Os 5 times que devem reforçar sua linha ofensiva no Draft

Classe recheada de topo atrai times com linhas deficitárias

É comum que psicólogos e historiadores analisem sociedades e indivíduos inseridos nelas de acordo com as escalas de valores observadas nessas. Essas escalas de valores são subjetivas e variam entre diferentes sociedades, podendo ser representadas por uma forma de pirâmide – como aquelas de hierarquia social de Idade Média que você deve ter aprendido no ensino fundamental.

Se analisarmos a “pirâmide de valores” da NFL, a preocupação e o zelo com a linha ofensiva, com certeza, estariam na base. Pegue os principais contratos da liga: o primeiro jogador da posição que você encontrará é Trent Brown na 30ª posição (e lembre-se que ele acabou de tornar-se o jogador mais bem pago da história na posição).

Todo general manager da liga deveria se fazer uma pergunta: qual foi a última franquia a vencer um Super Bowl com uma linha ofensiva extremamente ruim? Os Buccaneers de 2002? As amostras históricas de sucesso são ínfimas. Mesmo assim, o problema continua sendo postergado, mantendo-se a preferência de reforçar outros setores ao invés de melhorar a unidade que protege seu principal jogador.

As cinco franquias que falarei nesse texto possuem algo em comum: a necessidade de reforçar sua linha ofensiva. Ok, isso é muito óbvio, mas – além disso – elas devem reforçar esse setor logo na primeira rodada. Isso facilita a filtragem, já que – por exemplo – os Cardinals possuem uma das piores unidades de linha da liga, mas devem pensar em reforços a partir da segunda rodada, apenas.  A ordem dos escolhidos seguirá a ordem desses no Draft.

1. Jacksonville Jaguars – 7ª escolha geral

Uma das maiores decepções da temporada de 2018 é a primeira franquia da nossa lista. A linha ofensiva de Jacksonville sofreu com lesões e inconsistências na última temporada (tudo bem, quem estava atrás dela também não ajudou) e necessita de reforços se quer brigar por algo em 2019 – lembrando que os Jaguars jogam em uma das divisões mais difíceis da liga (a AFC South, que também contém Colts, Texans e Titans).

O lado esquerdo que protegerá Nick Foles é sólido. Cam Robinson tem seus problemas, mas é jovem e uma boa promessa e Andrew Norwell não recebeu seu gigantesco contrato à toa. O problema? Robinson perdeu 14 jogos e Norwell perdeu 5 (ambos por lesão no joelho) na última temporada. A posição de center não está muito melhor; Brandon Linder perdeu 7 jogos por lesão também no joelho. Pouco adianta bons nomes se eles não permanecem em campo.

Se o que preocupa no lado esquerdo é a saúde, o que preocupa no lado esquerdo é o talento. Sem nenhum nome sólido para right guard ou right tackle, os Jaguars devem focar um offensive tackle na sétima escolha, sendo Jawaan Taylor o nome mais provável. O calouro da Universidade da Florida é bom na proteção ao passe e abrindo caminho para o jogo terrestre, características que serão essenciais em Jacksonville. Nick Foles não possui um grande grupo de recebedores e precisará de tempo no pocket para que as janelas de passe apareçam. Além disso, Leonard Fournette vem de uma péssima temporada e necessita enterrar as críticas que são feitas desde que os Jaguars escolheram ele há dois anos, com a quarta escolha geral do Draft de 2017 (sim, o mesmo recrutamento de Patrick Mahomes e Deshaun Watson).

A possível chegada de Taylor implicaria no tempo que Foles precisa para fazer as leituras e no espaço que Fournette precisa para voltar a ganhar mais do que três jardas; ou seja, o caminho para os Jaguars voltarem ao topo passa por um novo e sólido right tackle. A melhor parte disso tudo? Na sétima posição, todos os melhores prospectos da posição devem estar disponíveis, o que impede que a franquia torne-se refém da aleatoriedade de quem escolhe na sua frente.

2. Cincinnati Bengals – 11ª escolha geral

Seria possível escrever um texto apenas sobre os problemas dos Bengals e sua linha ofensiva teria o desprazer de ser um dos principais deles. Para piorar, a franquia se movimentou mal na free agency, contratando Bobby Hart e John Miller, os quais são – no máximo – bons jogadores para rotação. Além disso, Cordy Glenn foi um fracasso como left tackle, cedendo 36 pressões em toda a temporada (sua pior marca na carreira), e Billy Price – escolha de primeira rodada de 2018 – pouco pode fazer e teve seus problemas com micro lesões ao longo de todo o ano.

