Na última semana, aqui no ProFootball, fiz um texto especial sobre um dos quarterbacks de segunda prateleira do Draft: Hendon Hooker. Nele, tentei fugir das estatísticas para entender melhor o lado intangível do esporte. Por que Hooker, um passador talentoso e com bom potencial, não possui cotações altas e como isso o impacta?
A narrativa de Stetson Bennett é muito semelhante, porém, mais extrema. O produto de Georgia, aliás, mal receberia um texto neste site se não fosse uma transformação repentina que aconteceu em seu final de carreira. Depois de muitas idas e vindas, ele sagrou-se campeão pela faculdade em 2022, recolocando-o na discussão para uma possível seleção no Draft.
De possível zé-ninguém a campeão, Bennett conseguiu tirar seu nome do anonimato, mas está longe de qualquer afirmação. Ser uma escolha de segundo dia, inclusive, é uma possibilidade baixíssima. Afinal, qual a anatomia desse nome marcante?
Entre idas e vindas, a chegada ao topo
Nem sempre é a hora de dizer adeus. O período universitário de Bennett pode ser resumido nessa frase. Recrutado por Georgia em 2017, ficou um ano no banco e as perspectivas para o futuro não eram melhores – afinal, havia Jake Fromm e Justin Fields à sua frente. Saiu da faculdade, então, para buscar a titularidade em um programa menor, Jones County.
O quarterback parecia fadado a não voltar a ter uma grande chance no que tanto amava fazer. Stetson começou a jogar futebol americano com o pai aos três anos de idade e, com 12, já fazia parte de um time amador que disputava pequenos campeonatos ao redor do país. No início, atuava como passador e na secundária, especializando-se, então, na posição ofensiva.
Seus destinos, porém, voltaram a se cruzar. Com a transferência de Fields na temporada seguinte, Georgia procurou Bennett para um retorno em 2019; naquele momento, para ser reserva de Fromm. Manter a mentalidade forte e não desistir foi essencial para que tudo, então, começasse a dar certo. Depois de disputar a titularidade com J. T. Daniels em 2020, finalmente conseguiu conquistá-la integralmente no ano subsequente.
É então que Stetson desponta. Aproveitando-se da espetacular defesa da equipe, liderada por Jalen Carter, ele torna-se um quarterback extremamente eficiente, anotando quase 70 touchdowns totais (passados + corridos) nesses dois anos. O ápice foi a conquista do torneio no início deste ano, com uma performance ofensiva laureada.
Por que, então, Bennett é tão subvalorizado?
Qual o valor do sucesso?
Na NFL, a régua é alta. E aqui nem falo de altura, que é um dos problemas de Bennett; com apenas 1,80m, isso pesa por não ser estelar nas outras características, diferentemente de Bryce Young. Em um recrutamento forte na classe, Stetson não se dá nem o direito de ser tão promissor com outros nomes que chegam crus para a titularidade imediata, mas que possuem potencial alto, como o já mencionado Hooker e Will Levis. Além disso, o mesmo tempo que o fez reconquistar o sucesso universitário pesa contra si agora, afinal, ele chegará no recrutamento com 25 anos.
Bennett não é um mal jogador. É inteligente dentro de campo, vitorioso, eficiente em curta/média distância e não é um passador “travado” nas mecânicas. No entanto, está longe de se mostrar preparado para o nível profissional; faltam-lhe, principalmente, os atributos físicos e um braço mais potente para atingir o fundo do campo, além de um polimento geral.
Seu futuro, porém, não é uma tragédia. Hoje, Stetson apresenta condição de ser um ótimo reserva na liga. Sua sólida carreira, depois de tantas reviravoltas, demonstra que ele possui várias características de caráter e liderança que são muito válidas para se ter em uma equipe. Ademais, nunca se sabe quando é necessário ter um substituo confiável na posição, portanto, é uma vacância importante.
É isso, inclusive, que valorizou Stetson para o recrutamento. Claro, ainda será uma escolha baixa, mas muitos times coçarão a cabeça para não perdê-lo no fim do segundo/início do terceiro dia. É um nome que será importante para o vestiário e que sempre estará lá para fazer um trabalho decente, quando necessário, dentro de campo.
Se seu sucesso na faculdade não foi o suficiente para alçá-lo ao estrelato de imediato, Bennett ainda tem muito pelo que lutar na NFL. Aliás, o exemplo está em sua própria carreira, quando tudo parecia perdido ao sair de Georgia logo no início. Stetson é alguém que entende de recomeços ao precisar se provar. É a hora de fazer isso uma segunda vez.
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