Antes de começarmos a análise dos jogadores, gostaria de explicitar alguns conceitos que serão utilizados no texto a seguir. O primeiro deles é o conceito de percentil. Percentis são medidas que dividem a amostra ordenada (por ordem crescente dos dados) em 100 partes, cada uma com uma percentagem de dados aproximadamente igual. Por exemplo, quando eu digo que o resultado do tiro de 40 jardas de Amari Cooper o coloca no 88° percentil de velocidade entre wide receivers da NFL, isso quer dizer que 88% desses jogadores tiveram uma performance no tiro de 40 jardas igual ou mais lenta que a de Cooper, enquanto 12% deles foram iguais ou mais rápidos. Dessa forma, quanto maior o percentil (que varia de 0 a 100) atingido por um jogador em nossa análise, mais perto ele se encontra dos melhores nesse determinado quesito.
Ficando isso claro, estas serão nossas categorias de análise:
Índice de dominância: Se refere ao protagonismo de um wide receiver sobre seus companheiros de time e é dada pela porcentagem das jardas e touchdowns aéreos de seu time que foram conquistadas por ele.
Idade de surgimento: Idade na qual um jogador pela primeira vez atingiu um índice de dominância superior a 20%.
Índice de velocidade: Medida de velocidade de um atleta, consistindo no resultado do tiro de 40 jardas do Combine ajustado de acordo com o tamanho do jogador.
Índice de agilidade: Medida da capacidade de um atleta em mudar de direção rapidamente e fintar adversários. Obtida a partir dos resultados do exercício de três cone e do suicídio de 20 jardas do Combine.
Índice de explosão: Mede a aceleração e a impulsão de um jogador. Obtido a partir dos resultados do salto vertical e salto em distância.
Raio de recepção: Mede a área tridimensional em volta de um jogador na qual o mesmo consegue fazer uma recepção imediatamente. Leva em conta aspectos como agilidade, explosão e altura.
Todos estes dados foram retirados do site www.playerprofiler.com e os termos foram livremente traduzidos para o português por nossa equipe.
Com isso fora do caminho, podemos prosseguir para a análise dos cinco melhores wide receivers do Draft de 2016.
ACOMPANHE AQUI A NOSSA COBERTURA DO DRAFT DE 2016.
5 – Will Fuller – Notre Dame
Todo ataque da NFL precisa de um jogador capaz de vencer seus marcadores constantemente em rotas longas. Duvida? Pergunte a um torcedor do Green Bay Packers como foi o ano de 2015.
Essa é a função que Will Fuller desempenha em campo. Apesar de seu porte físico – 1,82 m e 84 kg – Fuller não tem medo de disputar a bola e cresce nos momentos importantes da partida, criando jogadas explosivas quando acionado. Com um índice de velocidade de 105,3 (82º percentil) e uma média de 20,3 jardas por recepção (94º percentil), Fuller é um especialista em rotas longas, e demonstra uma eficiência incrível para um jogador dessa função, apresentando um índice de dominância de 46,7% (91º percentil). Seu principal defeito, segundo a maioria dos analistas é o número elevado de drops, tendo cometido 21 deles em suas últimas duas temporadas, segundo o College Football Focus. Isso, entretanto, é de se esperar em um wide receiver que vive de passes longos. É muito mais difícil receber a bola em uma rota post corner do que em uma slant, por exemplo. E a os números de Fuller mostram que ele foi um jogador extremamente eficiente em sua carreira em Notre Dame.
O ponto negativo no perfil de Fuller são os números decepcionantes que o jogador obteve nos índices de agilidade (48º percentil), explosão (43º percentil) e raio de recepção (33º percentil). O que esses números indicam é que o jovem wide receiver, na NFL, estará limitado às rotas longas, provavelmente encontrando dificuldade em conseguir separação e disputar a bola em rotas intermediárias. E isso é o que impede que ele esteja em uma melhor posição nesse ranking.
Daniel Jeremiah, especialista em Draft da NFL, disse em sua conta do Twitter que, pelo que ele tem ouvido de general managers, ele não se surpreenderia se Will Fuller fosse o primeiro jogador de sua posição selecionado no Draft. Um jogador capaz de “esticar” o campo verticalmente é fundamental na NFL, mas parece muito pouco provável que um time escolha Fuller antes de jogadores mais completos. Por outro lado, basta que um general manager se apaixone por suas características para que um jogador seja selecionado bem antes do esperado. Não é mesmo, Ryan Grigson?