A menos que Dwayne Haskins sobre na escolha 11 ou a franquia decida subir no Draft pelo quarterback, não há porque os Bengals não pensarem em focar em linha ofensiva na primeira rodada novamente. Claro, o corpo de linebackers é fraco e Cincinnati adoraria escolher Mack Wilson ou Devin Bush; mas a unidade é fraca há anos e, visto que o tempo de Andy Dalton chegou ao fim, é necessário que uma proteção sólida para o seu novo franchise quarterback seja montada.

Tal qual os Jaguars, os Bengals podem encontrar os melhores prospectos de linha ofensiva disponíveis na escolha 11. Melhor ainda? O melhor de todos os calouros deve cair no colo deles.

Jonah Williams é um jogador espetacular com todos os pré-requisitos para ser um sucesso na NFL. Muito inteligente, excepcional na proteção ao passe e no auxílio ao jogo terrestre, o calouro é eficiente nas nuances que o colocam como o melhor prospecto dessa classe – como a ancoragem e o trabalho de pés. “Por que ele não é uma escolha top 5, então?” Deveria ser, mas Williams deve cair até os Bengals devido a supervalorização de sua baixa envergadura.

Isso deve ser um problema para Cincinnati escolhê-lo? Definitivamente não. Números sem análise são apenas números e, analisando o tape do jogador, é possível observar que a baixa envergadura de Williams não atrapalhou sua dominância e eficiência no college. Na pior das hipóteses, eles seria movido para offensive guard – posição também deficitária na franquia.

Se Dwayne Haskins não for o alvo, Jonah Williams é o nome para a reestruturação dos Bengals sob a tutela de Zac Taylor.

3. Carolina Panthers – 16ª escolha geral 

Diferentemente de Jaguars e Bengals, os Panthers entenderam bem seus problemas e foram atrás de uma solução eficaz na free agency. Se por um lado a renovação de Daryl Williams não foi nada demais, por outro a adição de Matt Paradis foi uma das maiores barganhas da offseason.

Com essas duas movimentações, o lado direito da linha ofensivo pode receber menor atenção, mas o lado esquerdo preocupa – e muito. A contusão no ombro de Cam Newton ainda preocupa a franquia e proteger o lado cedo do quarterback é essencial para que não Newton não seja um Andrew Luck 2.0. Sabendo disso, a franquia precisa gastar sua escolha de primeira rodada no setor e já possui um alvo em mente.

A menos que nenhum pass rush de elite (também conhecido como Brian Burns) esteja disponível na escolha 16, os Panthers devem escolher Andre Dillard para ser seu novo left tackle. Inúmeras fontes reportam que a franquia está apaixonada no prospecto de Washington State e tem seus motivos: Dillard tem um bom teto e é bem estável na proteção ao passe, o que deve trazer um pouco de tranquilidade para Newton fazer suas progressões.

Porém, nem tudo são flores. O calouro ainda precisa melhorar seus bloqueios para o jogo corrido – principalmente em relação ao seu pad level – e isso pode atrapalhar a vida de Christian McCaffrey. O prospecto deve ter algumas dores de crescimento nesse quesito quando adentrar na liga e isso é normal, mas é necessário que busque refinar sua técnica nessa offseason – principalmente no período de training camps – para que esse defeito não seja abusado contra ele de forma a prejudicar o time (e, acredite, as franquias da NFL sabem explorar pequenos defeitos para vencer jogos).

Dillard tem seus problemas e pode-se questionar se Cody Ford, por exemplo, não seria uma escolha melhor. Porém, os Panthers demonstram enxergar a necessidade de proteger seu franchise player e Dillard conseguirá fazer isso, pelo menos nas jogadas de passe. Se for disponibilizado mais tempo de pocket à Cam Newton, nós sabemos o estrago que ele pode fazer – e é esse estrago que Carolina precisa para brigar pelos playoffs na competitiva NFC.

