Run the table: como os Packers viraram a mesa depois do 4-6

Apenas quatro times na história da NFL chegaram aos Playoffs após terem um recorde 3-6 e nenhum time chegou ao Super Bowl após um início 4-6 – Jaguars de 1996 e Jets de 2009, neste último caso, bateram na porta. Já escutamos diversas vezes essas estatísticas acompanhando a NFL e elas traduzem o óbvio: é muito difícil dar a volta por cima no meio da temporada.

Muita gente diz que a temporada regular começa apenas após a quarta partida. É o momento que todo mundo começa a ter acesso aos videotapes de novos coordenadores e treinadores principais, os jogadores pegam todo o ritmo de jogo e os esquemas começam a se encaixar. Após a bye week (que foi na quarta semana), Green Bay estava 2-5: algo desastroso e que indicava o fracasso até o momento.

Não foi só encaixar as peças que estavam no lugar: mudanças foram feitas. Não apenas no estilo de jogo do ataque, mas também da defesa. A mentalidade do time também mudou um pouco, porém o estilo conservador ainda está impregnado nos momentos mais decisivos – como foi na última campanha de Dallas no Divisional Round. Mesmo assim, os Packers conseguiram se ajustar e chegar à final da Conferência Nacional, mostrando que podem ser campeões -ainda mais que não existe nenhuma grande defesa nesta reta final pela frente – falaremos mais disto amanhã.

Antes de tudo, o calendário

Não dá para falar das oito vitórias consecutivas sem antes olhar o calendário. Com Fat Eddie Lacy machucado e um jogo terrestre inexistente, era preciso uma sequência de jogos mais tranquilos para a defesa, a fim de acertar o plano de jogo ofensivo e ganhar momentum para a hora que fosse necessária.

A sequência de vitórias inclui Eagles (décimo sexto em pontos e com um quarterback calouro), Texans (quarto pior ataque da liga em pontos empatados com Chicago), Seahawks (apesar de ser o décimo oitavo ataque em pontos, passava pelo pior momento com a sua linha ofensiva), Bears (com Matt Barkley lançando bolas), Vikings (vigésimo terceiro em pontos) e Lions (vigésimo em pontos com Matthew Stafford tendo uma lesão no dedo que, visivelmente, o desacelerou).

Na primeira partida da pós-temporada, o encontro contra um New York Giants que não empolgou ofensivamente durante a temporada regular (sétima pior marca em pontos por jogo) e que tinha as suas esperanças que Eli Manning pudesse crescer, como sempre, na pós-temporada e tornar-se Elite – o que passou longe de acontecer, os Giants não sobreviveram sem uma consistência terrestre.

Claramente a sequência de jogos de Green Bay foi favorável para o reagrupamento ofensivo, principalmente porque Aaron Rodgers não precisava ficar correndo atrás do placar a todo momento. Isto possibilitou que Dom Capers e Mike McCarthy pudessem adotar a filosofia mais vencedora da NFL: forçar mais turnovers e não entregar a bola para o adversário. Não tira o mérito – mas ajuda a explicar.

A reconstrução do ataque

No início do ano, Rodgers tinha a sua disposição um Lacy que não empolgava, um Jordy Nelson voltando de uma lesão no joelho e a combinação Richard Rogers + Jared Cook ainda estava começando a funcionar – com Cook saindo na semana 3, tudo ficou nas costas do Rodgers que faz recepções. Com isso, toda a pressão por produção ficou em cima de Randall Cobb – que não vinha de uma boa temporada – e Davante Adams – o terceiranista que havia decepcionado nos dois primeiros anos.

O ataque perdeu fluidez. Não funcionava direito. Sem jogo terrestre, nenhum time vai ter equilíbrio nas chamadas e todos vão sentir isso. Foi com o ressurgimento de Jordy Nelson (média de 7,3 recepções e 99 jardas durante a sequência de vitórias na temporada regular; em comparação nos 10 primeiros jogos do ano a média foi de 5,3 recepções e 66,3 jardas por jogo), Ty Montgomery se firmando como um running back para todas as horas (a partir do jogo contra Houston que ele foi diretamente envolvido em todo o plano de jogo) e a volta de Jared Cook na semana 10 contra Washington, que este ataque conseguiu se reequilibrar.

A pressão saiu dos ombros de Cobb e Adams, possibilitando Aaron Rodgers fazer o que ele mais sabe: distribuir a bola por todo o campo. A estatística que melhor resume como esta volta por cima ocorreu por causa do ataque se resume na diferença de turnovers.

O benefício de um ataque equilibrado e a tática contra Dallas

Quinze turnovers forçados e nenhum cometido. Foi assim que Green Bay chegou até os Cowboys. O ataque equilibrado conseguia disparar no placar e forçava os adversários a lançar a bola, tanto é que a equipe enfrentou uma média de 19 tentativas de corrida durante a sequência de vitórias até o jogo contra os Cowboys. Coloque isto em perspectiva: eles enfrentaram Jordan Howard, Lamar Miller, o ataque terrestre de Seattle e quem teve mais carregadas, de todos que jogaram contra eles, foi… Zach Zenner com 20 carregadas.

Foi nesta mesma pegada que McCarthy arrumou a equipe contra Dallas. A intenção era óbvia: ser super agressivo no início, lançando a bola em profundidade e esperar que os Cowboys largassem o jogo terrestre. Desafiar Dak Prescott a lançar com pressão em sua face. A tática era acreditar no pass rush com Julius Peppers (esteve em campo em 45 snaps, quase dez snaps a mais que a sua média na temporada de 36,5) e Clay Matthews (esteve em campo em 49 snaps e a sua média na temporada regular foi de 39,6) e tentar pular na frente do placar.

A natureza conservadora acabou aparecendo no segundo tempo, quando a marcação individual com LaDarius Gunter em Dez Bryant começou a falhar miseravelmente (e o cover 2 com cobertura soft apareceu). Só que Aaron Rodgers mostrou como se faz e foi agressivo na hora decisiva – o que resultou na vitória. Foi no momento que Dallas se deu conta que precisava voltar a correr com a bola que os Packers quase perderam – Ezekiel Elliott teve apenas 22 carregadas, mesmo com uma média de 5,7 jardas por carregada no jogo.

A virada e a perspectiva contra Atlanta

A virada de mesa não foi apenas por causa do nível que Aaron Rodgers está jogando – nem batemos nesta tecla aqui para não ficar repetitivo. Com um ataque muito mais equilibrado, Green Bay conseguiu implantar a tática de tentar forçar erros do adversário e o resultado foi a final de conferência totalmente improvável após o 4-6.

Isso significa que eles vão ao Super Bowl? Não é tão direto assim. Apesar de ser o time com mais momentum na NFL, os Falcons possuem o ataque mais completo da liga e baseia-se nos mesmos princípios da equipe: distribuir a bola ao máximo. Ao contrário do que ocorreu com Dallas, a defesa de Green Bay terá muito mais dificuldades para manter a pressão e tentar forçar erros de Matt Ryan.

Ofensivamente, os próprios Packers vão encontrar algo que até agora não viram muito: um pass rusher. E é aqui que fica a dúvida se Rodgers e companhia vão aguentar o tranco. Apesar de Atlanta ser a pior equipe na redzone dos quatro times, essa defesa deve apresentar mais desafios do que a dos Cowboys. Mesmo assim, espere um Aaron Rodgers com sangue nos olhos e pronto para fazer história – vale lembrar, ninguém que começou 4-6 no ano chegou ao Super Bowl.

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