Um time indisciplinado e que toma ponto adoidado após liderar por 27 a 0 no segundo quarto. Essa não é uma fórmula boa para se ter, especialmente se estamos falando de um técnico com pedigree defensivo e que estava fora de casa numa partida de playoff. Partida essa que terminou com derrota.
É claro que não podemos tirar e nem iremos tirar o mérito dos Jaguars na virada, a terceira maior na história dos playoffs da NFL. Mas, ao mesmo tempo, a derrota de ontem foi o pináculo do processo de autossabotagem que os Chargers passaram diversas vezes nos últimos dois anos.
A temporada de 2021, a melhor de Justin Herbert até agora entre as três que o quarterback teve, teve seus altos e baixos. O que mais chamava a atenção, porém, foi a vontade mais do que visceral e kamikaze de Brandon Staley de ir que nem maluco para tentar converter quarta descida. Essa vontade culminou com tentativas no campo de defesa em um jogo de tudo ou nada contra Las Vegas na semana derradeira da temporada. Partida que terminou com derrota na prorrogação e, como consequência, eliminação.
A temporada de 2022, por sua vez, prometia mais. J.C. Jackson chegou, Sebastian Joseph-Day chegou, Khalil Mack chegou. Os dois primeiros machucaram, o que compromete o trabalho. Bem como Joey Bosa. Mas isso, ainda mais tendo Mack e Derwin James, entre outras peças, não justificam o fato de que o time cedia 9 jardas por carregada para fora dos tackles. Tal como cedeu 25 na corrida derradeira que eliminou os Chargers ontem.
Essa eliminação passa por outros pontos e culpados. Justin Hebert não pode, por mais que achemos ele talentoso, ser isento de culpa. Não 100% ou perto disso. Qualquer quarterback que lidera um jogo por 27 a 0 não pode ter o direito de perder a partida. O tenente das tropas merece parcela de culpa, mas General Staley merece muito mais.
Avenida terrestre, sendo que Staley chegou para consertar a defesa. Joey Bosa totalmente indisciplinado com falta que custou uma jarda preciosa, jarda essa que ajudou a conversão de dois pontos ser boa e, como efeito, o um ponto de diferença entre as equipes. O time como um todo performa abaixo do que deveria. Não foi a primeira autossabotagem dos Chargers. Ano passado o time passou por momento assim num Sunday Night contra os Steelers. Naquele dia, Justin Herbert salvou o dia e evitou o colapso. Ontem, não deu.
Houve mérito dos Jaguars? Sim. Mas uma virada de 27 pontos, superior ao 28 a 3 que os Falcons entregaram no Super Bowl LI, acontece também por seguidas autossabotagens e falta de liderança. Para mim, é a gota d’água em relação a Staley. Por mais que haja o “dano” de ter que começar do zero com uma comissão técnica nova, Brian Daboll e Kevin O’Connell mostram que há pontos positivos na mudança. O clima está desgastado para Los Angeles. Um time que pode mais. Que precisa de comando. Comando este que hoje, não tem.
