Estamos classificando individualmente aqui no Pro Football os jogadores de todas as posições, e chegou a vez de falar de uma posição fundamental na defesa, que passou por uma reformulação no atual momento da liga e que é subvalorizada. Os iDLs são os jogadores de linha defensiva que atuam em seu interior, encarando os centers e offensive guards adversários.
Na época em que as bases 3-4 e 4-3 estavam em voga, esses jogadores eram conhecidos como nose tackles ou defensive tackles e eram voltados para a contenção do jogo terrestre; com a ascensão do jogo aéreo e a necessidade de um pass rush forte, a formação nickel se tornou a base das defesas e esses jogadores ficaram conhecidos como iDLs; porém, agora, além de serem responsáveis por parar os avanços dos running backs adversários, precisavam ser bons em outra arte: a caça dos quarterbacks inimigos.
Antes de começarmos, gostaríamos de deixar claro que não consideramos apenas o talento puro dos atletas. Levamos em conta também o contexto e as expectativas das franquias em relação à próxima temporada, já que o objetivo é ranquear os iDLs projetando o ano de 2019. Como você verá, isso fez um nome ultra talentoso ficar bem mais baixo do que o comum.
Agora, vamos ao que interessa.
10. Quinnen Williams, New York Jets
Vamos começar com polêmica. Melhor prospecto do último Draft, Quinnen Williams é um fenômeno: o jogador de interior de linha foi dominante em Alabama e é um dos prospectos mais preparados a chegar na NFL nos últimos anos – seu piso é incrivelmente alto para um jogador de apenas 21 anos. Williams é versátil e pode alinhar como 3-tech (como Aaron Donald costuma fazer: entre o offensive guard e o offensive tackle) ou como 0-tech (em frente ao center), o que o torna um perigo as linhas ofensivas adversárias, pois não há um padrão em seu plano de jogo nem uma limitação técnica nas diferentes posições.
O que possibilita que Quinnen possua diferentes alinhamentos é seu grande poderio de contenção terrestre somado a sua agressividade no pass rush. É inteligente e se adapta muito bem à jogada, o que o levou a conseguir boas marcas de 8 sacks e 71 tackles em seu segundo e último ano no College. Williams deve ser o ponto de disrupção na renovada e promissora linha defensiva dos Jets: com sua dominância e força no miolo, Leonard Williams conseguirá atuar em alto nível e o também calouro Jachai Polite deve abusar de seu potencial como EDGE. Quinnen possui talento de All-Pro desde sua primeira pisada em um gramado da NFL, e isso permitirá que os Jets tenham mais um franchise player novato na defesa que permitirá que a franquia sonhe com os playoffs em 2019. Mesmo sendo calouro, Quinnen Williams chega na NFL com um dos melhores iDLs da liga.
9. Cameron Heyward, Pittsburgh Steelers
Começando a carreira atuando mais nas extremidades da linha defensiva, Cameron Heyward moveu-se para o interior a partir do momento que os Steelers começaram a operar em maior parte com a formação nickel. Se em sua época de defensive end Heyward oscilava entre o bom e o médio, com um pico de 7,5 sacks, a partir do momento em que se transferiu para o interior da unidade, em 2017, o talento do jogador foi realmente expresso. Atuando majoritariamente como 3-tech, Heyward chegou a marca de 12 sacks há dois anos e foi selecionado para seus primeiros Pro Bowl e All-Pro. Em 2018, o iDL fez mais uma temporada decente, coroada com 8 sacks, 51 tackles e 18 pancadas no quarterback, o que lhe rendeu outra seleção ao Pro Bowl.
Com 30 anos de idade, Heyward ainda atua em alto nível e deve permanecer assim até o fim de seu contrato no próximo ano, pelo menos. Em 2019, seu alto rendimento continuará essencial para a consolidação de T. J. Watt, que será o novo principal membro da unidade. Nesse período, Heyward ainda será essencial com seu bom número de sacks e sua presença constante no backfield adversário devido ao seu excelente repertório de movimentos, já que os anos de atuação como defensive end lhe propiciaram excelência como pass rusher, além de ter se mostrado um excelente contentor do jogo terrestre adversário. Mesmo com sua carreira começando a enxergar um ponto de virada para baixo, Heyward ainda permanece em seus grandes dias e continuará sendo essencial para que os Steelers possuam uma linha defensiva funcional – e isso é necessário em uma AFC North muito disputada.
