O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE O NOVO ACORDO DE TRABALHO DA NFL

Expansão dos playoffs e da temporada regular é a principal novidade, mas não a única

Após quase 11 meses de uma complicada negociação iniciada em abril do ano passado, a NFL anunciou que chegou a um consenso com o sindicato dos jogadores (NFLPA) a respeito do novo acordo coletivo de trabalho da liga (em inglês, Collective Bargaining Agreement – CBA). O novo acordo terá duração de 10 anos, em tese garantindo que não haverá greves ou paralisações de atletas por questões trabalhistas até 2030.

Como o próprio nome deixa claro, o CBA é o conjunto de normas que regem as relações de trabalho entre jogadores e franquias, estabelecendo, por exemplo, regras sobre contratos, remuneração, folha salarial, treinamentos, calendário da intertemporada e temporada regular etc. A atual legislação trabalhista havia sido firmada em 2011 e se encerraria ao final da temporada 2020.

O novo acordo foi aprovado pela NFLPA no sábado por uma margem apertada de 1019 votos a favor e 959 contra, mostrando como o novo regulamento está longe de ser unanimidade entre os próprios atletas – nomes de peso como Aaron Rodgers, Russell Okung, J.J. Watt e Russell Wilson, por exemplo, se posicionaram publicamente contra o que foi proposto.

Vejamos então o que o novo e em certa medida controverso CBA trará de mudanças para jogadores, fãs e a NFL como um todo.

Expansão imediata dos playoffs – e futuramente da temporada regular

A principal novidade do novo CBA é o aumento do número de vagas para os playoffs, passando de seis para sete em cada conferência e 12 para 14 times no total. A medida entrará em vigor já em 2020. A inclusão de um terceiro wild card significa que, a partir de agora, apenas a equipe com melhor campanha da conferência terá folga na primeira rodada do mata-mata. Ou seja, o seed #2 pegará o seed #7 na semana de repescagem, o #3 enfrentará o #6 e assim por diante.

A outra mudança no calendário é a possibilidade da NFL futuramente aumentar a temporada regular de 16 para 17 jogos por franquia. Hoje em dia já são 17 semanas de competição, porém, cada time tem uma semana de folga ao longo do ano. A liga terá uma janela entre 2021 e 2023 para adotar a medida, a qual cortará a pré-temporada de quatro para três confrontos.

Vale dizer que a NFL ainda não explicou como pretende lidar com um número ímpar de partidas. Uma das maiores dúvidas é quanto ao impacto competitivo, pois desequilibraria o número de jogos em casa e fora que as equipes fariam. Especulações dão conta de que a liga poderia fazer um revezamento entre as conferências, num ano dando um jogo em casa a mais às franquias da AFC, no outro às da NFC. Ou então fazer com que todo mundo disputasse uma partida em campo neutro por temporada, talvez visitando outro país. Em todo o caso, isso não deve ser resolvido por enquanto.

Aumento da receita destinada aos jogadores, do salário mínimo e dos bônus por performance

Atualmente, a NFL reserva 47% da sua receita total para pagar os jogadores. Essa fatia ficará um pouco maior a partir de agora, passando para 48% em 2021. Contudo, existe a chance dela crescer ainda mais nos próximos anos, a depender dos futuros contratos de televisão firmados pela liga: se a receita de TV crescer 60%, o percentual sobe para 48,5%.

Segundo a NFLPA, quem mais se beneficiará são os atletas que ganham menos. O salário mínimo da NFL, por exemplo, aumentará imediatamente cerca de 20%, subindo de 510 mil dólares para 610 mil. O aumento também será progressivo ao longo dos anos do CBA, podendo chegar até 1.065 milhão em 2030. Além disso, jogadores que recebem o mínimo da liga passarão a ter direito a bônus por rendimento e performance, começando na casa de 12% dos seus vencimentos.

A promessa da NFLPA também é de mais atenção e cuidado com os ex-jogadores, aumentando o pagamento de benefícios e pensões a atletas aposentados.

Uma última transformação financeira importante é que a partir de agora a remuneração anual dos jogadores será dividida em 34 parcelas semanais, englobando também boa parte da offseason. Antes, os jogadores recebiam o seu pagamento na forma de 17 cheques equivalentes às semanas da temporada regular.

Redução dos treinamentos de intertemporada

Uma das contrapartidas para o aumento no número de jogos na temporada regular foi a consequente diminuição dos treinamentos na offseason. Quando a expansão ocorrer, o número de sessões de treino com pads cairá de 28 para 16 durante o Training Camp. Ademais, a duração das atividades será reduzida de 3 para 2,5 horas e nenhum atleta poderá ficar mais de 12 horas por dia nas instalações da franquia. As equipes também terão que oferecer um período de aclimatação de cinco dias no início do Training Camp antes de atividades físicas mais intensas.

Elencos maiores em dia de jogo

Os times poderão ativar 48 jogadores do elenco principal para as partidas, ao contrário dos 46 atuais, contudo, um desses atletas extras deverá ser um offensive lineman.

O número de membros do practice squad também será maior, passando de 10 para 12 em 2020 e 2021 e 14 em 2022. Dois destes, por sinal, poderão ser elevados ao elenco principal durante a semana, fazendo com que os plantéis contem com 55 jogadores para os treinos.

Contratos de calouros seguem praticamente iguais

Em suma, o novo CBA não traz nenhuma grande inovação no quesito contrato de calouros, diferentemente do que aconteceu em 2011. A principal alteração é que atletas escolhidos fora da 1ª rodada poderão receber um bônus salarial no quarto ano de vínculo, baseado no número de snaps jogados e nas idas ao Pro Bowl.

Já a outra mudança é na opção de 5º ano, aquele vínculo de uma temporada extra que as franquias podem ou não escolher usar em suas picks de 1ª rodada. Além de se tornar totalmente garantida – antes ela só era garantida em caso de lesão -, a opção de 5º ano agora será calculada apenas com base na performance e não mais de acordo com a posição de seleção.

O que não muda: franchise tag

Havia grandes dúvidas quanto ao futuro da franchise tag, um recurso que os jogadores abominam, mas que agrada muito aos donos das franquias. No final, não mudou nada: a franchise tag e a transition tag seguirão exatamente como são até 2030.

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