Análise tática: Como Jared Goff deu a volta por cima em sua carreira

O imediatismo (inclusive nosso) quase decretou a morte da carreira de Jared Goff antes mesmo de seu segundo ano. O que ele mostrava dentro de campo era péssimo. Antes tido como o mais preparado para assumir a titularidade como calouro, Goff estava perdido no péssimo esquema montado anteriormente.

A chegada de Sean McVay mudou completamente o esquema dos Rams e transformou seu jogador principal. Ele montou uma comissão técnica (assim como fez Doug Pederson na Philadelphia) voltada ao desenvolvimento da primeira escolha geral: Matt LaFleur era o técnico de quarterbacks do Atlanta Falcons no ano passado (e virou coordenador ofensivo). Para equilibrar e trazer um veterano, a equipe foi atrás de Greg Olson para ser o técnico de quarterbacks. Foi uma bela tríade formada para dar uma volta por cima na carreira do produto da Universidade da Califórnia.



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As mudanças na intertemporada

Deu certo. A busca por Andrew Whitworth (melhor left tackle após o tanto de lesões na posição na NFL), Robert Woods, Sammy Watkins e a escolha de Cooper Kupp na terceira rodada do Draft deram alternativas para Goff (e McVay) dentro de campo. O jovem técnico principal montou um esquema que aposta no jogo terrestre, faz o ataque ser imprevisível e possui um espírito de West Coast Offense mais moderno e bem pensado.

O resultado desta mudança de postura e saída de um conservadorismo exacerbado fez com que os Rams decolassem ofensivamente. Agora Todd Gurley não é mais o único capaz de produzir no ataque. É, sim, uma das peças mais importantes – o que faz uma grande diferença. Goff não precisa levar o time nas costas, apenas fazer a sua parte.

Isso, obviamente, se reflete nas estatísticas: são 16 touchdowns e apenas quatro interceptações no ano, com 61,2% de passes completos e a incrível marca de 8,5 jardas por tentativa. Goff está inserido em um esquema que o permite soltar o braço e possibilitar a conquista de jardas após a recepção por parte de seus wide receivers, explorando a sua precisão e confiando no equilíbrio ofensivo.

O exemplo dentro de campo

Uma das jogadas mais emblemáticas desta nova era foi o primeiro passe para touchdown contra os Texans. Ela mostra como esse esquema bem montado fez com que Goff começasse a ter um desempenho de alto nível. Na jogada, Goff está under center dentro de sua própria red zone e com três wide receivers a disposição.

Os Texans parecem estar em uma formação de cover 6 (ou quarter-quarter-half) disfarçada. O nickelback ,#25 Kareem Jackson, fará as vezes de safety, ajudando o #29 Andre Hal. Os dois dividirão a marcação em zona do lado direito do campo, com o cornerback #30 Kevin Johnson cuidando do lado esquerdo sozinho. Já Jonathan Joseph (camiseta #24) vai na jogada cuidando do seu lado esquerdo do fundo do campo, esperando uma ajuda no lado de dentro caso seja uma post – por isso a ideia de que deveria ser uma cover 6.

Independente de ser uma cover 6 ou uma cover 1 com um robber (que seria o safety), a ideia de Houston é encher o box e evitar que Gurley corra para muitas jardas.

McVay sabe disso e chama uma jogada com proteção maximizada. Um play action e uma jogada simples de leitura hi-lo no meio do campo. Kupp (na slot) fará uma rota out e Woods (no lado esquerdo) vai correr uma post, colocando pressão no nickelback feito de safety na jogada – bela leitura pré-snap ofensiva. Já Sammy Watkins fará uma post para tentar segurar um possível robber na jogada – caso seja uma cover 3.

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Na hora do snap, Goff começa olhando para o lado esquerdo, identifica que não há um robber naquela região e encara Kupp por uma fração de segundos. Como o wide receiver está no momento do corte, o nickelback vira o seu quadril em sua direção (fazendo a leitura errada) e mordendo a jogada. Goff muda rapidamente seu movimento e faz um passe perfeito para Woods que possui todo o campo interno livre – visto que o cornerback está jogando com a vantagem do lado externo do campo.

Compare a postura de Goff dentro do pocket com a sua estreia na liga. Ele estava acuado, não tinha trabalho de pés por causa da falta de confiança. Agora ele muda o alvo, reinicia o trabalho de pés e não prejudica a sua mecânica em nenhum momento – mesmo com a proteção começando a vazar. Esta é a diferença que faz um técnico que entende da posição para um mais antiquado, que acha que desenvolver um quarterback agora é a mesma coisa do que 10 anos atrás.



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Philadelphia e Los Angeles deram um exemplo para o restante da liga

Já faz cinco anos que Andrew Luck entrou na liga. Ele foi o mais preparado por causa de seu esquema de jogo em Stanford e a expectativa é que não saia um outro jogador com esse preparo nos próximos anos. É normal os times profissionais terem que desenvolver mais os seus prospectos e terem que montar uma comissão técnica voltada a isso.

Foi assim que Carson Wentz e Jared Goff (assim como Dak Prescott, que encontrou dois bons técnicos ofensivos em Scott Linehan e Jason Garrett e também aprendeu com Tony Romo) começaram a produzir em alto nível. Inclusive é assim que o Chicago Bears precisa pensar para não queimar a carreira de Mitchell Trubisky, visto que a comissão técnica atual lá não é preparada para ajudar um prospecto a evoluir em sua carreira.

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Com as condições ideais, Goff vem jogando muito bem. Melhor postura no pocket, tomada de decisões mais acertadas e, principalmente, um esquema mais bem pensado. Ele mostrou que o ano de calouro significa muito pouco para os quarterbacks e que a evolução começa de verdade a partir da segunda temporada como titular – vem sendo assim com a maioria dos novos talentos universitários. Ele e Sean McVay são as principais razões para Los Angeles ser o favorito na briga pelo título de divisão na NFC West.

Nota do editor: este texto contém conceitos bastante avançados para quem está começando agora na NFL. Para ajudar, temos duas opções para você. A primeira é o índice da Blackboard, nossa coluna didática. A segunda é o Manual do Futebol Americano, livro que explica todos os conceitos (gap, tech, 3-4, 4-3 e etc) que você verá abaixo. Com o cupom “podcast” você tem mais desconto nele.

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