Prejuízo milionário

Se Aaron Rodgers mantiver greve, punições começarão a ficar mais pesadas a partir do Training Camp, podendo culminar na perda integral do salário de 2021, multas e ainda na devolução de bônus caso o quarterback vá até às últimas consequências

Conforme nos aproximamos do Training Camp e da pré-temporada, o impasse entre Aaron Rodgers e Green Bay Packers assume contornos cada vez mais sérios. Por exemplo, o quarterback passou a estar oficialmente de greve ao faltar nos primeiros treinamentos obrigatórios da intertemporada – o minicamp realizado no início de junho -, o que traz consequências muito maiores em comparação a pedir para ser trocado ou conceder uma entrevista em tom de despedida.

A partir de agora, Rodgers está sujeito a perder partes da sua remuneração e receber multas milionárias, além de outras graves implicações contratuais. Neste texto vamos destacar as principais punições e mostrar o que acontecerá se o signal caller cumprir a ameaça de estender a paralisação até a temporada regular.

Prepare a carteira, Aaron Rodgers

Ao mesmo tempo no qual reduziu o número de atividades no Training Camp, o novo acordo coletivo de trabalho assinado em 2020 aumentou as sanções a quem faltar às sessões de treino. Por exemplo, a multa por cada ausência diária subiu de 40 para 50 mil dólares e passou a ser obrigatória – antes era facultado as franquias aplicá-la ou não.

Contudo, a mudança mais importante diz respeito à regra da accrued season. Segundo o acordo de trabalho anterior, um atleta teria mantida a sua accrued season se aparecesse até 30 dias antes da estreia do time na temporada regular – ou seja, meados de agosto. Hoje, caso não se apresente no primeiro dia do Training Camp, a accrued season já é perdida.

Mas que negócio é esse? É a validação da temporada para fins contratuais. Trocando em miúdos, Rodgers está sob contrato com os Packers até 2023, portanto deve cumprir esses três anos para poder virar agente livre. Se ele por acaso perdesse a atual accrued season, seria como se 2021 não entrasse na conta e o seu vínculo fosse “estendido automaticamente” até 2024. Aí só depois disso ele atingiria o mercado.

A questão da accrued season não importa tanto porque Rodgers supostamente não tem mais intenção de jogar em Green Bay, inclusive ameaçando aposentadoria se não for trocado, então tanto faz se são um, dois ou três anos restantes no acordo. Em todo caso, a nova regra fará muita gente pensar duas vezes antes de começar uma greve buscando renovação contratual.

Já a questão do dinheiro, bem, importa bastante. O quarterback abriu mão de 500 mil dólares em workout bonus quando não compareceu aos treinamentos voluntários dos últimos meses. A ausência no minicamp, por sua vez, renderá uma multa de 95 mil dólares. A facada, porém, virá mesmo a partir do Training Camp: são mais de 30 dias de trabalho, o que significa mais de 30 multas de 50 mil, totalizando um valor superior a 1,5 milhão – e ainda nem chegamos no grosso das punições.

Prejuízo pode beirar os 30 milhões de dólares

Fazer greve na pré-temporada é igual a cruzar os braços durante uma partida de temporada regular, pelo menos em termos financeiros: o jogador não recebe a remuneração semanal calculada na forma de parcelas do salário base. Rodgers, no caso, terá um salário base de 14,7 milhões em 2021, gerando uma parcela aproximada de 860 mil dólares por cada confronto no qual ele estiver de fora.

Por fim, há os bônus. Se não jogar a regular season, Rodgers perderá todo o salário base e precisará devolver aos Packers os 11,5 milhões referentes ao bônus de assinatura de 2021. Em suma, entre multas e remuneração não ganha, uma greve pode custar mais de 28 milhões de dólares aos bolsos do signal caller.

Vale mencionar também a existência de uma regra sobre accrued season na temporada regular, a qual obriga os jogadores a estarem regularizados no elenco por pelo menos seis partidas oficiais para terem o ano validado. Foi isso que manteve Le’Veon Bell preso ao Pittsburgh Steelers em 2019, após o running back não entrar em campo em 2018 por não querer atuar com a franchise tag. Rodgers teoricamente estaria sujeito ao mesmo regramento, mas já explicamos sua situação acima – ademais são contextos um pouco diferentes, pois o quarterback está sob contrato, ao passo que Bell não havia assinado a tag e, portanto, não possuía um vínculo formal com Pittsburgh.

Enfim, é isso o que vai acontecer se Green Bay não aceitar negociá-lo e Rodgers decidir ir até o fim com o seu holdout. Serão quase 30 milhões de dólares indo pelo ralo, fora o risco de uma aposentadoria forçada caso o signal caller decida repetir o que Carson Palmer fez quando brigou para sair do Cincinnati Bengals.

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