Quando se pergunta às pessoas “qual é o segundo esporte dos brasileiros?”. Normalmente, as respostas podem variar entre vôlei ou basquete. Outras opções podem aparecer, tal como: automobilismo, tênis, surfe ou MMA, mas essas últimas estimuladas por ídolos recentes. Dificilmente veremos alguém dizer que o segundo esporte é o futebol americano. E por quê? A resposta é simples: porque ninguém sabe. Pelo menos, não no Rio Grande do Sul.
Em um ano marcado pela realização inédita dos Jogos Olímpicos na América do Sul, tudo levaria a crer que os esportes presentes na edição de verão da competição internacional, como futebol, vôlei, basquete, natação, rugby etc. poderiam roubar as atenções e diminuir o aumento de público do futebol americano no Rio Grande do Sul.
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Os indícios que provam que isso não aconteceu estão na maciça presença dos fãs nas 11 sedes, localizadas em nove cidades por todo o Estado. É inegável a expansão dos times gaúchos. E não só isso, é uma indústria que já compete em igualdade (e até supera alguns!) com esportes mais tradicionais no RS (futebol, futsal, vôlei e basquete). Por toda a conjuntura apresentada, a entrada de um público mais interessado no esporte – principalmente o mais jovem – pode levar ao futebol americano conseguir cifras e números mais elevados em pouco tempo.
Uma das provas de que esse cenário veio para ficar é que grandes mídias estão dando mais enfoque para essa área. Regionalmente, diversos veículos – especializados ou não – já produzem, editam, publicam e distribuem regularmente sobre o futebol americano praticado nos pampas por todos os meios possíveis, desde: papel impresso, rádio, televisão e internet.
Mas não é só o jornalismo gaúcho que contribui para o desenvolvimento da expansão do esporte por todo o Rio Grande, as dez equipes participantes facilitaram a comunicação com os seus fãs e, da mesma forma, com a imprensa; principalmente através dos canais onlines e redes sociais.
A organização do certame gaúcho ajudou a trazer mais adeptos para as arquibancadas. Não a toa que a Federação Gaúcha de Futebol Americano (FGFA) foi a primeira entidade a definir com antecedência as equipes participantes e o calendário de jogos – as primeiras reuniões foram agendadas ainda no segundo semestre de 2015, a frente de federações mais fortes e reconhecidas nacionalmente: como a catarinense e a paranaense, que tiveram problemas para concretizar com antecedência os seus certames estaduais.
O Pro Football aprofundou a questão de público e renda da temporada 2016 do campeonato gaúcho de futebol americano para entender como, um esporte amador e que ainda engatinha no Rio Grande do Sul, conseguiu superar outros certames estaduais profissionais/amadores e olímpicos.
Confira os dados do campeonato gaúcho de futebol americano 2016
Temporada regular |
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| Mandante | Resultado | Visitante | Estádio | Público | Renda (R$) | Ocupação | Ingresso (R$) | ||||||||||
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35-7 |  |
Presidente Vargas | 700 | 2.660 | 10,68% | 5 | ||||||||||
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21-6 |  |
CT do Juventude | 700 | 4.000 | 77,77% | 10 | ||||||||||
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13-14 |  |
Campo do Nacional | 450 | 4.000 | 70,31% | 10 | ||||||||||
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85-0 |  |
Poliesportivo | 300 | 0 | 100% | Grátis | ||||||||||
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74-0 | |
PUCRS | 695 | (?) | 33,09% | 10/15 | ||||||||||
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0-2 |  |
Estádio da Montanha | 2.200 | 9.000 | 36,66% | 5 | ||||||||||
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0-13 | |
PUCRS | 600 | 5.500 | 28,57% | 10 | ||||||||||
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0-101 | |
Campo do Onze Unidos | 500 | 1.500 | 55,55% | 5 | ||||||||||
