Os 7 momentos mais marcantes e curiosos na história do Draft

Ao longo de suas 81 edições realizadas até hoje, o Draft da NFL já nos proporcionou inúmeros momentos extraordinários e surpreendentes – tanto por coisa boas, quanto por coisas um pouco mais exóticas. Prever o que irá acontecer durante o recrutamento é uma missão praticamente impossível, não importa de que maneira você tente fazer isso. Não tem jeito, quando colocamos o comportamento humano numa equação, tudo fica mais instável e difícil de lidar.

Imagine então se misturarmos no mesmo caldeirão um mundo de sentimentos e interesses muitas vezes conflitantes. Jovens atletas querendo virar estrelas do esporte, torcedores apaixonados, jornalistas “corneteiros” e dirigentes ávidos para colocar suas franquias no caminho do sucesso a qualquer custo . É a receita perfeita para que bizarrices aconteçam.

Enfim, não foi difícil elaborar uma lista com sete dos episódios mais marcantes e curiosos na história do Draft. Através desses mais de 80 anos, já aconteceu de tudo um pouco nesse evento tão importante para o desenvolvimento do futebol americano. Confira.

Raiders escolhendo um cara que não queria ser jogador profissional

Poderíamos citar aqui inúmeras peripécias famosas de Al Davis, falecido dono e general manager dos Raiders, no Draft. Por exemplo, as escolhas de um punter e um kicker na primeira rodada – respectivamente Ray Guy (1973) e Sebastian Janikowski (2000) – ou então, se preferirmos, o lendário bust conhecido como JaMarcus Russell. Entretanto, vamos falar sobre um episódio um pouco menos lembrado.

Eli Herring era um dos principais jogadores de linha ofensiva disponíveis no Draft de 1995. Após uma boa carreira universitária em BYU, o offensive tackle chegou até mesmo a ser projetado como uma pick de primeira ou segunda rodada. Só havia um problema: Herring não tinha a menor intenção de ser jogador profissional de futebol americano. Por conta de motivações religiosas – ele era um mórmom devoto e, portanto, não podia trabalhar aos domingos -, Eli avisou todas as franquias que não queria ser draftado. Al Davis, porém, decidiu que valia a pena pagar para ver e o selecionou na sexta rodada (190ª escolha geral), possivelmente pesando que ele alguma hora mudaria de ideia. Isso nunca aconteceu e Oakland jogou sua escolha no lixo.

Laremy Tunsil e seu Twitter hackeado

Quem não se lembra do incidente envolvendo Laremy Tunsil no ano passado? Poucos minutos antes do início do Draft, um vídeo surreal do offensive tackle fumando maconha foi postado em seu Twitter pessoal – é mais fácil ver do que tentar explicar.

Tunsil alegou que sua conta havia sido hackeada e que as imagens eram de anos atrás, mas, obviamente, o vídeo afetou sua performance no Draft. Antes considerado uma escolha certa no top 5, ele despencou até a 13ª posição, perdendo alguns milhões de dólares de contrato e caindo no colo dos Dolphins. O jovem de 22 anos teve uma boa temporada de calouro em Miami e, pelo menos até agora, não se envolveu em mais nenhuma confusão desse tipo.

Torcida dos Eagles vaiando Donovan McNabb

Se existe uma fan base que gosta de causar na NFL é a dos Eagles. Digamos apenas que ela não é conhecida por ser uma das mais amáveis ou educadas do esporte – e não somos nós que estamos falando, antes que briguem com a gente. Em 1999, tivemos um exemplo disso.

Com a segunda escolha geral daquele ano, Philadelphia draftou Donovan McNabb. O que deveria ter sido motivo de alegria para os torcedores, afinal o prospecto de Syracuse era o melhor QB da classe, na verdade se transformou em revolta, pois os fãs presentes no Theatre at MSG queriam que a franquia selecionasse o running back Ricky Williams, aquele mesmo da troca inacreditável com os Saints. Deste modo, assim que o nome de McNabb foi anunciado no microfone, uma sonora e constrangedora vaia começou a ressoar, ficando para sempre marcada na história do Draft.

No final das contas, a decisão da equipe foi mais do que correta. McNabb transformou-se no franchise quarterback que os Eagles tanto buscavam, sendo titular do time por 11 anos. Já Williams não foi um completo bust na NFL, mas também não foi a estrela que muitos esperavam.

Menção Honrosa: Fãs dos Texans reagindo à escolha de J.J. Watt
Um outro momento embaraçoso de uma torcida vaiando uma futura estrela aconteceu em 2011, quando os Texans selecionaram J.J. Watt com a 11ª pick geral. O vídeo disponível no Youtube está com a qualidade péssima, mas ainda assim é impagável.

O “barraco” entre Mel Kiper e Bill Tobin

Na maioria das vezes os próprios torcedores são os grandes críticos das opções tomadas pelas franquias. Em outras, entretanto, esse papel cabe aos membros da imprensa. Em 1994, Mel Kiper, especialista em Draft da ESPN norte-americana, perdeu um pouco a linha ao falar dos Colts. O analista ficou revoltado com a decisão da franquia de draftar o linebacker Trev Alberts ao invés do quarterback Trent Dilfer com a 5ª escolha geral. Entre outras coisas, Kiper afirmou que atitudes como essas faziam o time escolher em segundo todo ano e nunca brigar por títulos. Uma pequena contextualização: em 1994, Indianapolis teve também a 2ª pick geral do recrutamento. Com ela, selecionou o running back Marshall Faulk.

