Uma das histórias mais importantes em 2020 foi o New York Jets – “perdendo” a primeira escolha geral do Draft, o que, na prática, representou a ida de Trevor Lawrence para o Jacksonville Jaguars. Com Zach Wilson sendo o líder da franquia e uma comissão técnica completamente remodelada ainda não haverá qualquer pressão para ir aos playoffs em 2021.
DRAFT E FREE AGENCY 2021: Os Jets sabiam que, para não serem uma equipe inepta por mais um ano, precisavam do máximo de talento possível. Assim o fizeram, especialmente no lado ofensivo da bola, onde as adições de Corey Davis e Morgan Moses vão ajudar muito o novo franchise quarterback; na defesa, Sheldon Rankins e Carl Lawson chegam para montar um front interessante junto de Quinnen Williams.
No Draft, Wilson obviamente foi o grande reforço. Com as três escolhas seguintes também no lado ofensivo da bola, boa decisão de Joe Douglas de reforçar o time à volta de seu novo quarterback para que ele possa se desenvolver.
Principal reforço: Zach Wilson, QB. Não há muito o que dizer aqui: Com Lawrence totalmente fora do alcance, os Jets fixaram seu foco nele muito antes da escolha. Ele tem um teto de produção altíssimo, encaixe no sistema dos Jets para 2021 em diante e verdadeiro potencial de superestrela.
Principal perda: Breshad Perriman, WR. Dentre os que deixaram a organização, Perriman é um wide receiver que se destaca em profundidade, porém, sua saída foi atenuada pela chegada de Keelan Cole, então ficamos com elas por elas.
Ataque dos Jets tem potencial interessantíssimo… para 2022 em diante
Se você observar o elenco dos Jets, não existe qualquer ameaça para o posto de titular de Zach Wilson na semana 1. Então vamos focar aqui no restante do ataque e em como as peças existentes ajudarão Wilson a atingir seu potencial.
A começar pela linha ofensiva. Mekhi Becton foi excelente no seu primeiro ano e é um left tackle sólido para o lado cego de Wilson, e a recente contratação de Morgan Moses no mercado melhora muito o lado direito – George Fant é um bom swing tackle para a reserva. O interior da linha é menos impressionante, entretanto, o calouro Alijah Vera-Tucker é o nome a ficar atento aqui. Seu piso de produção desde a época em USC permite que ele possa ser um titular consistente desde a primeira semana e é um encaixe no sistema de bloqueios em zona de LaFleur.
Quando passamos para os recebedores, é um grupo mais forte do que o do ano passado. Corey Davis, um recebedor bastante físico e atlético, foi um bom investimento na free agency, e Denzel Mims é um bom candidato a crescer de produção no segundo ano, especialmente com Davis exigindo maior atenção da defesa. No slot, Jamison Crowder é um dos melhores da NFL nessa função, e sua reestruturação salarial para se manter na equipe foi importante para Wilson. Keelan Cole como quarto recebedor também é um bom nome e teve seus momentos em Jacksonville.
O restante do grupo ofensivo não impressiona muito. Chris Herndon terá uma última chance de provar seu valor depois de uma boa temporada de calouro, mas o tight end não é um nome de assustar as defesas, assim como o restante do grupo. De toda forma, os Jets devem usar pacotes com dois tight ends para colocar mais linebackers em campo e propiciar vantagem no jogo aéreo para seus recebedores em jardas após a recepção – então seu 2021 é importante para o ataque.
A melhora na linha ofensiva também ajudará o grupo de running backs, um dos piores da NFL no último ano – a rotação será feita entre o calouro Michael Carter, o veterano Tevin Coleman e o segundanista La’Mical Perine. Não acredito que nenhum deles será uma super arma saindo do backfield para receber passes, embora Carter tenha boa técnica para tal e Coleman uma alta experiência em sistemas similares – com destaque para seus trabalhos com Kyle Shanahan.
Por fim, o quarterback. Wilson é um prêmio interessante de consolação e um encaixe ainda mais interessante no sistema de Mike LaFleur. Tal como seu irmão faz em Green Bay e seu ex-chefe em San Francisco, espere por play-actions e o calouro em movimento. Claro que vale lembrar que ele nem de perto passou por perrengues ante defesas fortes em BYU e você pode esperar por dores de crescimento. Mas seu braço forte e mobilidade fazem sentido para os Jets e o futuro pode ser interessante.