8. Sheldon Rankins, New Orleans Saints
Em 2018, Sheldon Rankins finalmente fez valer sua escolha de primeira rodada em 2016 e conseguiu uma excelente temporada. Peça fundamental na excelente linha defensiva de New Orleans, Rankins terminou a temporada regular com 8 sacks e 40 tackles, sendo 12 destes atrás da linha de scrimmage. Sua forte presença no interior da linha cria preocupação nos seus adversários e é essencial para que os EDGEs Cameron Jordan e Marcus Davenport consigam fazer seu trabalho. Porém, uma adversidade que ocorreu nos últimos playoffs o colocaram um pouco mais para baixo nessa lista do que seria de comum.
No encontro contra o Philadelphia Eagles na pós-temporada, Rankins rompeu seu tendão de Aquiles e deve perder o início da temporada de 2019 – e isso pode ser um fator que leve a uma pequena queda de produtividade no início, dado que precisa se reabilitar ao ritmo de jogo. Contudo, isso não resultará em uma queda abismal, pois o jogador já está em processo de recuperação e não precisará entrar em campo às pressas. Dessa forma, o potencial visto em 2018 poderá ser repetido em 2019 mesmo que a partir da metade da temporada – o que já seria uma grande ajuda -, permitindo que a excelência da linha ofensiva da franquia continue, já que ela passa por uma constante pressão dos jogadores de seu interior. Dessa forma, Rankins será capaz de confirmar que é um dos melhores iDLs da NFL.
7. Geno Atkins, Cincinnati Bengals
Um dos jogadores de linha mais subestimados da liga, Geno Atkins continua sua caminhada como um dos melhores da posição na NFL mesmo com seus 31 anos de idade. O iDL dos Bengals foi convocado ao seu sétimo Pro Bowl na carreira após mais uma boa temporada, finalizando-a com 10 sacks e 16,2% de vitórias em seus confrontos com os oponentes no pass rush (quinta melhor marca da liga). Mesmo que a linha de Cincinnati tenha sido uma decepção em 2018, contrariando as expectativas devido aos seus bons nomes, Atkins continua imponente no interior da unidade e será o principal responsável para que essa possa ter uma reviravolta na vindoura temporada.
Em 2019, Atkins permanecerá como a principal peça de uma unidade que manteve a mesma base do último ano, na expectativa de que o último ano tenha sido apenas um ponto fora da curva. Ao continuar criando o caos no miolo das linhas ofensivas adversárias usufruindo de sua excelente técnica – a qual compensa seu biotipo comum para a posição -, o defensor permitirá que Carlos Dunlap e Sam Hubbard realizem temporadas melhores, já que ambos possuem a qualidade para tal. A falta de resposta de seus companheiros no último ano não deve se repetir em 2019 e isso é essencial para os Bengals voltarem a sonhar com uma ida a pós-temporada após a demissão de Marvin Lewis (com 10 anos de atraso). Se por um lado há a dúvida em relação aos EDGEs, a franquia pode contar com a certeza que Atkins continuará como um dos melhores iDLs da NFL, aterrorizando os backfields adversários.
6. Gerald McCoy, Carolina Panthers
O mais novo defensor do Carolina Panthers continua no topo da lista dos melhores iDLs da liga mesmo com sua alteração de franquia. Em suas nove temporadas em Tampa Bay, Gerald McCoy sempre foi um dos melhores da posição na NFL, com 6 eleições ao Pro Bowl e uma escolha para o primeiro time All-Pro. Mesmo com um 2018 modesto em termos numéricos – 6 sacks, 28 tackles e 1 passe desviado -, McCoy possui o talento e o entorno necessários para realizar uma grande temporada no outrora rival de divisão e conseguir um bom contrato – talvez o último de sua carreira – ao fim do ano.
Mesmo com 31 anos, McCoy ainda possui toda a técnica e força necessárias que apresentou durante todos seus anos em Tampa e isso não será problema. O único questionamento restante gira em torno de sua saúde: o jogador possui apenas duas temporadas com 16 jogos realizados e mais de 11 lesões em sua carreira na liga, porém, essa preocupação deve ser menor em Carolina, visto que McCoy contará com as presenças de Kawann Short e Dontari Poe no interior para realizar uma boa rotação no interior da linha defensiva – o que mantém a qualidade e evita um fardo em suas costas – e as presenças de Bruce Irvin e do calouro Brian Burns como EDGEs para preocupar as linhas ofensivas adversárias de modo que o iDL não possa ser alvo de marcações duplas em muitos snaps. Uma boa rotação para evitar seu problema com lesões, excelentes companheiros de unidade e uma técnica de All-Pro que permaneceu com o decorrer dos anos: em 2019, McCoy provará aos Buccaneers que seu corte foi um erro (e sua reação ao saber que seu número 93 foi entregue a Ndamukong Suh é um indício disso).
