Começo ruim, polêmicas e Brady voando: como os Patriots chegaram no Super Bowl LII

[dropcap size=big]O[/dropcap] New England Patriots vai disputar o Super Bowl. Nenhuma novidade aqui. Você já ouviu isso várias vezes de 2001 para cá – oito, para ser mais preciso. Ainda assim, é raro vermos um time envolto em tantos tipos diferentes de drama chegar à final da NFL. Na verdade, é raro vermos uma equipe comandada por Bill Belichick sofrer com tantos tipos diferentes de drama, mas isso é outra história.

Não há dúvidas que em vários aspectos 2017 foi um ano atípico em Foxborough. Desde o rendimento pífio da defesa em setembro até as especulações sobre a saída de Belichick, a temporada foi muito mais caótica do que costuma ser. Contudo, nada impediu os Patriots de dominarem a AFC de novo e irem ao Super Bowl pela terceira vez em quatro anos.

Não dá para dizer que o desfecho foi exatamente uma surpresa, afinal quase todo mundo apontava New England como o time a ser batido antes da temporada começar, porém a trajetória da franquia acabou sendo inesperada. Vamos então relembrá-la, passando por seus melhores e piores momentos, assim como pelas polêmicas superadas ao longo do caminho. Lembrando que o capítulo final dessa história acontecerá no próximo domingo, a partir das 21:30 (horário de Brasília), quando a bola voará para Patriots e Eagles no Super Bowl LII.

Início conturbado

Antes da temporada, nós discutíamos se um novo 16-0 estava em questão para os Patriots. New England parecia ter montado um time talentoso como há tempos não se via, investindo pesado durante a intertemporada, algo não tão comum à franquia – como exemplo, podemos citar as aquisições de Brandin Cooks e Stephon Gilmore. Nem mesmo o ligamento do joelho rompido por Julian Edelman no final de agosto abalou a euforia.

Contudo, qualquer chance de um ano invicto acabou indo por água abaixo logo na semana 1, quando New England foi surpreendido e caiu em casa diante dos Chiefs. Na verdade, os campeões do Super Bowl foram atropelados por Kansas City, Alex Smith e Kareem Hunt: o calouro somou 246 jardas totais e três touchdowns na vitória por 42 a 27. Para se ter uma melhor ideia do tamanho dessa derrota, é só lembrar que os Patriots nunca haviam cedido 42 pontos em uma mesma partida durante toda a era Bill Belichick.

O revés deu o tom do que seria o primeiro quarto da temporada da equipe. Ela simplesmente estava jogando mal na defesa de uma maneira nunca antes vista. O pass rush não conseguia pressionar ninguém e a secundária era uma máquina de ceder jardas. Colocando em números, New England permitiu 128 pontos durante os quatro primeiros jogos do ano, além de ter cedido mais de 300 jardas áreas por seis semanas seguidas.

As coisas só não ficaram piores porque Tom Brady e o ataque estavam jogando muito, o que ajudou a compensar as falhas defensivas. Mesmo assim, os Patriots começaram o ano com duas vitórias e duas derrotas, perdendo de novo no Gillette Stadium, dessa vez para os Panthers. Este foi sem dúvida o momento de maior pressão e questionamentos sobre a franquia em 2017.

A volta por cima: vitória sobre Atlanta e a arrancada rumo a mais um título da AFC East

Depois de perder para Carolina, New England levou a melhor sobre Buccaneers e Jets, mas ainda não havia conseguido convencer e nem diminuir a desconfiança dos céticos. Isso só foi acontecer mesmo na semana 7, após um triunfo com autoridade na reedição do Super Bowl LI. Os comandados de Belichick não deram nenhuma chance os Falcons e venceram por 23 a 7 – não por acaso, foi a primeira vez que a equipe cedeu menos de 300 jardas aéreas para um quarterback. Este confronto também ficou marcado pela forte neblina que tomou conta do Gillette Stadium na segunda etapa, prejudicando quem estava assistindo pela televisão e forçando a NBC a usar a câmera “estilo Madden” na transmissão – ou seja, a SkyCam.

