O futuro dos Ravens é Lamar Jackson

A era Joe Flacco teve seu fim com a chegada do calouro

Finalmente a era Joe Flacco chegou ao fim em Baltimore. Depois de muita relutância e insistência dos Ravens, o time terá um novo quarterback como seu titular em definitivo: John Harbaugh confirmou na última semana que não existem mais dúvidas e que Lamar Jackson será o titular da franquia na próxima temporada. Assim, Flacco, de performances muito fracas após a vitória no Super Bowl XLVII, definitivamente deverá procurar outro time, haja visto que sua dispensa permitirá ao time uma economia de 18,5 milhões na folha salarial em 2019.

Essa nova era chegou a ser questionada na wild card, quando os Ravens perderam para os Chargers e Lamar Jackson teve até o último período uma performance muito abaixo do que se espera de um jogador escolhido na primeira rodada do Draft. Muitos pediram por Joe Flacco, que chegou a aquecer, mas Harbaugh sabiamente manteve seu titular e o mesmo quase buscou o empate no fim do jogo; afinal, uma substituição poderia quebrar a confiança do novato de forma difícil de ser restabelecida, bem como criar o fantasma de que Flacco precisaria ficar por mais um tempo.

Claro que Lamar tem ainda muitos pontos a serem corrigidos. Sua precisão ainda é um ponto falho e que poderia ter feito o time ter tido melhor resultado contra os Chargers; seu trabalho de pés precisa de aprimoramento, com uma base mais consistente e suas progressões do campo como um todo ainda estão longe do ideal. Além disso, sua displicência protegendo a bola custou caro nessa temporada: o incrível número de 15 fumbles sofridos neste ano – 10 dos quais perdidos – precisa ser diminuído com urgência.

Seus números como passador propriamente dito realmente não empolgam. Foram apenas sete touchdowns passando a bola, e quatro interceptações nos oito jogos como titular. Em apenas um desses, ele atingiu as duzentas jardas aéreas, sendo esta uma marca magérrima na NFL vertical e dominada pelo Air Raid dos dias atuais. Sua capacidade correndo com a bola foi amplamente utilizada, com 128 corridas para 610 jardas, o que resulta numa excelente média de 4,75 jardas por tentativa. Com isso, logo se propagou o senso comum de que Jackson, mesmo com um sistema ofensivo ideal ao seu redor, era inoperante como lançador; o problema é que este não é o sistema ideal para Lamar, e sim uma adaptação feita a partir da semana 11 de um time que tinha uma base ofensiva diferente.

O sistema ideal só será moldado na próxima intertemporada, com todos elementos convergindo para um ataque que maximize suas potencialidades. O ataque de hoje não busca isso e sim minimizar suas fraquezas, com Jackson correndo adoidado – afinal, não haveria tempo para uma reformulação completa. Nenhum treinador em sã consciência acha que sobreviverá as 16 semanas da NFL com seu quarterback fazendo menos de 25 passes por partida e correndo mais de 20. Se com poucos vídeos Gus Bradley já o parou, imaginem com a temporada toda para analisá-lo.

O ataque em volta de Lamar precisa ser moldado com playmakers, coisa em falta no elenco dos Ravens. Ele precisa ter um jogador em quem confie em jogar uma bola dividida, como tinha em Jaylen Smith nos seus tempos universitários. Por mais que Michael Crabtree tenha flashes, está longe de ser esse jogador. Além disso, jogadores com capacidade de produzir após a recepção são fundamentais para que Lamar estabeleça um jogo de passes curtos e simples e ganhe confiança. Isso se torna fundamental para que se criem espaços no fundo do campo que podem ser utilizados de melhor maneira.

Os conceitos de passe também devem ser ajustados, como na parte final do jogo do último fim de semana. Se o seu quarterback ainda não tem velocidade para processar o campo todo, utilize conceitos simples, com leituras chaves mais fáceis, e isso o tornará cada vez mais produtivo. Os Bears tiveram um resultado muito melhor com Mitchell Trubisky desta forma, e Jared Goff só cresceu na carreira quando Sean McVay lhe deu menos incumbência nas progressões. Passes fora do pocket, conceitos com rotas similares em diferentes profundidades e muito play action devem trazer ótimos resultados com Lamar.

Para trazer as peças que faltam, Baltimore tem possíveis nomes que se cortados podem abrir um grande espaço na folha salarial. Além de Flacco, o já citado Crabtree e o cornerback Jimmy Smith são grandes candidatos a serem cortados, e com isso abrirem mais de 33 milhões na folha salarial. O time tem poucos buracos defensivos a serem preenchidos, e o Draft também pode ser utilizado, com um wide receiver na escolha 22 não sendo descartada. Nomes como Kelvin Harmon, Riley Ridley e N’Keal Harry devem ser muito falados pelos lados de Maryland até o dia da escolha.

Portanto, a torcida dos Ravens não tem motivo para tanta preocupação. Muitos vão continuar a apontar Lamar Jackson como um quarterback de pouca habilidade técnica e de muita atlética. Estes mesmos são os que colocam Josh Allen como “um prospecto com grandes virtudes técnicas, que apenas precisa ser lapidado”. Pouco importa se Allen se destacou mais como corredor; o tratamento com Lamar é diferente. Justo na América, a terra onde todos tem as mesmas oportunidades e são tratados igualmente. Parece que nem tudo é tão claro, “preto no branco” como dizia minha vó. Só me leva a crer que tem muito mais a ver com branco ou não.

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