No início da temporada de 2018, era improvável que alguém apostasse as fichas no Dallas Cowboys. Com um técnico que possui como especialidade bater palmas e muitas dúvidas acerca do elenco, era esperado um ano medíocre por parte do “time da América”.
Contudo, a temporada acabou sendo uma grata surpresa: uma campanha 10-6 que rendeu o título da divisão, Ezekiel Elliot comprovando o porquê pode ser considerado o melhor running back da NFL, Jaylon Smith e Vander Esch formaram – discutivelmente – a melhora dupla de linebackers da liga, a secundária evoluiu muito, Amari Cooper chegou para ficar e Dak Prescott continua com “gelo em suas veias” nos momentos decisivos.
Porém, nem tudo são flores; o técnico da franquia ainda é Jason Garret, Prescott permanece com seus erros de calouro e a novela Demarcus Lawrence e sua segunda Franchise Tag não parece perto de terminar. Entre as certezas e as dúvidas, quão longe é possível que os Cowboys cheguem nessa temporada? Neste momento, as odds da nfl colocam o Dallas Cowboys como 10º favorito ao Super Bowl LIV nas bolsas de apostas de Las Vegas. É para tanto? Vejamos.
A parte ofensiva: como transformar um elenco mediano em acima da média?
Longe de ser o desastre que parecia ser no início da temporada, o ataque de Dallas melhorou muito com o passar do tempo; principalmente, com a maior e melhor utilização de Ezekiel Elliot e com a chegada de Amari Cooper – mesmo com a determinação de Scott Linehan e Jason Garrett em espalhar a farofa.
A linha ofensiva não chega perto de ser a monstruosidade de 2016, mas teve uma temporada razoável – principalmente considerando a ausência de jogadores importantes por lesão, como Travis Frederick (ausente da temporada devido ao tratamento de sua doença) e a perda de Tyron Smith e Zack Martin por alguns jogos. Sim, Dak Prescott foi sackado 56 vezes, mas muito disso foi devido à sua insistência em segurar muito a bola (atributo que só funciona se a linha for o ponto fora da curva como em 2016 e até 2017). Um ano pode ser o suficiente para gerar mais entrosamento entre os jogadores, mas é interessante que Dallas vá atrás de nomes nessa offseason (principalmente nas posições de center e right tackle) para que Dak tenha tempo suficiente no pocket.
O corpo de wide receivers recebeu um grande upgrade com a chegada de Amari Cooper, mas ainda precisa de um “algo a mais” para ajudar a franquia rumo à caminhada ao título; principalmente após a saída de Cole Beasley (foi para os Bills). Na posição de tight end a volta de Jason Witten é uma surpresa: o futuro hall of famer ficou um ano longe dos gramados e é difícil apostar que ele voltará em um bom nível; se não voltar, a posição continuará sendo uma grande deficiência no ataque.
Por fim, os dois principais pontos do ataque de Dallas: Ezekiel Elliot e Dak Prescott. O running back foi, discutivelmente, o melhor da posição na temporada passada; 1,434 jardas corridas com média de de 95,6 por jogo (líder na liga) e 6 touchdowns terrestres, somado a uma boa contribuição aérea e uma consistente proteção nos bloqueios nas jogadas de passe. Elliot é um fenômeno; porém, seu contrato expira em 2 anos – e nós já vimos o que acontece com running backs na hora de renovar seu contrato (oi, Le’Veon Bell). Obviamente os Cowboys devem tentar mantê-lo se desejam disputar títulos, mas não sairá barato.
No outro ponto focal há Dak Prescott, o quarterback que continua sendo um mistério. Uma obrigação de um time que deseja brigar pelo Vince Lombardi é possuir um signall caller que seja habilidoso e que seja frio na “hora H” (Jared Goff sentiu a pressão no Super Bowl LIII; o resultado todos sabemos), Dak possui isso de sobra. Porém, no que tange a sua habilidade, ele ainda é uma incógnita: quando tem tempo pra lançar e é livre pra usar suas pernas como ameaça no jogo terrestre, Prescott torna-se o quarterback de 2016 que foi nomeado calouro ofensivo do ano; do contrário, torna-se um especialista em levar sacks e em lançamentos que não possuem explicação.