5. Akiem Hicks, Chicago Bears
Dos cinco melhores jogadores dessa lista, Akiem Hicks deve ser o que possui menor reconhecimento. Após um início de carreira bom (mas não estelar) em New Orleans, Hicks teve uma breve passagem por New England até desembarcar em Chicago em 2016; nos Bears, o iDL começou sua transição de jogador medíocre para um dos melhores da posição na liga. Hicks é um monstro no interior da linha defensiva, sendo imparável atacando o quarterback ou impedindo o avanço do jogo terrestre. Nos seus três anos com a franquia, foram pelo menos 7 sacks e 54 tackles em cada um deles, tornando-se titular inquestionável e não perdendo um jogo sequer.
Mesmo possuindo um biotipo que lembra os antigos nose tackles voltados para a contenção do jogo terrestre (1,96m de altura e 150kg), Hicks é excelente contra o jogo aéreo, o que o torna ainda mais essencial na linha defensiva da franquia. Mesmo com seu tamanho, é ágil e inteligente, comumente antecipa o movimento de seus oponentes e isso permite a criação de um colapso no pocket adversário que facilita a festa de seus companheiros (com destaque para Khalil Mack) no backfield. Caso não consiga antecipar a jogada, não há problema, pois Hicks utiliza de todos seus atributos físicos para ganhar de seu oponente – quando não está ocupado empurrando um bloqueio duplo para trás -, o que lhe permite invadir o pocket e impedir grandes avanços ofensivos. Em 2018, a excelente temporada do iDL foi coroada com sua primeira ida ao Pro Bowl; em 2019, Hicks é sério candidato a chegar ao seu primeiro All-Pro na carreira, consolidando-se como um dos cinco melhores jogadores de interior de liga da NFL.
4. Chris Jones, Kansas City Chiefs
Os dois primeiros anos de Chris Jones na liga foram abaixo do esperado e não justificaram sua escolha de topo de segunda rodada, porém, o salto em sua terceira temporada foi abismal e sua participação foi fundamental na excelente temporada dos Chiefs. Com 15,5 sacks, 19 tackles para perda de jardas, 5 passes desviados e 2 fumbles forçados, Jones mostrou seu real valor em 2018 e promete uma temporada ainda melhor em 2019, apesar das saídas de Dee Ford e Justin Houston, já que Frank Clark (um dos melhores EDGEs da NFL) chega para ser seu novo companheiro de linha. Além disso, o iDL está em seu último ano de contrato de calouro e mais uma excelente temporada lhe garantiria uma gorda extensão em 2020.
Jones é explosivo e possui um primeiro passo primoroso, o que lhe confere grande vantagem contra seus oponentes de miolo de linha ofensiva. Ademais, é ágil mesmo com seus 1,96m e 140kg, confundindo seus oponentes com sua ameaça dupla: a força e a agilidade. Sim, o defensor continua sendo a única força do interior da linha defensiva de Kansas City, mas isso não foi problema em 2018 – dos 40 tackles, 35 foram realizados apenas por ele – e não o será em 2019, dado que seu progresso físico e técnico promete ser ainda maior. Um pass rusher primoroso e um bom contentor terrestre, Chris Jones chega em seu quarto ano na NFL para, novamente, quebrar a banca e auxiliar os Chiefs a chegarem ao tão sonhado Super Bowl – e, a depender do talento do jogador, um grande passe já está dado.
3. DeForest Buckner, San Francisco 49ers
Falar de DeForest Buckner é algo muito próximo de seu antecessor nessa lista, Chris Jones. Em comum com o quarto colocado da lista, Buckner teve dois primeiros anos modestos na NFL e um terceiro ano fora da curva – o que lhe rendeu sua primeira seleção ao Pro Bowl -, com excelentes números de 12 sacks, 3 passes desviados, 1 fumble forçado e 17 tackles para perda de jardas. Tal qual Jones, Buckner possui um primeiro passo primoroso e é extremamente atlético, obtendo muita vantagem de sua altura e envergadura. Ok, mas se os dois são tão parecidos e Jones tem números melhores em 2018, por que Buckner está a frente na lista? A resposta está no restante da linha.
