Não existe qualquer negócio, em nenhum ramo, que não envolva risco. Isso se deve a um fator simples, comum, mas constantemente esquecido: a imprevisibilidade. Claro que bons planejamentos mitigam os problemas e diminuem os imprevistos, mas é impossível ter tudo sob controle e prever o futuro.
Na NFL, parece que, por vezes, isso também fica de lado. Um exemplo? Está acontecendo em Washington, onde os Commanders estão em discussão contratual com Terry McLaurin, fazendo com que ele perca o começo do training camp enquanto não chegam a um acordo.
O wide receiver está em seu último ano do atual vínculo – assinado em 2022 – e quer um novo contrato, onde receba mais que os US$ 22,7 milhões de média atuais. O que se especula é que ele quer algo acima de US$ 30 milhões e segundo Jeremy Fowler, insider da NFL, os Commanders não parecem dispostos a isso.
Com o jogador chegando na casa dos 30 anos, não é de se estranhar que Adam Peters, general manager da franquia, bata o pé e não queira lhe dar tanto dinheiro. Basta olhar para o mercado e fica fácil entender: apenas um wide receiver assinou por mais de US$ 30 milhões com essa idade: Tyreek Hill. Por mais que eu adore McLaurin, são jogadores em patamares diferentes.
A matemática não é tão simples
Contudo, nem sempre você pode olhar apenas para matemática e pensar: “ele vai decair daqui a dois anos e estou ferrado”. A imprevisibilidade faz com que aguentar algum prejuízo seja importante para não sacrificar o presente. É exatamente isso que defendo no caso McLaurin-Commanders.
É claro que pagar 90 milhões para o camisa 17 é um risco para 2027…mas e o risco de ficar sem o jogador em 2025 e ver toda construção da temporada passada ruir? Jayden Daniels lançou um em cada quatro passes na direção de Scary Terry, com 30% de suas jardas totais e mais da metade de seus touchdowns sendo também para McLaurin.
Esse tipo de conexão não é de fácil reposição e no sistema do coordenador Kliff Kingsbury, Terry executa um papel único: o recebedor isolado, em que o quarterback irá jogar a bola quando estiver contra cobertura individual. Combinando boa velocidade e capacidade de saltar em bolas contestadas, foram 5 touchdowns em bolas que viajaram pelo menos 20 jardas aéreas, segundo melhor marca da NFL.
Num time que investiu tanto em jogadores para produzirem após a recepção em passes curtos – Deebo Samuel e Jaylin Lane chegaram para isso – perder seu X seria um drama sem tamanho: ninguém no elenco está perto de conseguir cobrir suas habilidades.
Vale o stress?
Outro fator que deve ser considerado é o vestiário. McLaurin é conhecido por ser um atleta exemplar, sempre muito respeitado entre os demais jogadores e capitão desde 2021. No ano seguinte ao que o time chega numa final de conferência, com o recebedor sendo um fator de grande importância, não o pagar manda que tipo de mensagem para os demais? Por que se esforçar tanto quando a recompensa pode ser simplesmente um “você está velho demais para essa grana”?
Já pensou criar tamanha instabilidade após tenebrosos anos, simplesmente por medo de arcar com alguns milhões de dead cap na folha em 2026 ou 27? Os Commanders finalmente saíram do limbo após trocarem de dono, tiveram uma temporada positiva após mais de 10 anos e ainda encontraram seu quarterback: não é hora de desgaste.
Olhando para a folha salarial, não há motivo para tanto drama também. Os Commanders tem a quarta folha com mais espaço para 2026 e não há ninguém no elenco que irá exigir uma polpuda renovação rapidamente: Jayden Daniels só poderá conversar sobre seu acordo após o fim de 2026 e até lá o cap já cresceu, manobras podem ser feitas e tudo mais se ajeita.
Adam Peters precisa parar de enrolar: chame Terry, ofereça algo até na casa dos US$ 32 milhões de média, um contrato que termine em 2027 e coloque a maior parte do dinheiro neste e no próximo ano. Qualquer coisa, além disso, é medo de ser feliz.
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