O faroeste caboclo da AFC West

Se antes os Chiefs eram soberanos, agora o cenário é outro: Chargers e Broncos vieram fortes para a disputa, enquanto Kansas City tenta sair da campanha negativa. A briga na AFC West promete muitas emoções ainda pela frente.

Ah, o louco faroeste das divisões Oeste. O lado da Conferência Nacional é conhecido pelo alto nível de competitividade, mas quem chama a atenção neste começo de ano é o lado da Conferência Americana. Se o Kansas City Chiefs era inatingível há alguns anos atrás, 2025 vem trazendo uma mudança de cenário importante.

Os Chiefs começaram 0-2 pela primeira vez desde 2014: a primeira vez na era Mahomes. Do outro lado, os Chargers começaram 3-0 e desde então, têm duas derrotas seguidas. Por fim, os Broncos começaram com o freio de mão no ataque, mas se encontraram e também estão na briga pela divisão.

Esqueçam os dias de soberania absoluta de um ou outro time. A tendência é que o faroeste dentro da AFC West só cresça nas próximas temporadas.

Apêndice: o showbol virou um enterro

Antes de falar acerca dos três principais times, um pequeno adendo sobre o elefante branco na sala. Em outras palavras, o Las Vegas Raiders. Assim como um certo time verde de Nova York, os Raiders estão mais uma vez tentando estabelecer uma cultura e se dar respeito. E tal como os Jets, estão falhando miseravelmente em 2025.

Lá no início da temporada, escrevi uma pequena prévia de como os Raiders – e em especial, o ataque – poderiam ser com Pete Carroll e companhia. Pois bem: estamos na semana 6 e a festa já virou um enterro. Depois de vencer os Patriots na semana 1, o time foi ladeira abaixo. São quatro derrotas consecutivas e, para desespero da torcida, uma pior do que a outra.

Talvez a pior de todas tenha sido o 40×6 contra os Colts na última semana. Após abrir o placar com seis pontos, o time sucumbiu feio e tomou 40 pontos na sequência. Que a defesa tem os seus problemas crônicos, isso não é novidade. Mas o que vem afundando de vez desde a semana 2 é o ataque. Especialmente o quarterback.

Geno Smith vem tendo atuações para esquecer desde a semana 2. Contra Indianapolis, o buraco chegou na camada pré-sal: 25/36 passes para 228 jardas e duas interceptações. A segunda foi pavorosa e ainda resultou numa pick-6, por exemplo. Porém, o mais alarmante é como a sua precisão decaiu nesse ano. Geno é o 23° nos ratings de passes completos e em precisão, quando em 2024 ele terminou em 5° e 12°, respectivamente. Vale lembrar que a linha ofensiva contribui em parte desses problemas, em especial na proteção: Geno é o 4° QB mais sacado da liga.

Entretanto, Geno Smith não está fazendo por onde. Pelo contrário: ele é o líder em interceptações, com 9 no momento. O quarterback preciso e com poucos turnovers que os Raiders queriam não veio. Com isso, as outras partes do ataque afundam, mesmo que elas tenham flashes: Tre Tucker, Ashton Jeanty, Brock Bowers (que não está saudável, inclusive), etc. O primeiro ano da era Pete Carroll nos Raiders não poderia começar mais com o pé esquerdo. E a tendência é só piorar.

Wild Wild (AFC) West

Pode ser que o final da história seja diferente do presente, de fato. Porém, 2025 já nos trouxe uma comprovação do inevitável: as estruturas ofensivas do Kansas City Chiefs não serão mais as mesmas lá na frente. Apesar de ter Mahomes, Andy Reid e companhia, o diferencial está na última parte – desta vez, para pior. As ausências de Rashee Rice e Xavier Worthy (este por menos tempo) neste primeiro quarto de ano foram duros golpes ao ataque. Isso fez com que as fragilidades ficassem expostas: o resto dos recebedores, o backfield que não empolga os olhos, o sr. Swift… Por falar em Travis Kelce, a volta dos dois wide receivers vai tirar de vez os alvos principais dele: algo que, com o seu natural declínio físico, vai preservá-lo para os momentos importantes.

