Brock Purdy será titular num Super Bowl – e esse é o ponto de partida para uma carreira que, apesar de incomum, começou de forma tão estrelada quanto alguns dos prospectos de primeira rodada que brilham desde o início. Chegar na grande final apenas em seu segundo ano na liga é um feito marcante e que prova sua qualidade para o futuro na NFL.
Sim, sua qualidade. Porque o futebol americano é um esporte coletivo onde o individual pode colocar tudo para baixo. O bom desempenho de Purdy desde quando entrou num campo da NFL pela primeira vez lhe credencia a estar no maior dos palcos, não importando quem está junto dele. Outros nessa mesma situação favorável já falharam.
Confiança: se prova, não se fala
Você só descobre o quanto uma pessoa confia em você nos momentos em que ela realmente precisa de você. Os times podem ser os mesmos, mas os cenários coletivos de San Francisco 49ers e Kansas City Chiefs são inteiramente diferentes do que eram há quatro anos. E mais importante do que qualquer coisa do que foi dita durante os seis anos relação, Kyle Shanahan nos mostrou exatamente em 02 de fevereiro de 2020 que ele não confiava em Jimmy Garoppolo.
O cenário era o Super Bowl LIV, o jogo estava empatado em 10 a 10 no final do segundo quarto e os 49ers receberiam a bola na linha de 25 com um minuto restante no cronômetro e três tempos para pedir. O senso comum (e, fala sério, a inteligência) lhe diz que isso é tempo mais do que suficiente para colocar pontos no placar antes do intervalo. Mas Shanahan optou por correr com a bola na primeira e na segunda descida; quando fez o snap na terceira, restavam 20 segundos no cronômetro.
No momento mais importante do jogo mais importante, Shanahan deixou claro o recado: Garoppolo não é confiável.
Falar tudo isso tem uma razão bem simples. É impossível imaginar Shanahan tomando esse mesmo tipo de decisão com Brock Purdy no próximo domingo. Está claro que, se o jogo pedir, o treinador confiaria até o último fio de cabelo no seu quarterback atual. Nos dois últimos jogos, Purdy precisou ganhar no braço – não jogou tão bem especialmente contra o Green Bay Packers, é claro, porém a confiança nele nunca se esvaiu.
Quatro anos atrás, Garoppolo, o elemento individual, poderia colocar tudo a perder. Hoje, Purdy tem a confiança de seu treinador para ganhar mesmo contra o time que busca estabelecer uma dinastia na NFL. Confiança se prova, não se fala.
Certo por linhas tortas
A troca por Trey Lance em 2021 não tinha como objetivo fazer do time um competidor por muitos anos – eles já eram isso com Garoppolo quando ele estava saudável. A linha que envolveu a troca por Trey Lance era ganhar o Super Bowl. O agente mudou, o objetivo é o mesmo – Purdy, ainda assim, não tem nada para provar.
Kyle Shanahan buscou um quarterback que, nos momentos de maior pressão, ele pudesse confiar a ponto de colocar o jogo em suas mãos em situações complicadas. Ele tem esse jogador, mesmo que ele seja uma mera escolha de sétima rodada ao invés de um prospecto top 3 do Draft.
Brock Purdy já está onde merece ser elogiado. Ele não precisa provar mais nada para ninguém.
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