam disponíveis na sétima escolha geral – a de San Francisco. Aí, a equipe pode querer pensar em outro jogador. Na realidade, em qualquer outra posição do time. São tantas necessidades e buracos no elenco que seria melhor se os 49ers escolhessem, supondo que não haja quarterback sólido disponível, pensando no melhor jogador possível ainda ali no board. Imagine se Joey Bosa ainda estiver na sala de espera do Draft? Pode ser plausível. Vernon Hargreaves, cornerback de Florida, idem – e, em sonho, Myles Jack, inside linebacker de UCLA. A realidade é que a classe de 2016 é extremamente talentosa no lado defensivo da bola e os 49ers têm uma escolha alta, que podem muito bem usar na defesa. No final das contas, não ter Goff ou Wentz pode ser uma boa coisa para a franquia – pensando, claro, que a classe tem muitos defensores que podem ajudar os 49ers já no curto prazo. Em tempo, wide receiver também é uma necessidade – mas que não acho que devesse ser endereçada na primeira rodada, visto que é uma classe que faz mais lógica da segunda rodada para frente.
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St. Louis Los Angeles Rams
Necessidades: quarterback, wide receivers
Sinceramente, não entendo em que universo um treinador pode estar tranquilo com o prospecto de ter Case Keenum e Nick Foles como seus quarterbacks para a temporada decisiva em seu contrato. Por isso, acredito que estamos numa enorme cortina de fumaça por parte de Jeff Fisher e do Los Angeles Rams. A equipe pode ainda querer um quarterback – em realidade, deveria querer. Se você acha que San Francisco foi mal passando a bola, que tal 11 touchdowns passados totais na temporada? Isso dá menos de um por partida, é surreal que em 2016, com a NFL cada vez mais voltada para o jogo aéreo, uma equipe pense que pode ganhar um título dessa forma.
O problema é: Los Angeles tema 15ª escolha do Draft. Com ela, como iriam escolher um dos dois melhores signal callers ainda disponíveis – Goff/Wentz? Trocar a vida pela primeira escolha? Não, essa hipoteca não faz o estilo da franquia nos últimos anos. Mas… Existe um cenário onde isso é plausível: caso os Browns e os Cowboys não escolham nenhum deles, na sexta escolha temos o Baltimore Ravens – que não vai de quarterback, por óbvio. Os Rams poderiam trocar com os Ravens sem hipotecar o futuro estádio (figurativamente falando, hehe).
Além de quarterback, é notório para mim que o time é uma bagunça em todas as posições ofensivas que não seja running back. O problema é que essa classe é teoricamente fraca (em termos de primeira rodada) para recebedores – então a partir da segunda rodada o novo-velho time de Los Angeles pode pensar com carinho em reforçar o jogo aéreo também na outra ponta. O jogo aéreo não é feito só do cara que passa a bola – é um triângulo com responsabilidades extensas. Tem o pessoal que protege e que recebe o passe. Os Rams estão carentes no triângulo ofensivo-aéreo como um todo.
Seattle Seahawks
Necessidades: Linha Ofensiva. Jogadores para proteger o quarterback. Aqueles caras grandes que sua vó fala que são esquisitos.
Não tem choro aqui: por mais que a equipe tenha perdido Bruce Irvin no front seven para a Free Agency e Marshawn Lynch para a aposentadoria, o Seattle Seahawks não pode se dar ao luxo de mais uma vez ter uma linha ofensiva bizarra para proteger Russell Wilson. Se o camisa 3 não fosse minimamente móvel, os Seahawks sequer teriam ido à pós-temporada no ano passado.
Não bastasse a bagunça da linha – que por boa parte do campeonato foi a que mais cedeu sacks, terminando como sexta pior (46) – o teoricamente principal responsável pela proteção de Wilson (o left tackle) Russell Okung não estará mais com a equipe no ano que vem. Discutivelmente, Okung era o melhor jogador daquela pedestre unidade. Agora a coisa complica porque o right guard, J. R. Sweezy, também não volta para o elenco.
Em tese, escolhendo um jogador de linha em primeira rodada, seguimos o princípio do “pior que tá não fica”. Por isso, de longe, linha ofensiva é a principal necessidade desse elenco. Em tempo, temos uma classe profunda de tight ends a partir da segunda rodada: Seattle pode endereçar isso no meio do Draft como um seguro para Jimmy Graham – só Deus sabe como ele volta de grave lesão no joelho que o tirou da temporada passada.
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Arizona Cardinals
Necessidades: Front Six como um todo (DL/Edge/LBs)
Com a troca realizada com o New England Patriots, o Arizona Cardinals solucionou em parte o grave problema de seu pass rush – a equipe não mandava blitz toda hora porque achava legal, o fazia muito porque com apenas quatro homens em pressão (pressão ordinária) não conseguia fazer cócegas no quarterback. Além de Chandler Jones – que chegou dos Patriots, como dito – os Cardinals contam com Calais Campbell no lado direito do front six (mais de 60% das formações defensivas da NFL em 2015 foram com 6 homens e não mais 7 no box, então decidi abolir o termo front seven, falarei mais sobre em breve).
Mas o resto do primeiro setor de defesa precisa ser endereçado. Ed Stinson (DT) é fraco, Kevin Minter (ILB) idem. Deone Bucannon precisa de ajuda naquele “miolo”. Mesmo que Markus Golden tenha surpreendido como calouro no ano passado, mais ajuda seria bem vinda no setor, via Draft. Não só para pressionar o quarterback, mas também para tentar conter o jogo terrestre adversário.
Veja, uma coisa existe em comum em toda a divisão, mesmo no frágil 49ers: todas as quatro equipes têm um jogo terrestre sólido. Mesmo em San Francisco, talvez seja o melhor setor do ataque. Em Los Angeles idem. Marshawkn Lynch aposentou, mas Thomas Rawls fez um excelente trabalho ano passado quando o substituiu. Assim, para ter uma chance sólida em repetir o título, a franquia do deserto precisa endereçar essa necessidade de defesa contra a corrida para não precisar lotar o box com safeties e ficar exposta para play actions – quando você joga duas vezes por ano contra Russell Wilson, essa é a última coisa desejável na lista de natal.





