Quando Peyton Manning assinou um novo contrato com o Indianapolis Colts em 30 de julho de 2011, a média anual do vínculo estava em 18 milhões ao longo de cinco temporadas. Sim, num tempo não muito distante, Peyton Manning disse que “não queria ser o jogador mais bem pago da liga” e, assim, uma extensão no valor de 90 milhões divididos por cinco anos, igualando Tom Brady na média salarial* no contrato que o então quarterback do New England Patriots assinou um ano antes.
Manning, já em seus 34 anos e com uma carreira totalmente estabelecida, não precisava do dinheiro, então o time não precisou quebrar a banca. Mesmo assim, ele se tornou o jogador mais bem pago da liga em termos de % do cap utilizada no ano da assinatura, com 14,95% do cap daquele ano, que esteve em 120,3 milhões de dólares. Ele se tornou o quarto quarterback a ocupar o top 10 daquela lista, superando Larry Fitzgerald no topo.
Não foram muitos anos de lá para cá – jogadores escolhidos no Draft de 2011 ainda permanecem na ativa, como Von Miller, Tyron Smith, Cameron Heyward, Andy Dalton e vários outros exemplos. Mesmo assim, a liga contou com uma mudança financeira gigantesca em relação ao que se via. E não foi só resultado da subida do salary cap.
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14,95%. Essa foi a porcentagem do teto salarial que os Colts destinaram para Manning na renovação de 2011 em comparação com sua média salarial. Partindo do princípio que o jogador mais importante deve ocupar a maior parte do cap, faz total sentido que ele tenha uma considerável fatia alocada. Mas quando olhamos para os números de 2024, é possível perceber que o acordo de Manning está numa galáxia muito, muito distante da NFL atual.
Isso porque os salários de quarterback explodiram nas últimas temporadas. Muito disso é reflexo justamente da mudança ofensiva que a NFL viu acontecer desde o início da última década, com o jogo aéreo ganhando mais força em relação ao jogo terrestre, mas a comparação de números é assustadora. Exatamente 20 jogadores da NFL atual possuem uma média salarial que ocupa uma % maior do teto do que Manning o fazia. Desses 20 jogadores, 18 são quarterbacks.
No top 20 da temporada de 2011, Manning era acompanhado de outros cinco quarterbacks**: Michael Vick, Ben Roethlisberger, Philip Rivers, Drew Brees e Matthew Stafford. Isso mostra que nem mesmo os melhores quarterbacks daquela época recebiam tanto dinheiro quanto os jogadores de agora. E isso não é relacionado a apenas a inflação do cap: a liga começou a super valorizar os quarterbacks e várias outras posições entraram em detrimento.
Quer um exemplo? No top 20 de 2011, apareciam dois running backs, três tackles, seis quarterbacks, um cornerback, um wide receiver, três iDLs e quatro EDGEs. No top 20 de 2024, aparecem 18 quarterbacks e dois EDGEs. O primeiro wide receiver é o 21º. O primeiro iDL é o 29º.
O primeiro running back, Alvin Kamara, é o (sem brincadeira) 122º colocado.
Nos últimos anos, a NFL optou por pagar ainda mais as estrelas de suas equipes e direcionar mais recursos para o topo de seu elenco. Um pode dizer que isso enfraquece o elenco, mas a importância de contar com jogadores no contrato de calouro é muito mais notória hoje do que era em 2011, e vários times sabem utilizar muito bem desse recurso no manejo do cap. Além do fator óbvio: se você quer ter uma superestrela no seu elenco, você vai precisar pagar caro por ela.
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Agora vamos dar uma passada pelos números para ilustrar a seção acima.
Se a média salarial de Peyton Manning na sua renovação de contrato de 18/ano representou 14,95% do cap, caso Manning renovasse por uma média que ocupasse a mesma % do cap atual, seu contrato teria uma média salarial de 38,18 milhões ao ano. O contrato de Peyton Manning ajustado para a inflação do teto salarial seria de 5 anos e 190,9 milhões de dólares.
A média salarial de Joe Burrow na sua extensão de contrato de 55/ano representou 24,47% do cap (a maior entre contratos atuais na NFL). Se Burrow renovasse por uma média que ocupasse a mesma % do cap de 2011, seu contrato teria uma média salarial de 29,43 milhões de dólares. O contrato de Joe Burrow ajustado para o teto salarial da época seria de 5 anos e 147,15 milhões de dólares.
Mesmo se ajustássemos o contrato de Manning para 38,18 milhões para o ano, ele ainda estaria recebendo consideravelmente menos que Burrow e vários outros quarterbacks da NFL atual. É um ciclo que não vai ter fim: os passadores vão ter cada vez mais poder, liberdade e dinheiro na NFL. E não poderia ser de outro jeito: é a posição mais importante do esporte.
*A razão pela qual Manning é o tema do texto, e não Brady, é simples: a temporada de 2010 não teve teto salarial na NFL. Em 2008, os donos optaram por sair do Acordo Coletivo de Barganha que estava em vigência ao fim da temporada de 2010, de modo que aquele ano não contou com limites estabelecidos pelo CBA. Assim, é impossível mensurar a % que Brady ocuparia no cap de 2010.
**Obviamente, Brady faria parte da lista com seu alto salário se 2010 contasse – pelo mesmo motivo acima.
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