A partir daí, a defesa dos Patriots só cresceu de produção e passamos a ter certeza absoluta que o bicho papão estava de volta. A unidade continuou permitindo uma média alta de jardas por partida – 366, quarta pior da liga -, porém, em compensação, se tornou a quinta que menos cede pontos na NFL (18,5). Do outro lado da bola, Brady e o ataque continuaram voando, tanto que terminaram o ano na primeira posição em jardas totais (394,2) e na segunda em pontos por jogo (28,6).

Entre as semanas 5 e 13, New England embalou oito vitórias consecutivas, incluindo quatro triunfos tranquilos em sequência sobre Broncos, Raiders, Dolphins e Bills, o que praticamente assegurou mais um título da AFC East e outra visita aos playoffs.

Consagração: a polêmica vitória sobre os Steelers e a soberania na AFC mantida

Na semana 14, os Patriots foram surpreendidos e perderam para Miami, naquela que foi com sobras a pior apresentação de Brady em 2017 (24/43 passes completos, 233 jardas, um touchdown e duas interceptações), Contudo, na rodada seguinte, a franquia se recuperou e conseguiu sua vitória mais importante da temporada regular.

O duelo contra Pittsburgh valia o seed #1 da Conferência Americana e, por consequência, o direito de jogar em casa durante todo o mata-mata. Em pleno Heinz Field, New England derrubou os Steelers de maneira épica, com direito à virada no último quarto e uma interceptação na end zone nos segundos finais, após toda a controvérsia envolvendo a recepção de Jesse James não validada pela arbitragem – decisão correta das zebras, aliás.

Polêmicas à parte, o triunfo ajudou os Patriots a terminarem com a melhor campanha da conferência, garantindo a soberania da franquia na AFC por mais uma temporada. Fechando 2017, a equipe ainda somou mais duas vitórias fáceis sobre Bills e Jets.

Playoffs: o fim da era Belichick (?), a mão de Brady e mais uma ida ao Super Bowl

Um dia antes do início dos playoffs, uma notícia caiu como uma verdadeira bomba no mundo do futebol americano. Segundo Seth Wickersham, jornalista da ESPN norte-americana, a relação entre Brady, Belichick e Robert Kraft estava completamente desgastada e insustentável, tanto que este poderia ser o último ano de parceira do trio. Entre outras coisas, Wickersham tratava sobre a tensão nos bastidores da troca envolvendo Jimmy Garoppolo e o atrito entre Belichick e Alex Guerrero, preparador físico particular de Brady.

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A franquia rapidamente lançou uma nota desmentindo a matéria, mas, mesmo assim, começou o burburinho, inclusive com algumas pessoas especulando a ida de Belichick aos Giants, o qual estava sem head coach na época. Seja como for, os boatos sobre o fim da era Belichick esfriaram bastante depois de quase um mês e hoje ninguém mais toca no assunto.

Além disso, uma outra controvérsia, se é que podemos chamar assim, assombrou New England durante a pós-temporada: a famigerada lesão na mão de Brady. O quarterback se machucou durante um treinamento, após um choque com o running back Rex Burkhead. Obviamente alguma coisa aconteceu, pois Brady entrou no injury report, precisou tomar pontos na mão etc., mas a real gravidade do problema ganhou uma proporção exagerada e se transformou em uma novela de vários capítulos, inclusive com algumas pessoas questionando se ele iria ser titular contra os Jaguars na final da AFC.

Como bem sabemos, Brady não só esteve em campo como também comandou uma virada sensacional no último quarto, ajudando a classificar os Patriots ao 10º Super Bowl de sua história. No final das contas, a “novela da mão machucada” provavelmente não passou de uma cortina de fumaça criada por Belichick e cia.

E assim foi, resumidamente, a caminhada de New England rumo ao Super Bowl LII. Apesar de ter um pouco mais de percalços e drama do que estivemos acostumados nos últimos anos, o desfecho foi o mesmo. Liderada pelo interminável Tom Brady, a franquia chegará à mais uma final da NFL como favorita.

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