Enganar a si mesmo sempre cobra o seu preço. Moralmente falando, o Pittsburgh Steelers não tinha outra alternativa, dar uma última chance de Ben Roethlisberger conquistar seu terceiro anel era o mínimo que ele merecia. Ídolos como ele geram comoção muito grande da torcida em qualquer fase – e não só no futebol americano, a despedida de Fábio do Cruzeiro é um claro exemplo recente -, e se despedir nunca é fácil. Mas a sucessão não foi preparada e o final foi trágico.
Pittsburgh pensou que poderia ser uma versão do Denver Broncos de 2015. Naquele ano, o corpo de Peyton Manning pediu arrego, mas a defesa da equipe o levou a um último troféu. T. J Watt e amigos são uma unidade talentosa, mas não com o peso o suficiente para carregar um ataque anêmico. A conta chegou, e por mais que Pittsburgh tenha muito a comemorar por um ano que poderia ser trágico, o fim é muito mais do que amargo.
Quais eram as expectativas do torcedor para 2021: Estava mais que claro que a franquia direcionava um ano para ser um “tudo ou nada” com Big Ben. Ancorada na forte defesa, a franquia faria de tudo para tentar ir longe nos playoffs com o quarterback uma última vez. Com problemas na linha ofensiva, a expectativa é que um ataque de passes rápidos pudesse ser o suficiente para mover as correntes enquanto a unidade de Keith Butler fazia a maior parte do trabalho.
O que aconteceu: Desde o começo do ano ficou claro que o fardo do ataque não seria nenhum pouco leve. Sério, assistir à unidade jogar só proporcionava dois sentimentos: se você torcesse para o time, raiva; se não torcesse, sono. E não é como se Matt Canada não tivesse tentado o que parecia o mais lógico: Najee Harris correu a rodo e o foco de Ben era em passes curtos e rápidos, de forma a diminuir os problemas de sua falta de força no braço e evitar muita pressão decorrente da porosa linha ofensiva.
Não dá para falar que todos ali não deram seu máximo – principalmente Roethlisberger. Ele entregou seu coração a cada partida e, mesmo precisando acumular todas as forças de seu corpo para cada lançamento, ainda conseguiu fazer o time chegar a algumas vitórias. Só que o máximo desse grupo não era suficiente. Em outros tempos, com a antiga linha ofensiva, talvez Harris carregasse o piano, mas em 2021 não foi o caso. Em qualquer seja a métrica, os Steelers tinham um dos piores grupos de proteção da liga e isso impossibilitava que até o mais simples plano de jogo funcionasse com o estado atual de Ben.
Como a franquia chegou aos playoffs, então? Com um ano impecável de T. J. Watt, o qual elevou o nível defensivo ao todo. Com outros nomes do entorno – principalmente Cameron Heyward – também indo bem, o grupo segurou os ataques adversários e garantiu algumas vitórias, destacando-se os embates contra Cleveland Browns e Baltimore Ravens nas duas semanas finais.
Contando com a sorte, a equipe conseguiu um grande feito ao atingir a pós-temporada após um ano tão turbulento, só que até o próprio quarterback sabia que a missão seria quase impossível. Watt bem que tentou, mas não foi o suficiente e os Chiefs foram atropelados. Agora, com o próprio Roethlisberger dando as cartas da aposentadoria, chegou a hora de seguir em frente.