Bill Tobin, na época general manager dos Colts, não gostou nada das duras críticas e também decidiu subir o tom na hora da réplica, com direito à um emblemático “Who in the hell is Mel Kiper?” “– seguido de um “meu vizinho, não tem o carnê de ingressos da temporada, tem mais credenciais que Mel Kiper. E meu vizinho é carteiro”. Depois, durante uma entrevista coletiva, Tobin ainda acusou o jornalista de sentir um certo recalque por conta dos Colts terem se mudado de Baltimore para Indianapolis. Enfim, o episódio foi uma pura “lavação de roupa suja” em rede nacional.

Se você quiser ver este episódio ao ritmo de música, neste vídeo há ele e vários outros:

Vikings perdendo a hora

Como todo mundo sabe, existe um tempo limite pré-determinado para as franquias submeteram suas picks no Draft – é o famoso “fulanos are on the clock“. Mas o que acontece se um time por algum motivo não conseguir fazer sua escolha dentro do tempo estipulado pela liga? Ele perde a vez, ou seja, é ultrapassado e cai de posição. Não é incomum que isso ocorra nas rodadas finais, porém é uma verdadeira bizarrice no first round, pois, em primeiro lugar, as equipes têm tempo de sobra para tomar uma decisão e, em segundo, cair uma posição que seja dentro do top 30 pode fazer você deixar um talento gigante ficar nas mãos de um adversário.

E não é que o Minnesota Vikings conseguiu a façanha de perder a hora duas vezes na primeira rodada? E o pior: em dois anos consecutivos (2002 e 2003). O caso mais emblemático foi o de 2003. Após não conseguir fechar uma troca com os Ravens pela sétima escolha geral, Minnesota viu o tempo disponível no seu relógio chegar ao fim. Então, os Jaguars herdaram a pick e a utilizaram no quarterback Byron Leftwich. Não satisfeitos, os Vikings vacilaram novamente e permitiram que os Panthers escolhessem na 8ª posição (offensive tackle Jordan Gross). Minnesota só foi selecionar alguém com a 9ª pick, depois de cair dois lugares a troco de nada. Por sorte, esse alguém foi Kevin Williams, um dos melhores defensive tackles da última década.

Eli Manning enfrentando a ira de San Diego

A polêmica entre Eli Manning e a franquia dos Chargers já é bastante conhecida, tendo inclusive já rendido um texto detalhado aqui no ProFootball. Resumindo: por motivos até hoje não muito bem explicados, o quarterback não queria de jeito nenhum jogar pelo time da Califórnia, tanto que, em 2004, ele pediu para não ser draftado por San Diego com a 1ª escolha geral – sua vontade era defender as cores dos Giants.

Os Chargers, contudo, não atenderam seu desejo e o selecionaram mesmo assim. O misto de desapontamento, pavor, raiva e frustração no rosto de Manning enquanto ele segurava a camisa da equipe foi sem dúvida um dos momentos mais constrangedores de toda a história do Draft. E tudo isso embalado por gritos nada carinhosos dos torcedores presentes no auditório.

Alguns tempo depois, Eli foi trocado com New York, os Chargers receberam Philip Rivers no negócio e tudo deu certo para todo mundo, embora Manning até hoje seja odiado em San Diego.

A queda livre de Aaron Rodgers

Acredite se quiser, mas antes de assumir o status de gênio (ou quase divindade) em Green Bay, Aaron Rodgers já sofreu a desilusão de ser rejeitado por diversas franquias no Draft.

No ano de 2005, ele e Alex Smith eram apontados de maneira unânime como os dois principais quarterbacks da classe e prováveis duas primeiras escolhas gerais. Restava apenas determinar quem seria selecionado antes. Smith, estrela na universidade de Utah, era visto como mais preparado para imediatamente ser titular no nível profissional. Rodgers, por sua vez, havia se transferido de um junior college para Cal e era mais “cru”.

Com a primeira pick geral, San Francisco decidiu apostar em Smith. Tudo bem, até aí nenhuma surpresa. Contudo, logo depois começou o pesadelo de Rodgers. Sem nenhum motivo ou explicação aparente, o signal caller começou a despencar no recrutamento. Os nomes foram sendo chamados e o seu nunca era lembrado, até que os Packers o escolheram na 24ª posição, colocando um fim à queda livre do outrora prospecto top 5.

O incômodo/ansiedade de Rodgers esperando seu nome ser anunciado no green room acabou ficando imortalizado, tornado-se um símbolo da montanha russa de emoções que é a vida de um jovem tentando entrar na NFL. E o pior é que por ser da cidade de Chico, norte da Califórnia, seu maior desejo era jogar pelos 49ers, o que deve ter feito o peso da rejeição ser ainda mais doloroso. Em todo o caso, é seguro dizer que as coisas acabaram funcionando bem para ele e a equipe que resolveu apostar em seu talento no final da primeira rodada.

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