EM UM DESERTO OFENSIVO, RUSSELL WILSON PRECISARÁ SER MÁGICO

Com um dos ataques mais sonolentos e ineptos da liga - devido à péssima coordenação de Brian Schottenheimer -, o quarterback de Seattle precisará ser um maestro solitário para que a franquia possa ir longe na pós-temporada.

Quando estávamos na metade da temporada, após o primeiro embate entre Seattle Seahawks e San Francisco 49ers, e Russell Wilson era o favorito isolado ao prêmio de MVP, acreditava-se que o quarterback seria capaz de suplantar os erros do péssimo sistema ofensivo de Brian Schottenheimer e levar a franquia ao primeiro lugar da NFC. Bom, algumas semanas depois, o ataque da franquia continuou de mal a pior e, com as atuações de Wilson não atingindo a perfeição, a produção do ataque caiu e Seattle começou a sofrer (ainda mais) para vencer suas partidas, encerrando o ano de 2019 em quinto lugar na classificação geral.

Dependendo quase que exclusivamente da mágica de Wilson para conquistar as vitórias, o ataque continua apresentando os mesmos problemas e está longe de demonstrar alguma evolução. O quarterback atua como um maestro solitário e precisa ser mirabolante a cada lance – ainda que a unidade possua nomes de talento -, sem auxílio esquemático de seu coordenador ofensivo. Com a perda dos titulares no jogo terrestre e a insistência em acreditar no sistema de Schottenheimer, todo o peso do sucesso dos Seahawks nos playoffs está nas costas de Russell Wilson; porém, ele pode carregar este ataque sozinho?

Os problemas esquemáticos e a falta de peças

Quando a vitória escapou pelas mãos de Seattle, no final do épico embate contra San Francisco no último Sunday Night, duas verdades dessa equipe foram evidenciadas: a capacidade de se manter viva mesmo em partidas péssimas e a ineficácia do ataque em decidir o jogo mais importante da temporada. Russell Wilson fez o seu trabalho e levou a unidade até a linha de meia jarda, mesmo com as insistentes chamadas ruins de Schottenheimer que, novamente, foi incapaz de tornar seu ataque efetivo e agressivo.

Sim, as ausências de Chris Carson e Rashaad Penny machucam o jogo terrestre da franquia e a suspensão de Josh Gordon – ainda que este não estivesse em uma grande temporada – abala o já frágil jogo aéreo, mas o principal problema permanece residindo sobre o esquema ofensivo. Assista a um condensado de qualquer partida da equipe durante o ano e rapidamente será possível identificar o quão simples e sem sal é o ataque. É uma soma de rotas verticais que não se combinam e que forçam D. K. Metcalf e Tyler Lockett a ganharem suas batalhas no puro talento.

Na última campanha do jogo contra os 49ers, a repetição de jogadas era tão grande – e as mesmas eram tão óbvias – que Wilson deveria receber um troféu por ser capaz de dar a equipe uma chance de vencer a partida. Para piorar, o patético esquema é percebido pelos coordenadores defensivos adversários e é possível reparar isso analisando a queda de produtividade de Metcalf e Lockett nas últimas semanas. Os nomes de talento que a franquia possui no ataque são prejudicas pela ineficácia ofensiva, a qual não permite que os mesmos fiquem abertos em duelos favoráveis, e os avanços da unidade se tornam ainda mais travados.

Na temporada regular, é possível encontrar uma equipe como o Carolina Panthers que entre com menores intenções em campo e que acabe facilitando a vida de seu ataque. Nos playoffs, contudo, os adversários entram focados em suas fraquezas e sabendo como explorá-las – e isso não será diferente contra Seattle. No próximo domingo, o Philadelphia Eagles entrará em campo marcando o fundo do campo em todas as jogadas e sabendo o que esperar do ataque da franquia e Wilson, novamente, deverá resolver o imbróglio sozinho; logo:

a) o que pode ser feito para auxiliá-lo durante a partida?, e
b) qual o papel da defesa?

A mudança ofensiva e o papel defensivo 

É impossível e até mesmo prejudicial esperar uma completa reformulação ofensiva para a pós-temporada. Ainda assim, pequenas mudanças podem ser feitas para não depender de (mais uma) atuação miraculosa de Russell Wilson no domingo. É necessário um foco maior no ataque às regiões intermediárias do campo – os gráficos que demonstram as direções dos passes do quarterback evidenciam o grande percentual de lançamentos em direção às laterais em busca das rotas verticais – e rotas que busquem ganhos médios, mas consistentes.

A linha ofensiva de Seattle já havia perdido Justin Britt e não contará com Duane Brown para o confronto contra o Philadelphia Eagles; sem seus dois principais nomes, a unidade torna-se ainda mais frágil. Com isso, Wilson não possuirá muito tempo no pocket para realizar lançamentos longos e precisará improvisar em toda jogada; logo, a maior utilização e combinação de rotas curtas e médias no meio do campo – região em que o quarterback possui um altíssimo rating – servirá como uma eficiente válvula de escape.

Por fim, a defesa dos Seahawks possuirá um papel crucial na pós-temporada: repetir a partida que teve contra o mesmo Philadelphia Eagles nesta temporada, na semana 12. No último confronto entre as equipes, o ataque começou a apresentar seus problemas e a defesa foi responsável pela vitória de Seattle, fora de casa. A unidade vem realizando jogos em um nível acima do esperado se analisarmos os nomes do plantel, mas a queda de produção nas últimas semanas, principalmente da linha defensiva, é uma preocupação para as ambições da franquia.

Não, o corpo defensivo dos Seahawks não será o responsável por vencer as partidas de pós-temporada por si só, como ocorreu em 2014 com a Legion Of Boom. Essa unidade, todavia, possui força o suficiente para forçar turnovers e diminuir o impacto dos ataques adversários, evitando que Russell Wilson precise lançar mais de 4 touchdowns por partida – e isso é um aspecto diferencial para os confrontos de janeiro.

O ponto chave para a campanha de Seattle nos playoffs será evitar que seu quarterback precise ser mágico durante 100% do tempo. Sim, Wilson possui talento o suficiente para vencer um jogo de pós-temporada sozinho, mas seria esperar demais que isso se prolongasse até um eventual Super Bowl. Leves mudanças no esquema ofensivo somados a uma defesa sólida são o suficiente para auxiliá-lo a comandar o ataque da franquia a uma pós-temporada de sucesso, o que encerraria de forma digna sua brilhante temporada.

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