Garoppolo

10 anos de quando os Patriots draftaram Jimmy Garoppolo: Dinastia, suspensão e queda de braço

O primeiro indício de que o New England Patriots começou a se preparar para o pós-Tom Brady aconteceu há dez anos - e a escolha de Garoppolo foi um sinal claro e evidente

Duas semanas atrás, me veio um pensamento completamente aleatório na cabeça: “Onde está Jimmy Garoppolo agora?” Veja bem, não é necessariamente que eu não soubesse – foi apenas um branco momentâneo na memória e que se resolveu em uma pesquisa de dois segundos no Google. Mas achei normal a falta de memória em questão, especialmente porque ver Garoppolo relegado a uma situação de reserva no Los Angeles Rams é incomum quando pensamos nas dez temporadas de sua carreira.

No dia 09 de maio, completaram-se dez anos desde que os Patriots fizeram de Garoppolo sua escolha de segunda rodada no Draft de 2014 da NFL. Se o quarterback é mais conhecido na liga por seu período como titular no San Francisco 49ers, não podemos esquecer que, durante seu período em New England, as polêmicas nunca estiveram longe, especialmente porque culminaram na sua troca na metade da temporada de 2017.

O mundo pós-Brady começou a ser real

Hoje, em 2024, sabemos que Tom Brady definhou todas as lógicas possíveis sobre um atleta de alto nível e se tornou o recordista de Super Bowls da história da liga. Só que lá em 2014 as coisas não eram assim tão claras.

Todo o contexto é importante aqui. Sabendo que Tom Brady ia entrar na temporada com 37 anos de idade, com “apenas” três títulos e (provavelmente o mais importante) sem conquistar um anel desde a temporada de 2004, alguns questionamentos mais duros começavam a ser feitos. E de forma justa. Não havia qualquer indicativo naquele momento de que o veterano estava pensando em aposentadoria, mas também não havia qualquer indicativo de que era possível se manter em alto nível até os 44-45 anos, como ele nos provou futuramente.

Vindos de uma derrota para o Denver Broncos na final da AFC na temporada de 2023, com a 62ª escolha geral do Draft de 2014, o New England Patriots escolheu o quarterback Jimmy Garoppolo, de Eastern Illinois. É bem verdade que a pecha do “quarterback da FCS” pegou rápido, mas era mais curioso a utilização de uma escolha ‘alta’ num quarterback. Ficou claro qual era o plano ali, e novamente, era justo.

Garoppolo teve sua primeira aparição na temporada regular num massacre do Kansas City Chiefs sobre os Patriots por 41-14, um jogo que ficou bastante famoso aqui no Pro Football (que ainda era o The Concussion) por… motivos, digamos. Só que Garoppolo jogou bem, enquanto Brady teve 14/23, um touchdown e duas interceptações.

Até perguntaram pro Belichick na conferência pós-jogo se, depois do que ele viu em campo, a posição de quarterback ia ser reavaliada durante a semana. Mesmo que você não entenda inglês, a expressão do treinador depois da pergunta te diz tudo.

Brady era o rei em New England e isso não estava em dúvida. Na semana seguinte, os Patriots amassariam o Cincinnati Bengals novamente em horário nobre e tudo se encaminharia bem para o time naquele ano, que inclusive venceria o Super Bowl na lendária interceptação de Malcolm Butler.

Mas a semente foi plantada.

“Ah sim, ele é bom”

Logo antes desse Super Bowl vencido pelos Patriots, o time esteve envolvido em um novo escândalo, o Deflategate, e depois de uma briga judicial bastante chata, Tom Brady decidiu que ia aceitar a suspensão de quatro jogos. Na prática, Jimmy Garoppolo finalmente ia ter ação mais regular em campo e poderia provar seu valor (um detalhe: os Patriots draftaram de novo um quarterback em 2016. Um tal de Jacoby Brissett saiu na terceira rodada).

E ele fez isso! Os Patriots conquistaram uma vitória dificílima sobre o Arizona Cardinals, que vinham de final da NFC, na Semana 1; na semana seguinte, começaram dominando o jogo contra o Miami Dolphins. Até que Garoppolo se machucou e perdeu os dois últimos jogos da suspensão de Brady, e quando o veterano voltou, ele tinha uma única missão: fazer Roger Goodell engolir a suspensão aplicada no pódio do Super Bowl. Pós-28 a 3, Brady conseguiu sua vingança.

E chegamos então ao ano de 2017. Logo antes da temporada, a supermodelo brasileira Gisele Bündchen, que era casada com o quarterback, deixou nas entrelinhas numa entrevista que gostaria que Brady se aposentasse pela natureza do esporte e porque, bem, ele estava perto de entrar nos seus 40 anos e naquele momento possuía cinco títulos de Super Bowl, ultrapassando Joe Montana e assegurando o posto de GOAT. Só que 2017 também era o último ano do contrato de calouro de Garoppolo, e ele não ia aceitar uma renovação para ser reserva de Tom Brady.

Começou aí a queda de braço.

Brady apelou para Kraft – e venceu

Pré-temporada de 2017, os Patriots trocaram Brissett para os Colts. E durante aquela offseason, vários times procuraram Garoppolo, sabendo do último ano de contrato e imaginando que, bem, ele não ia suceder Brady. Só que Belichick recusou todas as aproximações, deixando claro que Garoppolo era o plano de sucessão dele para quando o veterano deixasse o time. Durante esse tempo, Brady deixou claro para Robert Kraft que pretendia jogar até o meio dos seus 40 anos (como o fez).

E então veio O Encontro de outubro de 2017, onde a ordem de Kraft para Belichick foi clara: troque Garoppolo.[foot]Seth Wickersham, ESPN.[/foot] Mesmo infeliz e contrariado com a decisão, Belichick o fez. Brady ficou feliz. E Garoppolo foi para a equipe onde passou a maior parte de sua carreira, disputou um Super Bowl e até foi cotado para voltar em 2023, porém, nunca se transformou nas mais altas expectativas que foram pensadas durante seu período em New England.

E Brady, ameaçado pela possível escolha de seu sucessor em 2014, estava consolidado como o maior quarterback da história da liga em sua aposentadoria, em 2022, com sete anéis de Super Bowl no currículo.

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