4. Minnesota Vikings – 18ª escolha geral 

Quando escrevi sobre a renovação do contrato de Adam Thielen, tratei um pouco sobre como aquilo indicava que os Vikings deve renovar sua linha ofensiva por meio do Draft, já que a franquia falhou em não reforçar a unidade durante a free agency (como o Bulio comentou há algum tempo). 

Minnesota precisa reforçar o interior de sua linha ofensiva para ontem e o útil deve se unir ao agradável na escolha 18. Garrett Bradbury é o melhor prospecto de center na classe e deve ser uma grande adição no miolo da linha da franquia desde a semana 1. Sim, Pat Elflein é o atual titular e ainda é jovem, mas teve um péssimo ano e nada é garantido para ele. Além disso, Bradbury pode fazer as vezes como guard caso os Vikings queiram manter os dois jovens como titulares.

Jogador inteligente e competente nas duas frontes (proteção ao passe e auxílio ao jogo corrido), o center é o típico prospecto que chega fazendo pouco barulho e executa seu trabalho com extrema competência (ainda mais se conseguir corrigir seus pequenos defeitos antes da temporada começar, como quando encara iDL mais fortes) e é exatamente a competência que Bradbury promete trazer que Kirk Cousins deseja. O quarterback precisa provar que todo o dinheiro investido em sua contratação valeu a pena e um pouco de tranquilidade no pocket é necessária para que Cousins consiga respirar duas vezes antes de fazer o passe.

Além do que, vale lembrar que os Vikings jogarão duas vezes contra o pass rush revitalizado de Lions e Packers e contra o sólido batalhão de Khalil Mack e amigos. Bradbury e sua solidez são mais do que necessárias.

Se por um lado Cousins ainda é a incerteza na principal posição do ataque, Bradbury é um dos Band-Aid’s que serão implementados para estancar o sangramento de uma unidade em estado de emergência. A escolha do center deve se provar um grande acerto e começo da renovação de uma linha que foi, por tanto tempo (como o contrato de Thielen provou), menosprezada.

5. Houston Texans – 23ª escolha geral

Por último, a franquia que deveria ser a principal interessada em reforçar sua linha ofensiva, mas está na pior situação. A necessidade de reforços para a unidade dos Texans – principalmente na posição de offensive tackle – é gritante. Houston conseguiu a proeza de ter a pior linha da liga na temporada passada e Deshaun Watson precisa de ajuda para que não seja trucidado pelos pass rushers adversários.

Certo, se essa é a necessidade, escolha um prospecto na primeira rodada! Correto?

Correto, mas não é tão simples assim.

Os Texans possuem uma escolha de final de primeiro dia e os prospectos que podem estar disponíveis são uma incógnita completa. Se por algum acaso todos os talentos de primeira rodada para a posição forem escolhidos, a franquia pode ter de postergar o jovem reforço para a segunda rodada com uma apreensão sobre um possível reach. A posição de cornerback também é um buraco no elenco dos Texans e, caso tenha que escolher – por exemplo –  entre Byron Murphy e Greg Little, dificilmente a franquia deixará passar um prospecto melhor em nome do reforço do setor.

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Porém, pensando em uma soma de probabilidade de prospecto disponível e uma cura de necessidades, Cody Ford deveria ser um dos principais alvos dos Texans. Ford pode atuar como right tackle ou right guard, o que aplicaria a versatilidade necessária para tampar os buracos da linha. O titular atual na posição de right tackle, Seantrel Henderson, é medíocre e perdeu a última temporada inteira devido a uma lesão no joelho. Ademais, ele também poderia atuar como right guard, roubando a vaga Zach Fulton (que não correspondeu as expectativas de sua contratação) ou deslocando o veterano para outra posição da linha, na tentativa de melhorá-la como um todo. São diversas possibilidades e é isso que os Texans precisam: um bom jogador que possa acrescentar de várias formas.

Se há a incerteza da pick, uma certeza que a franquia pode ter é que Deshaun Watson permite que o time sonhe alto, desde que ele consiga ter o mínimo de proteção. Se Ford for escolhido, ele pode transmitir um pouco de tranquilidade ao quarterback, para que este não corra risco de vida em todo snap. O caminho dos Texans passa pela melhora na linha ofensiva, resta saber se o escolhido para reforça-lá conseguirá transmitir um grande impacto.

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