Um possível problema futuro para Dallas em termos financeiros é o termino dos contratos de Cooper e Prescott – e o quarterback já anunciou que não quer ganhar pouco. Jerry Jones ama Dak e viu sua aposta em Cooper dar resultado no último ano, o que pode incentivá-lo a essa renovação dupla e um futuro aperto da folha salarial do time (já que a renovação de Elliot viria no ano seguinte). O cuidado com essas renovações deve ser uma das principais preocupações de Jerry Jones, já que é a velha teoria do custo de oportunidade: se escolho A, estou deixando de escolher B (ou; se estou pagando Dak, estou deixando outros setores do meu time expostos e isso pode custar caro).
A parte defensiva: como adicionar tempero extra a uma receita
Você chega em casa e está com fome. Decide fazer um bom bife mal-passado para comer e o tempera com os velhos alho e cebola. Claro que só dessa maneira já fica delicioso, mas se for adicionado uma pitada de pimenta, o sabor pode ficar ainda melhor. Ok, essa analogia foi meio estranha, mas a defesa dos Cowboys segue o mesmo padrão: uma das melhores unidades da temporada passada e que possui excelente jogadores (como Demarcus Lawrence, Vander Esch e Jaylon Smith), mas ainda falta algo a mais.
Falando da linha defensiva, o time sofreu algumas perdas significativas nos últimos dias: Randy Gregory foi suspenso indefinidamente por violar a política de substâncias da liga novamente e David Irving anunciou a sua aposentadoria após ser pego pela terceira vez nesse mesmo teste. Ainda, a franquia aplicou a Tag em Lawrence, o que o deixou bem irritado (afinal, seria o segundo ano consecutivo que o EDGE atuaria sob o recurso) e pode o levar a seguir a atitude de Bell e não assinar a Tag; os Cowboys ainda têm tempo para tentar negociar um contrato de longa duração e, se o projeto de Jerry Jones é realmente ir atrás de um título, Lawrence é um dos jogadores que devem permanecer em Dallas. Além disso, a franquia pode aproveitar a profunda classe de linha defensiva no Draft para suprir as perdas de Gregory e Irving.
Completando o front seven (ou seria front six?) os Cowboys possuem um trio de linebackers excepcional: Jaylon Smith tornou-se tudo o que era esperado dele, Leighton Vander Esch chegou perto de ser o calouro defensivo do ano e roubou a cena – e a vaga – de Sean Lee, o complemento do trio. Mesmo que Lee sempre tenha sido um dos líderes dessa defesa (e demonstrou muito desse quesito nessa temporada, ao não causar intrigas quando foi substituído por Vander Esch), sua dificuldade em lidar com as lesões tornaram a sua presença em campo sempre questionável – mesmo que sua qualidade sempre tenha sido inegável. Portanto, a qualidade e a presença de Smith e Vander Esch tornam-se muito importantes nesse cenário de dúvida com relação ao veterano.
Por fim, a secundária que – se não tem nenhum nome no estrelato – foi bem consistente nesse último ano. Byron Jones (talvez o nome mais conhecido do setor) esbanjou de sua fisicalidade e foi muito bem, principalmente, na marcação homem a homem. O complemento titular (Jeff Heath, Chidobe Awuzie e Xavier Woods) se manteve na média, mas foram importantes para a consistência defensiva. Aqui, vale a analogia do tempero: a secundária foi bem na temporada, mas um nome de peso poderia elevar o nível de jogo e tornar a unidade do Cowboys muito temida. Em um jogo de playoffs, não basta possuir a média; é necessário o diferencial.
[related_posts_by_tax format=”links” posts_per_page=”5″ title=”Leia também” taxonomies=”category”]O veredito final
O elenco do Cowboys assemelha-se muito àquela matéria na faculdade que você não gosta, mas não quer pegar “DP”; você estuda pra passar, mas leva nas coxas. Dallas tem um bom elenco, mas falta um peso a mais para que possa chegar ao Super Bowl. A determinante é ser necessário que Dak Prescott esteja em sua melhor fase.
Jerry Jones está com a folha salarial um pouco apertada nesta próxima temporada (aproximadamente $20M) e isso pode limitar as ações do time na offseason; mas, um bom Draft somado a alguma aquisição pontual podem ser os fatores necessários para que a franquia encerre o jejum de 22 anos sem avançar mais do que o Divisonal Round. O que falta em Jason Garrett, terá que sobrar em determinação e talento no elenco nessa temporada – considerando que os Eagles não vão tropeçar como na temporada passada, a divisão promete uma briga melhor entre Dallas e Philadelphia.
Porém, se há algo que o último ano dos Cowboys nos confirmou é a capacidade da NFL em ser uma caixinha de surpresas. Quando a temporada de 2019 começar, poderemos ter uma ideia da caixinha dos Cowboys – seja para o bem, ou seja para o mal.
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