Na NFL, existem equipes que podem parecer que não vão a lugar algum, na primeira impressão. Ou que possuem problemas demais para conseguir superá-los ao decorrer da temporada – e com isso, ficam de fora dos playoffs. Mas de algum jeito, eles conseguem superar as adversidades e voilá: eles viram competidores e estragam festas alheias. Se o Pittsburgh Steelers tem essa “aura de Libertadores” na AFC, quem está ganhando essa fama na NFC é o Tampa Bay Buccaneers.
É válido duvidar deles: Chris Godwin está fora da temporada e a linha ofensiva não é isso tudo, por exemplo. Porém, são quatro vitórias consecutivas e a liderança momentânea na divisão. Com a instabilidade reinando em Atlanta, Tampa só depende de si para garantir a vaga na pós-temporada. Para os demais times da NFC, isso é uma notícia ruim: se tem gente que ama estragar festa alheia, eles são os Buccaneers.
Aqui tem um bando de louco
Qualquer semelhança com o Corinthians é mera coincidência: a única diferença é que não tem (ainda) um navio pirata na Neo Química Arena. Tem tudo no elenco dos Buccaneers: tem jogador astro, tem jogador ruim, tem nerd, tem treinador cascudo e, para o deleite dos malandros, tem um certo padeiro doido jogando muita bola. Os Buccaneers são o melhor time da NFC? Não. Por outro lado, eles acabam um pouco abaixo do radar por não serem tão bons. E isso é um ás na manga.
Os números são um bom exemplo disso. Tampa tem um dos ataques mais eficientes da liga neste ano: é o 3° melhor em conversões de terceiras descidas (48,3%) e o 6° melhor na red zone (65,5%), por exemplo. Já a defesa, no entanto, não é lá isso tudo: é a 17° da liga em eficiência, além de ser a 12° que menos pressiona o quarterback adversário. Existe o peso das lesões: Jordan Whitehead rompeu um músculo do peitoral e a secundária como todo anda meio baleada. Ainda assim, é uma unidade que vem jogando abaixo.
Só que mesmo quando as coisas não parecem funcionar, o time ainda consegue vencer jogos com autoridade. Especialmente quando tem sua estrela em campo: Mike Evans. Os Buccaneers ficaram 0-3 quando Evans não jogou e depois, com ele em campo, estão 4-0. A partida contra os Chargers no último domingo mostra bem a importância dele. O wide receiver teve nove recepções para 159 jardas e dois touchdowns. Evans ainda é o ponto focal do ataque, mas outros nomes começaram a aparecer. Bucky Irving virou o dono do backfield e o calouro Jalen McMillan virou uma solução interessante a ausência de Chris Godwin. E claro, como não esquecer dele: hoje, Baker Mayfield é top-3 da liga em TDs passados, com 32.
De novo, é válido duvidar deles. Porém, Tampa bateu oponentes perigosos: Commanders, Lions, Eagles e, por último, Chargers. Eles podem não ser o time mais vistoso da liga, mas eles sabem encontrar maneiras de vencer. E no final do dia, é isso que te faz competir.
Tem que saber rodar a faca
Maestro Júnior nos ensinou a lição: se você não rodar a faca, o inimigo pode sobreviver. Todd Bowles é raposa velha na liga e sabe muito bem disso. Além disso, ele também sabe como utilizá-la ao seu favor. Foi assim nos playoffs do ano passado: os Buccaneers deram uma senhora sapatada nos Eagles e venderam caro a derrota para os Lions. E isso pode se repetir em 2024, já que a NFC está mais “aberta”. Com San Francisco tendo um ano para esquecer e Detroit lidando com uma chuva de lesões, Tampa pode surpreender em um jogo de wild card e ir mais à frente nos playoffs.
Para isso, precisa fazer a própria lição de casa. O time tem um dos calendários mais tranquilos a esta altura da temporada: pega Cowboys, Panthers e Saints. Embora a defesa de Dallas tenha melhorado um pouco, vai ser difícil arrumar um jeito de parar o jogo terrestre. E óbvio, vencer os dois rivais de divisão é muito importante. Até porque é a melhor maneira de sacramentar a divisão, já que os Falcons podem encostar na campanha. Neste caso hipotético, quem levaria a melhor seria Atlanta, pois ganha no confronto direto.
Poucos times são tão cascudos quanto o Tampa Bay Buccaneers. No meio da incerteza dos playoffs, ter casca pode te dar não apenas experiência, mas também te levar mais longe.







