A definição de clutch no Urban Dictionary é a mais clara possível: ser capaz de ter uma performance sob extrema pressão. É o momento que mais se espera do jogador e quando ele pode se consagrar. Como já deu para perceber, ser clutch é uma característica única e que independe do que se apresenta ao longo do jogo. Em tradução livre, poderíamos falar que alguém clutch é decisivo.
Note também que ser um jogador decisivo não está, necessariamente, correlacionado com a sua capacidade técnica. Tim Tebow, por exemplo, era extremamente clutch, porém não tinha capacidade de jogar na NFL. Quando o espírito decisivo se alia com os jogadores de capacidade técnica enorme, as lendas surgem – e nos rendem momentos inesquecíveis, não é Michael Jordan?
Como já deu para notar, os jogadores decisivos mais lembrados são aqueles que vão ter a bola na mão no momento final. Sendo assim, poderíamos fazer tranquilamente uma lista de 10 quarterbacks. Como o Pro Football pensa diferente, nesta lista tentamos limitar o número de signal callers em apenas quatro. Óbvio que isso fará com que alguns nomes esperados, como Russell Wilson, Tony Romo, Drew Brees e Ben Roethlisberger não apareçam, porém injustiças acontecem – ainda mais quando estamos falando de uma lista tão rica e subjetiva. Além disso, limitamos o número de kickers em apenas dois, assim é possível explorar outras posições que alguns esquecem na hora decisiva.
Vale ressaltar aqui que três grandes atletas (Marshawn Lynch, Charles Woodson e Calvin Johnson) mereceriam e muito estarem presentes nesta lista, porém eles se aposentaram ao final da temporada de 2015 – e vão ter que ficar de fora por conta disso. A lista de menção honrosa também ficaria absurdamente grande, logo optamos por deixar de fora e não irritar mais ainda alguns torcedores.
A lista
10. Jason Witten, tight end, Dallas Cowboys
Dallas possui um histórico de jogadores decisivos que apareciam na hora H. Roger Staubach, Emmitt Smith e Michael Irvin são nomes que lembramos rapidamente, sem grandes esforços. Mais recentemente, Tony Romo e Jason Witten são os dois que mais aparecem nos momentos decisivos.
A escolha por Witten no lugar de Romo é meio óbvia: queríamos limitar o número de quarterbacks na lista. Mesmo assim, Witten merece estar no top 10 devido à sua contribuição ao longo dos anos para a liga. Neste lugar há como contestar se outro tight end, mais especificamente Rob Gronkowski ou Antonio Gates, deveria aparecer. Todos estes três nomes são plausíveis e neste momento entra o critério da subjetividade.
Apesar de Gronkowski ter mais recepções para primeira descida do que Witten nos últimos dois anos, vale ressaltar que este tem bem mais tempo de liga do que aquele. Além do mais, Gronkowski tem como quarterback o, discutivelmente, melhor de todos os tempos – logo é necessário contexto antes de criticar a escolha. Com relação a Antonio Gates, nos últimos dois anos Witten ficou acima dele em recepções para primeira descida. Neste caso, vale lembrar que os dois jogam com signal callers de nível parecido e possuem quase a mesma idade – com 36, Gates é dois anos mais velho. Gates foi um tight end melhor do que Witten (e isso se traduz até mesmo no número de touchdowns recebidos; 108 para Gates e 60 para Witten), mas um pouco menos decisivo. Infelizmente só dá para escolher um deles e o preferido aqui foi Jason Witten.
Por fim, vale ressaltar que o motivo para Witten e/ou Gates não estarem mais alto na lista é a falta de participação em pós-temporada. É em janeiro que os grandes jogadores são postos a prova e as suas franquias nunca conseguiram atuações seguidas e consistentes na pós-temporada, ainda mais nos últimos anos. Daqui para frente, a maioria dos nossos destaques serão jogadores que apareceram de maneira decisiva em janeiro.
9. Von Miller, outside linebacker, Denver Broncos
A sequência de 2,5 sacks na final de conferência e no Super Bowl ajudaram a consolidar Miller como um dos melhores pass rushers em atividade e também um dos mais decisivos. Sem Peyton Manning em campo, os Broncos ainda tinham chances de levar o caneco. Sem Von Miller, muito provavelmente Denver ainda estaria na fila.
Para muitos passa-se despercebido, mas Miller sempre foi decisivo – desde a época de Tim Tebow. Mesmo quando a defesa base dos Broncos era mais parecida com um 4-3, o linebacker conseguia aparecer nas horas certas com um tackle ou uma pressão no quarterback adversário. A campanha do Super Bowl lhe ajudou a chegar até a nona posição, porém para subir ainda mais ele precisa mostrar mais em outras pós-temporadas.
8. Richard Sherman, cornerback, Seattle Seahawks
O ano de 2015 fez Sherman cair um pouco nesta classificação, mas mesmo assim ele merece ser lembrado como clutch. Visivelmente ele esteve longe de ser o melhor cornerback de 2015, muito por causa da instabilidade criada na secundária de Seattle devido à dificuldade em achar um companheiro para jogar no outro lado do campo. Mesmo assim, vale a pena lembrar do quão decisivo ele foi para chegar nos dois Super Bowls recentes da franquia.
Apesar dos números de Sherman na pós-temporada de 2014 (referente a temporada regular de 2013) não serem dos melhores, vale lembrar que ele foi o grande responsável pela bela jogada que eliminou San Francisco no NFC Championship Game. No ano seguinte, Sherman não teve um momento histórico como aquele, mas liderou a liga em passes defendidos (5) e interceptações (2) na temporada que culminou com a interceptação de outro cornerback na linha de uma jarda. Mesmo tendo que ficar em uma ilha, muito por causa do sistema de Seattle, Sherman aparece nas horas decisivas e não decepciona. Apesar disso, ele ainda precisa de mais algumas temporadas para subir ainda mais.