Melhor encaixe: Carolina Panthers
Jogador comparável: Kenny Stills
4 – Laquon Treadwell – Mississippi
Considerado pela grande maioria dos analistas de Draft como o melhor wide receiver dessa classe, Laquon Treadwell se destaca pela fisicalidade de seu jogo, seja vencendo bolas disputadas, ou como bloqueador em jogadas de corrida. De fato, se analisarmos o videotape de seus jogos, parece que Treadwell está constantemente vencendo disputas acirradas no alto contra cornerbacks. Dotado de um porte físico imponente e um equilíbrio acima da média, Treadwell sabe usar seu corpo para bater a pressão de marcadores na linha de scrimmage e criar separação em rotas curtas. Considerado um dos principais recrutas do país quando saiu do colégio, Treadwell se destacou ainda cedo, tendo seu surgimento aos 19 anos (85º percentil).
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Essa marca, entretanto, é a única acima da média em seu perfil. Após Donte Moncrief deixar Ole Miss para jogar pelos Colts, era esperado que Treadwell passasse a dominar o jogo aéreo de seu time, mas isso nunca aconteceu de fato. Ele terminou sua carreira com um decepcionante índice de dominância, sendo responsável por apenas 29% das jardas e touchdowns de recepção dos Rebels (45º percentil). Isso, assim como o fato de se encontrar constantemente em disputas acirradas, se deve a uma capacidade atlética bem abaixo da média. Seus índices de agilidade (36º percentil), explosão (16º percentil) e velocidade (45º percentil) pintam o retrato de um jogador limitado à função de possession receiver, usando sua habilidade de vencer passes contestados em rotas curtas e intermediárias para manter o ataque de seu time em campo, mas raramente sendo responsável por jogadas explosivas. Com apenas 14,1 jardas por recepção (42º percentil) esse já era seu papel na universidade e a tendência é que isso fique ainda mais delimitado quando Treadwell enfrentar os cornerbacks muito superiores da NFL.
Treadwell tem boas chances de ser o primeiro jogador da posição escolhido no Draft desse ano pois, assim como Fuller, ainda que esteja limitado a uma única função em campo, Treadwell é excelente nela.Além disso, Laquon já se encontra em um estágio de desenvolvimento que o permitirá ser titular a partir do primeiro jogo de seu time, contribuindo imediatamente. E isso é cada vez mais valorizado na NFL.
Melhor encaixe: New Orleans Saints
Jogador comparável: Anquan Boldin
3 – Leonte Carroo – Rutgers
De todos os dados estatísticos coletados nessa época do ano, nenhum se correlaciona tão bem ao sucesso na NFL quanto o índice de dominância. E essa é a área de excelência de Leonte Carroo. Responsável por 63,9% das jardas e touchdowns aéreos de seu time (99º percentil), Carroo se encontra em ilustre companhia, como um dos melhores da história nesse quesito. De fato, dentre wide receivers que jogaram nas principais divisões do college football, apenas Demaryius Thomas e Dez Bryant atingiram um valor superior a 60% neste mesmo índice. Com apenas 1,83 m e um perfil atlético incompleto – uma lesão no tornozelo o impediu de participar de todos os exercícios do Combine – é difícil dizer que Carroo vai se tornar um jogador tão dominante na NFL quanto esses dois. Mas é seguro assumir que ele vai se tornar um ótimo wide receiver profissional.
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Com características de jogo muito similares às de Laquon Treadwell – fisicalidade, bom controle corporal, capacidade de finalizar recepções difíceis – Carroo se destaca por também conseguir constantemente separação em rotas longas e uma maior produtividade em jardas após a recepção. Essas características estão refletidas em sua marca de 20,7 jardas por recepção (96º percentil). Ainda que não muito explosivo (45º percentil), seu índice de velocidade (72º percentil) e refinamento de jogo são adequados a um jogador capaz de desempenhar diversas funções em campo desde sua primeira temporada.
