*por Guilherme Cohen
Eu queria ser vivo em 1906 e que nessa época já existissem as redes sociais só para ver a reação do público à adição do passe para frente ao livro de regras da NFL. Será que existiriam reações exageradas como “Vocês estão acabando com o nosso esporte, vai virar o futebol”?
O livro de regras foi feito, criado e anualmente editado para tentar deixar o jogo melhor para quem joga. Na NFL, um adicional: a tentativa é deixá-lo melhor para quem assiste, já que por mais que não pareça, esse esporte também é um programa de televisão.
Nessa segunda-feira (25), a liga proibiu o uso do hip-drop tackle, que fez algumas vítimas como o running back Tony Pollard e o tight end Mark Andrews. Esse movimento consiste em agarrar o adversário, girá-lo, enquanto o tackleador sai do chão se jogando nas pernas de seu oponente.
Para Rich McKay, componente do comitê de competições da NFL, esse não é o fim desse tipo de tackle, já que todos os componentes citados acima precisam estar presentes para a marcação da falta: “Esta é a eliminação de uma técnica giratória que não é usada com muita frequência e, quando usada, é extremamente prejudicial para o corredor. O corredor está puramente indefeso.”
Ele cita isso porque de acordo com dados fornecidos pelo próprio comitê, esse movimento aconteceu cerca de 60% mais vezes em 2023 do que no que se refere a temporadas anteriores.
E não se esqueça: a NFL é um produto e ela quer ter os seus melhores jogadores em campo sempre. Diminuir a possibilidade de lesões que tirem esses atletas de partidas, mesmo que isso seja impopular, sempre será aprovado.
Mudança no kickoff agradou os fãs
Já que essa medida foi considerada impopular, pelo menos na terça-feira (26), algo agradou uma boa parte dos torcedores: a nova regra de kickoff.
Eu gosto dessa nova versão da regra que vai descaracterizar o que estamos acostumados com o posicionamento inicial de kickoffs, mas trará dinamismo e vai mudar um pouco a posição inicial das campanhas, na média.
Essa nova regra consiste em ter o kicker sozinho na sua própria jarda 35, enquanto os outros dez jogadores de ataque estarão imóveis na jarda 40 de seu adversário. Nove ou dez jogadores do time de retorno estarão estacionados entre a jarda 35 e 30. Todos eles só poderão se mover quando a bola tocar o retornador ou qualquer local dentro da jarda 20.
Os retornadores serão obrigados a retornar, excluindo qualquer possibilidade de fair catch. Mas caso eles deixem a bola entrar na end zone será um touchback na jarda 20; se a bola entrar direto na end zone, um touchback na jarda 35. A jarda 40 será o ponto de partida nas seguintes situações: a bola não alcançar a jarda 20 do adversário para que ele retorne, ou seja, chutada pela lateral do campo.

Essa nova regra saiu de uma criação da XFL, mas também foi adotada por outras ligas profissionais menores como a USFL – que se fundiu com a XFL e se tornou UFL – e com a European League of Football (um projeto parecido com a antiga NFL Europa).
Em 2023, a XFL registrou um total de 341 retornos de kickoff de acordo com suas regras específicas para esse tipo de lance. Enquanto isso, a NFL teve um número maior, totalizando 587 retornos de kickoff no mesmo período. Vale ressaltar que a XFL realizou apenas 40 jogos durante a temporada regular, em comparação com os 272 jogos da NFL. Isso significa que, em média, cada jogo da XFL teve aproximadamente 8.5 retornos de kickoff, enquanto cada jogo da NFL teve uma média de 2.2 retornos de kickoff.
Aos mais preocupados, está tudo bem, ok? Há dois anos mudaram as regras de numeração que todo mundo achou que ia ficar feio e hoje ninguém mais fala nada; ninguém reclama mais sobre um jogador receber um contato violento na cabeça.
Estou ansioso para ver essa mudança em prática e como isso, futuramente, vai impactar até o mercado de retornadores de kickoff.
* Guilherme Cohen é comentarista de arbitragem dos canais ESPN, árbitro de futebol americano e um dos fundadores da EAFA – Escola de Arbitragem de Futebol Americano, pioneira no país na formação de novos árbitros. Além disso, é especialista em Marília Mendonça e crossfiteiro de baixo rendimento.
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