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0-50 | |
PUCRS | 600 | 5.700 | 28,57% | 10 | ||||||||||
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6-43 | |
Estádio da Montanha | 1.800 | 6.500 | 30% | 5 | ||||||||||
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35-8 | |
Sesi | 300 | 0 | 15% | Grátis | ||||||||||
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0-36 | |
Campo do Nacional | 500 | 4.080 | 78,12% | 10 | ||||||||||
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0-31 | |
Campo do Onze Unidos | 300 | 750 | 37,5% | 5 | ||||||||||
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25-15 | |
PUCRS | 700 | 650 | 33,33% | 10 | ||||||||||
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10-20 | |
Presidente Vargas | 1.100 | 5.000 | 16,78% | 5 | ||||||||||
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3-43 | |
PUCRS | 800 | 5.000 | 38,09% | 10/15 | ||||||||||
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6-78 | |
Campo do Nacional | 300 | 2.400 | 46,87% | 10 | ||||||||||
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36-14 | |
Poliesportivo | 350 | 0 | 116,66% | Grátis | ||||||||||
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64-0 | |
Estádio dos Plátanos | 800 | 4.000 | 11,42% | 5 | ||||||||||
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25-0 | |
CT do Juventude | 450 | 3.600 | 50% | 10/15 | ||||||||||
Pós-temporada |
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| Mandante | Resultado | Visitante | Estádio | Público | Renda (R$) | Ocupação | Ingresso | ||||||||||
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42-8 | |
Presidente Vargas | 650 | 3.250 | 9,91% | 5 | ||||||||||
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26-30 | |
Campo do Nacional | 85 | 850 | 13,28% | 10 | ||||||||||
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0-18 | |
Estádio dos Plátanos | 1.000 | 6.000 | 14,28% | 5 | ||||||||||
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38-0 | |
Elias Soldatelli | 700 | 9.600 | 82,35% | 20 | ||||||||||
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3-21 | |
Beira-Rio | 12.066 | 282.000 | 29,95% | 20 a 40 | ||||||||||
O tradicional vôlei já não é mais o segundo
Para se ter ideia da dimensão do crescimento do futebol americano em solo gaúcho é a ultrapassagem do FA sobre o campeonato estadual masculino de vôlei. Segundo o presidente da Federação Gaúcha de Voleibol (FGV), Carlos Alberto Cimino, os quatro clubes – que são profissionais e pagam seus atletas para atuar – levaram cerca de 8.800 torcedores no campeonato inteiro. Onde cerca de 5.100 adeptos na temporada regular e mais 1.700 nos playoffs e mais as duas partidas das finais.
Eis os dados do campeonato gaúcho de vôlei 2015
Quatro equipes disputaram o certame: Bento Vôlei (Bento Gonçalves), Apav (Canoas), Voleisul (Novo Hamburgo) e Sest/Senat (Pelotas). As equipes jogaram no Ginásio Municipal de Bento Gonçalves, Poliesportivo La Salle, Sociedade Ginástica de Novo Hamburgo e Sest/Senat, respectivamente. As capacidades dos ginásios são: 4.000, 800, 2.500 e 800, concomitantemente.
Ao todo, foram 12 partidas na temporada regular e mais 6 na pós-temporada. A fase regular contou com cerca de 5.100 fãs em 12 partidas, o que representa uma média de 425 torcedores por partida. Os playoffs levaram cerca de 1.700 adeptos, também com 452 pessoas por jogo. Já as finais melhoraram um pouco o desempenho. As duas decisões somaram 2.000 espectadores, ou 1000 torcedores por final.
Vale ressaltar que os dados coletados são uma estimativa, já que não há registro oficial de público pela FGV e pelos clubes. Uma das razões para dificultar a precisão dos números é que não há renda das partidas através da venda de ingressos. Os clubes não são estimulados a comercializar os tickets. A solução é cobrar por alimentos não perecíveis, que são distribuídos a entidades e instituições de caridade a escolha das equipes.