Em 2018, Buckner conseguiu seus bons números apesar dos problemas de seus companheiros: Solomon Thomas não correspondeu às expectativas como EDGE e Arik Armstead era seu único auxílio no interior. Em 2019, a linha defensiva dos 49ers será, potencialmente, uma das melhores da liga, com o calouro Nick Bosa, o recém-chegado Dee Ford (ex-companheiro de Chris Jones) e o remanejamento de Thomas para o interior da linha defensiva, local que deve render mais. Graças a seus novos companheiros, Buckner não mais será a única arma letal a ser focada pelas linhas ofensivas adversárias, permitindo que aproveite toda sua agilidade e envergadura em confrontos isolados com seus oponentes, o que o levará a ter um quarto ano excepcional, atingindo – e, possivelmente, até superando – seu teto de sétima escolha geral. Neste ano, o nome de Buckner será muito comentado, tanto pelo seu talento quanto pela sua importância para a excelente linha defensiva de San Francisco, potencializando o cumprimento da expectativa que foi gerada ao redor da franquia desde a chegada de Garoppolo e Shanahan.
2. Fletcher Cox, Philadelphia Eagles
Fletcher Cox é o jogador dessa lista mais subestimado em relação ao talento e a importância que tem e isso é praticamente indiscutível. O iDL dos Eagles estaria facilmente no topo dessa lista se não vivesse na mesma época que o primeiro colocado dela – que desde o título todos sabem qual é. Cox é fenomenal em todos os aspectos do seu jogo, dono de uma técnica e inteligência de campo incríveis, uma máquina de instabilidade de pockets e estarrecedor no jogo terrestre e no aéreo. O principal jogador da excelente linha defensiva de Philadelphia foi selecionado para todos os Pro Bowls desde 2015, mas só foi selecionado para seu primeiro All-Pro em 2018, uma prova que a subestimação do jogador vem até da imprensa especializada.
Com 10,5 sacks, 12 tackles para perda de jardas, 1 passe desviado e 1 fumble forçado, os números expressam pouco a importância do jogador para sua unidade. Cox é um facilitador para Derek Barnett, Malik Jackson e Brandon Graham, conseguindo lidar com as dobras em cima dele como se estivesse no confronto individual, devido ao seu bom porte físico que o auxilia – juntamente a uma técnica aguçada – a transformar sua força em um bull rush excepcional. O iDL é a peça chave da linha defensiva dos Eagles e um jogador capaz de transformar uma partida; uma máquina de grandes lances (sério, é só olhar o perfil do Willie Cashmore Twitter quando ele posta grandes jogadas feitas por membros de linhas defensivas), sua disrupção no interior da linha – seja como 3-tech ou 0-tech – é esplêndida e permite que seus companheiros se tornem ainda melhores. O único fator que o impede de ser o melhor iDL da liga é concorrência desleal proporcionada pelo primeiro colocado.
1. Aaron Donald, Los Angeles Rams
Ortega Y Gasset introduz em um de seus livros que a linguagem é irônica, pois pelo meio que nos expressamos é impossível de explicar a totalidade de nossos pensamentos. É isso que sinto sobre Aaron Donald nesse momento. A grandiosidade do iDL dos Rams não pode ser expressa em um texto, quem dirá em dois parágrafos, tamanha sua dominância desde a entrada na liga. Donald é um fenômeno e um futuro membro do Hall da Fama em seu primeiro ano de elegibilidade; o único feito restante em sua carreira é um anel de campeão. Em seus cinco anos na NFL, o jogador foi eleito ao Pro Bowl em todos eles e foi 4 vezes selecionado ao All-Pro. No último ano, o defensor atingiu a incrível marca de 20,5 sacks (!), ao mesmo tempo em que conseguiu 25 tackles para perda de jardas e 4 fumbles forçados. É uma sobrenatural força da natureza.
Donald é imparável e pelos próximos anos não há nada que o faça mudar: já são três prêmios de melhor defensor da liga e ele entra em 2019 como o favorito antes de seu início. Alinhado majoritariamente como 3-tech, o iDL é mais forte e ágil do que qualquer oponente de linha ofensiva adversário mesmo com seus atributos físicos abaixo da média para a posição (1,85m e 127kg), pois domina a técnica de uma maneira invejável, é explosivo e inteligente, reagindo com maestria ao que o ataque adversário lhe oferece. Mesmo com a saída de Ndamukong Suh, que pouco acrescentou em 2018, Donald continuará com a mesma dominância dos anos anteriores, já que está em seu auge físico e técnico e só cresceu em talento e experiência a cada ano. Além disso, marcações duplas não conseguem freá-lo, o raro é encontrar algum lance em que o iDL não tenha se livrado das dobras em cima de si. Michael Brockers e Dante Fowler Jr. devem agradecer todos os dias por possuírem o defensor em seu time, pois possuirão mais uma temporada onde não poderão ser o foco dos offensive tackles adversários. Donald é um monstro e apenas uma lesão que o tire da temporada pode pará-lo; enquanto estiver em campo, é o melhor defensor – e até jogador – da liga por muito longe. Bom, talvez eu tenha conseguido expressar sua grandeza – pelo menos um pouco.