O único motivo de preocupação a seu respeito é o caráter. Carroo foi suspenso por tempo indeterminado por seu técnico em setembro do ano passado, após ter sido detido por violência doméstica. As acusações foram retiradas pela vítima, mas isso com certeza será um motivo de preocupação para a maioria dos times da NFL, comprometendo a posição de escolha no Draft de um dos mais completos wide receivers dessa classe.
Melhor encaixe: Baltimore Ravens
Jogador comparável: Roddy White
2 – Corey Coleman – Baylor
O vencedor do prêmio Biletnikoff, dado ao melhor wide receiver da temporada universitária, impressionou os fãs da NCAA ao registrar 20 touchdowns de recepção em seus oito primeiros jogos de 2015. Infelizmente, um carrossel de quarterbacks inaptos impediu que Coleman aumentasse essa marca no restante da temporada.
É sempre difícil avaliar um wide receiver vindo de Baylor. O ataque spread/power do técnico Art Briles não exige de seus atletas refinamento em suas rotas, preferindo que os mesmos vençam seus oponentes com sua capacidade atlética superior. E nesse aspecto, poucos jogadores são melhores que Coleman. Com um índice de atleticismo geral impressionante (97° percentil), Coleman aterroriza defesas após a recepção e em rotas longas, como evidenciado pela marca de 18,4 jardas por recepção em sua carreira universitária.
Com um índice de dominância de 44,2% (87º percentil) Corey Coleman já demonstrou que tem o necessário para se sair bem entre os profissionais. O que nos impede de considerá-lo o principal prospecto da posição nessa classe, entretanto, é a incerteza que seu pouco refinamento trás.
O Draft de 2014 trouxe à NFL a prova de que um wide receiver de apenas 1,80m pode ser a principal arma de uma equipe, através do surgimento meteórico de Odell Beckham Jr. Coleman possui um perfil atlético incrivelmente similar ao do recebedor dos Giants. O que diferencia os dois jogadores, entretanto, é a precisão das rotas. OBJ chegou pronto à NFL, com rotas capazes de enganar os melhores cornerbacks da liga. Esta é uma habilidade que pode ser ensinada por uma equipe técnica, mas, no momento, Coleman se encontra muito longe do ponto ideal. Sua capacidade de aprender e evoluir é o que vai determinar se o time que o escolher estará adquirindo um jogador completo, capaz de figurar entre os melhores da posição, ou um especialista limitado a rotas longas e screens.
Melhor encaixe: Houston Texans
Jogador comparável: ?
1 – Josh Doctson – TCU
Dentre todos os prospectos da posição nessa classe, Josh Doctson é o mais completo. Apesar de possuir um índice de velocidade não muito acima da média (67º percentil), sua capacidade de se sobressair em rotas longas é evidenciada por suas 16,8 jardas por recepção (77º percentil). Isso se dá mais pelo refinamento de suas rotas do que por sua velocidade final. Doctson também se destaca nas rotas curtas e intermediárias, usando sua agilidade (81° percentil) e explosão (97° percentil) para criar separação e alcançar passes fora da área de alcance de seus marcadores, explorando magistralmente seu grande raio de recepção (96° percentil). Ele é agressivo e parece possuir um aspirador de pó nas mãos, alcançando bolas mal posicionadas e garantindo a recepção. Sabe ler as coberturas defensivas e ajustar suas rotas de acordo com elas, demonstrando instintos apurados para o jogo.
Sua maior dificuldade é contra a pressão de defensores na linha de scrimmage, devido a seu baixo índice de massa corporal, com apenas 91 kg. Isso, entretanto, é pouco para impedir que Doctson seja considerado o melhor wide receiver desse draft. Com uma idade de surgimento de apenas 18 anos (94º percentil), Doctson nunca dependeu de força para superar seus adversários, preferindo se apoiar em sua rapidez e uma técnica apurada.
Tudo em seu perfil, inclusive um índice de dominância de 38,6% (74º percentil), sugere que Josh Doctson será um recebedor completo na NFL, podendo atuar em qualquer função que seus técnicos julgarem necessária. Ele não apresenta um perfil arrebatador, como os principais wide receivers dos Drafts anteriores, mas sem dúvida é o melhor e mais seguro prospecto que essa classe tem a oferecer.
Melhor encaixe: Minnesota Vikings
Jogador comparável: A.J. Green