Campeonato gaúcho de vôlei 2015 |
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| Equipe | Cidade | Ginásio | Capacidade | Ocupação | Ingresso (R$) | ||||||||||||
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Bento Gonçalves | Ginásio Municipal | 4.000 | 21,25% | Grátis | ||||||||||||
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Canoas | La Salle | 800 | 65,62% | Grátis | ||||||||||||
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Novo Hamburgo | SGNH | 2.500 | 32% | Grátis | ||||||||||||
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Pelotas | Sest/Senat | 800 | 18,75% | Grátis | ||||||||||||
O basquete também já ficou para trás
E não é só o vôlei que ficou para trás, o basquete também já foi superado. Na temporada 2015, quatro clubes disputaram o título de melhor equipe do Estado. Jogaram três times amadores e um profissional. Corintians (Santa Maria), Luba (Uruguaiana) e Sogipa (Porto Alegre); mais o Caxias (Caxias do Sul) – o único representante gaúcho no Novo Basquete Brasil (NBB), a divisão de elite no País.
Ao todo foram jogados dez partidas no torneio inteiro: divididos em seis jogos na fase regular entre Corintians, Luba e Sogipa, mais quatro nos playoffs e a final. As partidas ocorreram nos ginásios do Poliesportivo (Sogipa), Vasco da Gama (Caxias do Sul), Saul José Machline (Santa Maria) e Sest/Senat (Uruguaiana). As capacidades dos ginásios são: aproximadamente 1.000, (?), 2.500 e ., respectivamente.
Campeonato gaúcho de basquete 2015 |
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| Equipe | Cidade | Ginásio | Capacidade | Ocupação | Ingresso (R$) | ||||||||||||
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Caxias do Sul | Vasco da Gama | (?)* | (?)* | (?)* | ||||||||||||
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Porto Alegre | Poliesportivo | ± 1.000 | (?)** | Grátis | ||||||||||||
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Santa Maria | Saul José Machline | 2.500 | 13,12% | 5 | ||||||||||||
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Uruguaiana | Sest/Senat | 1.000 | 45% | Grátis | ||||||||||||
*Até o final do fechamento da edição, a assessoria de imprensa do Caxias Basquete não havia enviados os dados solicitados.
**Os quatro jogos da Sogipa em Porto Alegre foram com entrada franca. Como não há borderô, a assessoria de imprensa do clube preferiu não estimar quantas pessoas assistiram aos jogos.
E os outros esportes?
O Pro Football entrou em contato com as federações de rugby (FGR) e futebol de salão (FGFS) para coletar os dados. Contudo, vice-presidente do rugby gaúcho, Giancarlo Bristot, por meio da assessoria de imprensa, preferiu não informar todos os dados do campeonato gaúcho de rugby union, pois não há um controle de público nos 22 jogos da edição deste ano.
“Todos os jogos tem entrada franca e, por isso, não há um controle da quantidade de público. Então os números que temos são estimados. Os jogos que costumam atrair maior público são, pela 1ª divisão, em Bento Gonçalves. É razoável falar em 400 ou 500 pessoas por jogo. As finais desse ano tiveram bastante adesão: cerca de 1.300 pessoas em Bento Gonçalves, no jogo entre Farrapos 17 a 13 San Diego”, respondeu Bristot.
Os Farrapos sediaram quatro partidas durante a edição 2016. Todos os jogos foram realizados no Estádio da Montanha, que tem capacidade para receber 6.000 adeptos.
Quanto a FGFS, a entidade não enviou os dados referentes a edição 2016 da Série Ouro – a primeira divisão do campeonato estadual. A equipe do Futebol Americano Brasil e Pro Football chegou a visitar a sede da federação em Porto Alegre para obter as informações, porém, devido a recente troca de escritório e elenco reduzido, a FGFS não conseguiu enviar o conteúdo solicitado.
Sabe-se que são 84 partidas na temporada regular. Em um cálculo próprio, comparando com o público que foi aos jogos do campeonato gaúcho de futebol americano, a Série Ouro precisaria levar cerca de 338 torcedores por partida para superar a marca do futebol americano e ficar com a segunda posição no ranking de consumo dos gaúchos por esportes.
Nota do editor: Importante informar é que o campeonato estadual de vôlei e basquete masculino são realizados no segundo semestre de cada ano. Por isso não há a comparação direta dos números de 2016.
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