Entretanto, é necessário ressaltar um ponto. Mesmo com a derrota para Jacksonville, o ataque segue pontuando em quase todos os drives. Segundo a TruMedia, o time pontuou em 51% das suas campanhas: a terceira maior marca na NFL e a maior dos próprios Chiefs, se compararmos com os três anos anteriores – onde, em todas as ocasiões, a equipe chegou ao Super Bowl. Embora não pareça a melhor coisa do mundo no lado defensivo também, os Chiefs deste ano ainda são aqueles Chiefs. Mesmo com a campanha negativa no momento.

Do outro lado, o Los Angeles Chargers começou 3-0 e desde então, tropeçou na sequência. Fica difícil manter a fisicalidade tão características de Jim Harbaugh quando a bruxa das lesões está solta. Do lado da defesa, a ausência de Khalil Mack impacta não apenas o pass rush, como também a proteção terrestre. Omarion Hampton, running back calouro, saiu no último domingo lesionado. E a linha ofensiva está totalmente destroçada: Mekhi Becton, Trey Pipkins, Joe Alt são só algumas baixas.

Com isso, Justin Herbert fica mais exposto no pocket – e portanto, vem os erros. Nos últimos três jogos, Herbert foi pressionado em 47% dos snaps, atrás apenas de Justin Fields e seus Jets. Nesse mesmo período, o quarterback sofreu 11 sacks e lançou quatro interceptações. Para a sorte dele, Joe Alt deve voltar à campo nas próximas semanas e a vida dele deve melhorar. Um pouco.

Por fim, temos o Denver Broncos. O começo ruim do ataque tirou brevemente os holofotes da defesa: de maneira injusta, inclusive. Vance Joseph e seus coringas estão fazendo um excelente trabalho. Contra os Eagles na semana 5, foi a melhor delas.

Depois de sofrerem com o ataque dos Eagles no primeiro tempo, Denver largou o seu mano a mano característico e começou a mostrar mais coberturas com dois safeties no fundo do campo. Mais do que isso: começou a pressionar mais Jalen Hurts dentro do pocket. O resultado veio logo, com Hurts segurando a bola por mais segundos e, consequentemente, sofrendo mais sacks. Com os adversários sob controle de um lado, coube ao ataque dos Broncos aparecer no segundo tempo – e eles fizeram com maestria. Até agora, essa é a grande vitória da era Sean Payton, desde que ele chegou à franquia em 2023. Se as coisas continuarem na mesma toada, a tendência é que outras vitórias maiúsculas venham em seguida.

Dá para os três irem aos playoffs?

Ok, ainda está cedo para saber quem vai e quem fica pelo caminho. No entanto, já se passou 1/4 de temporada regular: ou seja, é possível fazer algumas conjecturas. Com exceção dos Bills (que não são imbatíveis), a Conferência Americana está uma bagunça neste momento. Para a nossa felicidade.

Todas as previsões anteriores à setembro viraram pó e foram embora junto com o ano de Joe Burrow. A AFC North, conhecida pelos seus embates, está de ponta a cabeça. O líder da divisão é ninguém menos do que o Pittsburgh Steelers, que não empolga nos dois lados da bola. Na AFC East, Buffalo segue soberano, embora os Patriots estejam a fim de fazer uma gracinha. O entretenimento absoluto está no lado sul: Colts e Jaguars estão surpreendendo todo mundo, além de uma possível remontada dos Texans no caminho. Então sim, existe um cenário onde Broncos, Chargers e Chiefs podem ir para a pós-temporada.

O mais legal até agora é que não há um favorito “absoluto” na conferência. Todas as equipes possuem pontos fortes e outros de interrogação, algumas bem mais do que outras. Se esse começo de 2025 pode nos ensinar algo, é que não tem ninguém bobo na AFC mais. Principalmente no lado oeste dela.

Para saber mais:
Transmissões da Semana 6 da temporada 2025 da NFL
Drake Maye: É, tá na hora de chamar de franchise quarterback
Jets 0-5: o que deu errado neste início de temporada?
Joe Flacco nos Bengals: Faz sentido ou não?

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