Não existe clima para absolutamente nenhum post sobre futebol americano hoje. Em realidade, nem sobre qualquer outra coisa sobre esporte que não seja solidariedade para com os entes dos que perderam a vida no acidente desta madrugada no vôo que levava a delegação da Chapecoense para Medelín.
Além de jogadores e comissão técnica, vários colegas de imprensa acabaram por nos deixar no acidente. Nosso luto em respeito a eles também. Principalmente por conta deles, optamos por estar de luto hoje e não postar nada. Realmente esperamos que entendam.
Sabemos que alguns não vão gostar e que queriam saber infos sobre o Monday Night e etc. E que outros vão falar “AH MAS VOCÊS SÃO SOBRE NFL, O QUE TEM A VER?”. Mas, antes de ser um veículo que cobre a NFL, somos humanos.
Amanhã retornamos com a programação normal.
Att,
Antony Curti – Editor-Chefe Pro Football NFL & College Football
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Nosso redator, Gabriel Moralez, escreveu algumas palavras sobre – especialmente pelo fato de termos perdido colegas de imprensa – e adicionaremos abaixo.
Acredito que certas coisas óbvias não precisam ser ditas. É por isso que não me manifestei ontem em nenhuma rede social sobre o acidente aéreo que vitimou o time da Chapecoense, jornalistas e tripulantes. Não mudei minha foto de avatar, não escrevi nada e nem compartilhei mensagens de apoio. Em um momento de luto e tristeza tão evidentes, achei desnecessário tomar estas pequenas atitudes – e, por favor, não entenda estas palavras como uma crítica a quem o fez.
Ao longo de todo o dia tentei seguir com a minha rotina – claro, na medida do possível -, pois queria não pensar tanto no assunto. Arrumei minha cama, almocei, comecei a escrever sobre minhas equipes no Power Ranking, mexi no meu time de Fantasy etc., mas alguma coisa não estava certa. Como deixar de lado o que havia acontecido naquela madrugada? A cada cinco minutos eu parava o que estava fazendo, abria o Facebook e procurava alguma notícia nova.
Este não foi o primeiro desastre desse tipo e infelizmente não vai ser o último. Porém, posso dizer que de longe foi o que mais mexeu comigo. O que mais me dói é saber o nome de várias das vítimas e conhecer muitas de suas histórias. Dessa vez não aconteceu em uma realidade distante. Aqueles que perderam suas vidas não são apenas uma estatística triste. No último domingo, eu vi esses caras jogando bola na tela da minha televisão. Me lembro do Cléber Santana jogando pelo Santos e ganhando o Paulistão há alguns anos. Caio Jr. fazendo milagre e quase classificando meu time à Libertadores em 2007. Ananias, o craque da Barcelusa. Deva Pascovicci, uma das vozes que eu mais ouvi no rádio. Mário Sérgio, sempre ácido e sem papas na língua. Danilo, Bruno Rangel, Victorino Chermont e todos os outros.
Além de todos os pais, irmãos, filhos etc. que perderam suas vidas, também não consegui parar de pensar na torcida fanática que perdeu seu time do coração. Em um dia, o melhor momento da história da equipe. No outro, os torcedores acordam órfãos. Sei que isso não se compara à dor dos familiares e amigos que perderam seus entes queridos, mas a imagem daquele garoto cabisbaixo, com a camisa da Chapecoense e sentado na arquibancada é de partir o coração de quem ama esporte.
Este texto não tem nada a ver com futebol americano e é só um pequeno desabafo escrito meio às pressas, e com lágrimas nos olhos, de uma pessoa que não conseguia dormir de madrugada pensando em como a vida as vezes pode ser cruel.
Por último, queria que a mensagem final aqui não fosse de tristeza, mas sim de esperança. Assim como a imagem que ilustra este texto, com os torcedores tomando as ruas de Chapecó em honra ao time.
Faço minhas as palavras ditas por Maradona: “A partir de hoje, sou torcedor da Chapecoense”. Stay Strong Chape, você é gigante e nós vamos ajudar você a se reerguer.
