O calvário ofensivo dos Patriots e o contrato com o limbo

Equipe marcou apenas três pontos na derrota para os Cowboys, em uma noite pavorosa do ataque. O 38x3 se tornou o pior resultado de Bill Belichick em toda a sua carreira como head coach.

Apenas três pontos marcados – em um field goal, bom ressaltar. O atropelo do Dallas Cowboys por 38×3 escancarou os problemas do New England Patriots, principalmente no setor ofensivo: fraco, ruim, insosso e angustiante de se ver. Tal qual Scooby-Doo e amigos desmascaram os bandidos, o domingo no AT&T Stadium tirou o último disfarce do ataque dos Pats. Se é que restava um ainda.

Uma provocação aos olhos

Um dos grandes momentos da história do Brasil, na minha opinião, é o episódio do Provocações onde Antônio Abujamra entrevista Clodovil. O embate entre os dois maiores embaixadores do caos da TV brasileira é antológico por si só (e está disponível no YouTube), porém a entrevista já começa com a ilustre pergunta: “você gostaria de ser menos idiota do que é, ou de ter sido menos idiota do que foi”? Se o velho Abujamra estivesse ainda vivo e gostasse de NFL, teria certamente repetido a frase para Mac Jones, Bill O’Brien e companhia limitadíssima.

Medíocre, capenga e horrível: assistir ao ataque dos Patriots em campo no domingo foi uma verdadeira provocação aos olhos – e de mau gosto. A linha ofensiva tinha vários desfalques, contudo fez uma partida tenebrosa e o reflexo disso se dá no jogo terrestre: juntos, Rhamondre Stevenson e Ezekiel Elliott juntos mal passaram das 50 jardas corridas. É claro que há méritos de Dallas, porém a receita da tragédia estava pronta: se o jogo terrestre, a alma desse ataque, não fluía, restava focar no ganho de jardas após a recepção. O problema é que a tragédia virou uma bomba atômica e o jogo aéreo atuou pior ainda.

Para se ter uma ideia: juntos, Kendrick Bourne, JuJu Smith-Schuster e DeVante Parker tiveram cinco recepções. Cinco. Hunter Henry até fez uma partida boa, mas não foi suficiente. Apesar das limitações, não dá para colocar toda a culpa nos recebedores e na OL. Se o ataque não funciona por completo dentro de campo, é porque há deméritos do seu quarterback também.

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Apavorado. É a palavra que resume Mac Jones na pior partida da sua carreira profissional. Os números não mentem: 12/21 passes para 150 jardas, nenhum TD, um fumble e duas interceptações, incluindo a pick-6 com janelas disponíveis e o pocket limpo. A situação ficou calamitosa ao ponto de Jones nem terminar a partida e Bailey Zappe entrar em campo. Não que ele fosse mudar algo também, pois o ataque continuou do mesmo jeito: um plano de jogo insosso e uma execução pior ainda.

O resultado está aí: 1-3. Nos últimos quatro anos, o recorde é 26-28, com a mais recente vitória em pós-temporada sendo em 2018, ano do último título. Não é como se o azar estivesse pairando sob as cabeças de Belichick e Robert Kraft: você colhe o que planta. E os Patriots plantam e colhem mediocridade há tempos.

Ninguém vai ganhar ou perder, vai todo mundo perder

Tudo que é ruim, pode piorar. No caso de New England, as coisas pioraram justamente no pilar do time: a defesa. Durante o jogo, o time perdeu Christian Gonzalez e Matt Judon por lesão. O calouro machucou o ombro ainda no primeiro quarto e não retornou a campo. No entanto, a baixa maior foi no final da partida: Judon rompeu o tendão do bíceps e deve ficar de fora por algumas semanas. Somando com as baixas na linha ofensiva, as expectativas de alguma melhora despencam.

A temporada continua longe de acabar, mas dá para fechar o veredito: esse ataque, frágil e horrível, não pode seguir para 2024. Os Patriots terão o maior espaço na folha salarial no próximo ano. Contudo, caso siga a mesma filosofia dos últimos tempos – montando elencos medianos para baixo e a mentalidade ofensiva pobre -, a tendência é que nada mude em Foxboro e o contrato com o limbo ganhe nova extensão.

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