É o fim de uma era no Miami Dolphins: Tua Tagovailoa não será mais o quarterback titular da equipe em 2025. A derrota para o Pittsburgh Steelers no último Monday Night Football jogou a última terra neste caixão bastante moribundo. A partir de agora, o titular contra o Cincinnati Bengals será Quinn Ewers. Com isso, Tua passa a ser o QB3 do elenco. Sim, atrás até do Zach Wilson.
Que o ano já foi para o espaço, isso não é novidade. Chris Grier foi demitido, Mike McDaniel vive hoje numa eterna corda-bamba… Porém, a ida de Tua Tagovailoa para o banco marca não somente o fim de uma era. Também mostra que uma reconstrução completa está no percurso do Miami Dolphins. Mais uma vez.
Como eu pude um dia me apaixonar por você…
Olhar para o Tank for Tua, há seis anos atrás, sob a perspectiva de hoje é algo curioso. E digno de fossa, no caso da torcida dos Dolphins. Afinal de contas, Tua Tagovailoa era a promessa de dias melhores desde 1900 e bolinha. Mesmo com seu longo histórico de lesão naquela época já – com destaque para o quadril -, ele era o quarterback que saiu do banco e levou Alabama para mais um título em 2017. Ele era um prospecto de primeira rodada com louvor e Miami não errou em selecioná-lo em 2020.
Só que errou com o resto. Assim como o próprio Tua deixou os Dolphins em muitas ocasiões.
A queda brusca de rendimento não é uma novidade de 2025. Ela vem acontecendo desde o ano passado – ou, se quiser ser mais cruel, desde 2022 e aquela sequência terrível de concussões. Naquela época ainda, os Dolphins tinham um promissor head coach, além de seus dois wide receivers estelares 100% saudáveis. Com Tyreek Hill e Jaylen Waddle voando baixo pelo campo, era mais fácil colocar o play-action em prática. Se o quarterback soubesse antecipar bem e fosse confiante no pocket, como o próprio Tua era, as coisas fluíam.
Óbvio que existem outros fatores para essa derrocada. A falta de adaptações no esquema tático por parte de McDaniel, montagem de elenco duvidosas, as várias trocas de coordenadores defensivos, lesões – tanto de Tagovailoa, quanto do resto do time. 2025 foi a síntese disso, por exemplo. Hill se machucou logo na semana 4, Waddle e De’Von Achane perderam tempo lesionados também, etc. No entanto, elas apenas potencializaram o que já vinha acontecendo: a queda de produção e de confiança do quarterback.
Tua é hoje um quarterback desacreditado e errático ao extremo. Não à toa que ele lidera a NFL em interceptações neste ano, com 15. Em passes para 15 jardas ou mais, ele tem 39% de passes bem-sucedidos. É o menor percentual desde 2020 – seu ano de calouro – e abaixo da média da liga, que é de 43%. Dentro do pocket, a situação é pior. Quando ele segura a bola por mais de 3,0 segundos, seu rating vai para 30%. A média da liga é de 39%. Sem mobilidade para esticar jogadas com as pernas e sem precisão dentro do pocket, é difícil enxergar algo de bom nessa situação.
Como um dia escreveu Thiago André, só se sabe o que é bom quando conhece o ruim. Miami Dolphins e Tua Tagovailoa compartilharam momentos de esperança e outros terríveis juntos. Agora, é contar os dias para os papéis do divórcio.
Seu tempo acabou, vai, tchau e bença
Seguindo a toada de canetadas do Exaltasamba, os Dolphins não podem perder (mais) tempo com alguém que não lhes faz bem. Já adianto que Quinn Ewers é garantia de nada. Ou melhor: é garantia de um filme de terror. Quem viu seus tempos áureos em Texas sabe que ele é um quarterback limitadíssimo para os padrões da NFL. E detalhe: o QB2 do time agora é Zach Wilson, que é igualmente horrível.
Dito isso, o rebuild sem Tua Tagovailoa é a única alternativa. Só que existe o problema do contrato dele. Para o ano que vem, ele custará $56,4 milhões se ficar no elenco. Pelo andar da carruagem, a tendência é que ele não fique de jeito nenhum. Logo, as duas opções possíveis seriam trocá-lo ou cortá-lo após o dia 1° de junho.
Em termos financeiros, a troca seria a opção mais saudável para a franquia. Mas existem dois problemas: 1) Miami ficaria ainda com o dead cap de $45 milhões e 2) quem seria doido de trocar por Tua a esta altura do campeonato? Embora franquias desmioladas não faltem liga afora, a cotação dele anda bem em baixa. Até outros nomes que foram mal neste ano, como Kyler Murray, parecem opções mais atraentes atualmente.
O corte pós-01/06 é também possível, mas deixaria uma conta ainda mais salgada: $99 milhões. A diferença é que o valor poderia ser diluído ao longo de anos posteriores. Seria um cenário parecido com a hecatombe Russell Wilson e Denver Broncos em 2022, onde a franquia engoliu um dead cap monstruoso por dois anos.
Só que Denver tinha Sean Payton para capitanear a reconstrução e encontrou um quarterback promissor em Bo Nix. No momento, Miami não tem nem quarterback e, provavelmente, não terá head coach até o próximo ano. Para piorar, o time tem mais gente para afundar o dead cap do que Denver tinha na época. Além de Tua, a franquia vai pagar em 2026 cerca de $48 milhões de dead cap só para Jalen Ramsey e Tyreek Hill – caso ele decida sair do time ou se aposentar.
Serão tempos difíceis, torcedor dos Dolphins. Meus pêsames.
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