Saleh terá trabalho para montar uma defesa consistente
Os Jets não se pouparam de investir no mercado em março, mas em termos de talento, ainda é um grupo que não se pode comparar ao material humano que Saleh dispunha no San Francisco 49ers nos últimos dois anos. Em especial na posição de cornerback, com um dos mais jovens e fracos grupos da liga.
Fato é: o grupo de cornerbacks é bastante abaixo da média. Bryce Hall e Blessuan Austin são dois titulares inexperientes e, no slot, o calouro Michael Carter (sim, o mesmo nome do running back, não confundimos) deve assumir. Marcus Maye é o ponto positivo da secundária por seu ótimo trabalho patrulhando o meio do campo desde que chegou ao time e ele terá papel fundamental na cover-3 de Saleh; após receber a franchise tag, mais um bom ano lhe renderá um contrato bem lucrativo.
No grupo de linebackers, ter C. J. Mosley no papel parece excelente para a equipe. Por outro lado, ele disputou somente 2 jogos desde que assinou um contrato gigante em 2019[foot]Sofreu lesão em 2019 e deu opt-out em 2020[/foot]. Em sua melhor forma, Mosley é até que completo como inside linebacker: atlético o suficiente para cobrir de uma sideline a outra, bom no pass rush e ótimo preenchendo gaps defendendo o jogo terrestre. Porém, para a raiz do sistema defensivo de Saleh pede um inside linebacker bastante acima da média na cobertura ao passe e no todo – coisa que o agora head coach tinha em Fred Warner lá na Costa Oeste. Vai ter em Mosley? Provavelmente não, mas saberemos neste ano.
Por fim, a linha defensiva é certamente o ponto forte da unidade. Tanto Quinnen Williams quanto Sheldon Rankins são excelentes penetrando a proteção para pressionar os quarterbacks adversários e, se Rankins se mantiver saudável, ele deverá ter um ótimo ano, já que a atenção que Williams exige das defesas adversárias abre espaços para seus companheiros de linha. Sobre Quinnen, a mudança do front de Nova York (3-4 para 4-3) deve lhe beneficiar bastante aliás: ele vai ficar mais solto e deve mostrar todo seu potencial apressando o quarterback.
Carl Lawson foi uma contratação de peso na free agency e será o principal pass rusher da equipe, enquanto o veterano Vinny Curry chegou à preço de banana ainda com gasolina no tanque. Obviamente, um bom desempenho da linha defensiva ajudará muito o inexperiente grupo de cornerbacks a produzir melhor.
Como foi em 2020: 2-14, último lugar na AFC East.
Aspecto tático: Você precisa voltar bastante no tempo para se lembrar da última vez que o New York Jets tinha uma base defensiva com quatro jogadores na linha, mas esse é o cenário que veremos em 2021. No San Francisco 49ers, Robert Saleh operava no sistema 4-3 com uma forte utilização de marcação em zona na secundária – tudo indica que esses serão os princípios defensivos de New York em 2021. A junção de Quinnen Williams e Sheldon Rankins no miolo da linha defensiva será um pesadelo para a proteção adversária, com C. J. Mosley sendo o responsável (e por vezes o fiel da balança) por patrulhar de uma sideline à outra.
Jogo mais importante: Semana 7, @ Patriots. Considerando o cenário em que os Jets não serão fortes candidatos aos playoffs em 2021 e que o mais importante é o futuro no médio/longo prazo, que jogo pode dar mais experiência a Wilson do que um confronto contra uma defesa de Bill Belichick em pleno Gillette Stadium?
Pergunta a ser respondida: Quais são as peças vitais para os Jets estabelecerem uma fundação vencedora sob o comando de Saleh? Assim como o rival Miami Dolphins fez há dois anos pós-era Adam Gase na Florida, o que New York precisa fazer em 2021 é descobrir o que pode ser importante para a organização no futuro quando alçarem voos mais altos. Desenvolver o máximo de talento possível, especialmente nos jogadores jovens, será o grande foco no primeiro ano de Robert Saleh como treinador principal.
O que esperar em 2021: Num ano de transição para o New York Jets, qualquer expectativa de competição numa forte AFC East é irrealista. O mais importante para a franquia é assegurar que o processo de desenvolvimento de Zach Wilson não pode cometer os mesmos erros que cometeu com Sam Darnold. Os Jets não brigarão por playoffs em 2021 e veremos algumas dores de crescimento em Wilson, que tem potencial para se tornar uma superestrela mas ainda não tem um piso de produção tão alto se comparado à Trevor Lawrence.