7. Joe Flacco, quarterback, Baltimore Ravens
Últimas três aparições na pós-temporada: 21 touchdowns e três interceptações – vale lembrar da atuação brilhante com 11 touchdowns e nenhuma interceptação. Joe Flacco é o maior exemplo de todos do jogador que cresce nas horas decisivas e adora estes momentos de decisão.
O único motivo para Flacco não estar mais longe é a sua instabilidade na temporada regular. A razão touchdown/interceptação sai de incríveis 7 na pós-temporada para o mediano 1,6 jogando entre setembro e dezembro. Caso ele apresentasse um pouco mais (tanto no sentido decisivo quanto no sentido consistente) na temporada regular, pode ter certeza que ele estaria mais alto ainda.
6. Justin Tucker, kicker, Baltimore Ravens
Quer justificativa melhor do que seis field goals seguidos, incluindo um de 61 jardas para a vitória? E que tal a atuação na pós-temporada em 2013, com chutes decisivos contra Broncos e Patriots? Justin Tucker é um kicker extremamente decisivo e isso se demonstra nos números: ele nunca errou um chute na prorrogação e possui seis erros em quartos períodos na carreira – sendo que três desses foram em 2015. Não há como questionar o quão clutch é Tucker e como ele pode virar um dos melhores kickers da história – basta lembrar que ele tem só 26 anos e mereceu muito o contrato que recebeu.
5. Larry Fitzgerald, wide receiver, Arizona Cardinals
Um dos jogadores mais subestimados no quesito decisão. Não importa quanto tempo passe nem quantos recebedores Arizona drafte, Larry Fitzgerald continua sendo o wide receiver mais decisivo da liga. Para quem precisa de stats para acreditar, lembre-se que ele possui uma média de mais de 100 jardas recebidas por jogo de pós-temporada. São 57 recepções e 942 jardas conquistadas, sendo que em 2009 (referente a temporada de 2008) foram 30 recepções.
Para quem precisa de lances para relembrar o quão decisivo ele é, basta lembrar do ano passado (em que ele destruiu todo o momentum de Green Bay) ou o quão importante ele foi na campanha de ida ao Super Bowl – destruindo o Philadelphia Eagles na final de conferência e recebendo dois touchdowns contra os Steelers. Simplesmente um exemplo em ética, vontade de trabalhar e, sobretudo, capacidade de aparecer na hora que precisa.
4. Adam Vinatieri, kicker, Indianapolis Colts
Não seria possível fazer uma lista dos jogadores mais decisivos da atualidade sem incluir um futuro Hall da Fama. Vinatieri fez história tanto em New England quanto em Indianapolis e já teve mais de 30 game winning field goals – uma verdadeira lenda.
O mais importante de notar é a sua consistência ao longo dos anos. Em 20 temporadas, apenas 14 jogos perdidos – sendo que 10 deles foram em 2009. A questão aqui não é apenas ser clutch: ele estava lá a todo momento para ser clutch. Um dos melhores kickers da história e que merece ser o atleta não-quarterback mais decisivo da liga.
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3. Eli Manning, quarterback, New York Giants
Semana passada falamos bastante de como Manning transformou o seu jogo desde que Ben McAdoo implantou uma West Coast mais moderna – e abandonou o Run and Shoot antiquado. O principal ponto para Manning não ser um dos dois primeiros é a sua inconsistência na temporada regular – o que o tornou um símbolo de páginas de Facebook de tiração de sarro.
Nos Playoffs, Manning sempre jogou muito bem. E ele sempre carregou um time que era zebra. A zebra contra o 18-0 Patriots foi o desfecho de uma pós-temporada que ninguém acreditava nos Giants. Na segunda vez também, basta lembrar que os Falcons eram favoritos no Wild Card. Eli ganhou dois MVPs do Super Bowl graças ao seu espírito clutch: basta lembrar do helmet catch ou do passe para Mario Manningham.
2. Aaron Rodgers, quarterback, Green Bay Packers
Se tem uma coisa que todo mundo subvaloriza no quarterback dos Packers é a sua capacidade de conseguir comebacks. Muitos podem pensar: ele só tem 10 comebacks no quarto período! Como ele poderia ser considerado clutch?
Não é preciso explicar muito, principalmente após a última temporada. Pode se considerar as duas Hail Marys do ano passado como sorte, mas é só lembrar da quarta para 20 da linha de duas jardas com 50 segundos no relógio ou até mesmo do fake spike. Ele é um jogador completo e também incrivelmente competente em conseguir viradas históricas. Não há como negar que Rodgers aparece nas horas decisivas, tanto é que Green Bay foi campeão entrando totalmente desacreditado na pós-temporada – mas com um quarterback muito competente.
1. Tom Brady, quarterback, New England Patriots
Não dava para ser outro líder. Trinta e sete viradas na carreira e quatro Super Bowls – sendo três MVPs. Brady, o Comeback Kid, é o símbolo da virada nos esportes, assim como é um símbolo de ética, trabalho duro e superação a todo momento.
Ironicamente, os dois Super Bowls que perdeu ele estava com a bola na mão – porém era impossível conseguir a virada naquelas circunstâncias. Se ainda tem dúvida sobre a sua capacidade, basta lembrar da virada conseguida contra o Baltimore Ravens no Divisional antes do último título. Uma lenda do esporte que, assim como era Jordan, aparece como ninguém nos momentos mais decisivos.
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