Crônica: O que importa não é seu fantasy, é a saúde de Josh Gordon

Ele detém o record de jogos seguidos com mais de 200 jardas recebidas (2). Detém o record de mais jardas recebidas num espaço de dois, três ou quatro jogos. São 774 jardas recebidas em 4 jogos. 1646 jardas recebidas em 2013, record na longa história do Cleveland Browns – que remonta aos anos 1940.

Gordon não jogou todas as partidas daquela temporada histórica de 2013, a que lhe colocou na mente das pessoas. Ele esteve suspenso pelos dois primeiros jogos da temporada – a primeira de uma longa lista de suspensões. Em 2014 veio outra, que lhe tirou de boa parte da temporada. A suspensão de 2015 fez com que ele ficasse fora do gridiron por todo o ano – testando positivo para uso de álcool.

Neste ano havia esperança de que ele pudesse voltar a repetir os números. Afinal, ele teve sua apelação deferida e a suspensão indefinida foi reduzida para os quatro primeiros jogos da temporada. Chegamos à Semana 4, às vésperas do último jogo de punição para ele.

E agora, o indefinido e o nublado voltam a ser a temática. Não porque alguém quis assim: mas porque ele mesmo quis assim.

Em rankings de fantasy, Josh Gordon era cotado como escolha de nona rodada para frente. Não é no início do recrutamento da brincadeira – e outros jogadores suspensos, como Le’Veon Bell e Tom Brady, foram escolhidos antes. De toda forma, eu investi em Gordon em um de meus fantasies – ele me deu o título em 2013 em uma das ligas que participei.

Vamos parar por um instante. 

Você percebeu como nos cinco primeiros parágrafos deste texto eu simplesmente tratei Josh Gordon como uma máquina capaz de fazer números e me dar títulos de times imaginários para que eu possa me gabar com meus amigos? Ao saber hoje que Josh Gordon decidiu não voltar à NFL após a Semana 4 – ele decidiu se internar numa clínica de reabilitação para drogas ao invés de se juntar aos Browns para 2016 – minha reação inicial foi do fantasy. Não foi em pensar no ser humano Josh Gordon.

A gente fica chateado quando um jogador se machuca ou quando ele é suspenso, como se ele nos devesse alguma coisa, como se nossos sonhos fossem dominados por eles. Às vezes, como é o caso de Gordon, eles não conseguem nem dominar as próprias vidas – quanto mais nossos sonhos e esperanças num torneio de fantasy.

Não me entenda mal: eu amo fantasy football e acho que é uma das coisas que mais ajudou o crescimento da NFL nos últimos 25 anos. Mas a gente tem que humanizar mais as coisas. O caso de Gordon não é de vagabundagem. Ele sabia que o anti-doping viria e mesmo assim foi “pego” múltiplas vezes. A impotência é uma das sensações mais doídas no ser humano – porque nós nos vangloriamos de sermos capazes de poder mudar e transformar a natureza. Às vezes, nos esquecemos que somos animais e, mesmo sendo racionais, não conseguimos alterar a nossa própria natureza sem pedir ajuda a alguém.

Desejo sorte a Gordon. No meu fantasy, ele é só um nome. Mas no mundo real ele é uma pessoa que precisa de ajuda. O que importa, de verdade, é a saúde dele. Não nosso fantasy. Que fique bem. Não para voltar a fazer números – mas para fazer uma vida da qual tenha controle.

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