Um high school famoso, recrutado para uma universidade de gabarito que jogue em uma das cinco maiores conferências (SEC, Big Ten, Big 12, ACC ou Pac-12), boas atuações, diversos prêmios e é selecionado na primeira rodada do Draft. Bons contratos, o jogador com 34 anos já tem mais de 10 anos de liga e não rende mais tanto quanto antes. Este é o caminho padrão para uma parte dos destaques de hoje da NFL, porém alguns traçam caminhos totalmente diferentes e precisam de uma avaliação individual, principalmente com relação à assinatura de novos contratos.
Escolhas do fim do Draft ou, na maioria dos casos, undrafted free agents. Jogadores que até podem ter ido para uma boa universidade, mas não eram bem aproveitados ou não tinham a motivação de mostrar todo o seu talento. Histórias de superação, que na hora de renegociar o seu novo contrato precisam de avaliação diferenciada, visto que ficaram menos tempo em campo e, consequentemente, possuem menos desgaste físico devido aos anos de intenso trabalho. Por causa desta falta de aproveitamento nos anos iniciais da carreira, jogadores como Cameron Wake chegam com 34 anos com impressão que tem 30 e ainda buscam contratos lucrativos na liga.
Lembre um pouco da história de Cameron Wake
Para quem não conhece Wake, ele foi recrutado por Penn State ainda na época de Joe Paterno. Alternando entre linebacker e defensive end, o atleta teve bons números para um linebacker, mas não para um defensive end – apenas 8,5 sacks na carreira, 24 tackles para perda de jardas e nenhuma boa dancinha como as de Von Miller. Quando saiu de Penn State, Wake era duro demais para jogar como linebacker em um 4-3 e undersized para jogar como pass rusher (apenas 107 kgs). Além disso, a produção em Penn State não foi das melhores e ele acabou não sendo draftado.
Em 2005 ele até foi para o training camp do New York Giants, mas foi cortado. Como contou depois, ficou dois anos parados até ser contratado na CFL e destruir em campo – agora mais forte. Em 2009 Cam Wake chegou aos Dolphins, com 27 anos, e mesmo atuando na rotação dos pass rushers obteve 5,5 sacks e era um terror em campo. No ano seguinte, mais tempo em campo e o estouro: 14 sacks.
O que sua história tem a ver com o contrato?
Ok, por que estamos contando a história de Cameron Wake? Oras, é preciso entender a particularidade deste contrato dado por Miami. Se Trent Cole, com 33 anos, recebesse um contrato de mais de dois anos de duração, a reação seria de desaprovação total. Já Cameron Wake é totalmente diferente.
O atleta ficou até os 27 anos fora da NFL. Isto significa que o seu corpo não sofreu tanto impacto assim e ele está em melhor forma que a grande maioria dos atletas que ainda sobrevivem depois dos 30. É claro que está entrando no fim de carreira, e não que sua carreira está respirando por aparelhos. Levar isto em conta é importantíssimo para entender que um contrato de três anos não é o fim do mundo para Wake, ainda mais que aliviou o salary cap para este ano – seu cap hit, anterior, era de 9,8 milhões de dólares e agora será 8,5 milhões.
E os outros dois anos? Bem, o último não é garantido e no próximo ano cortar Wake só renderia quatro milhões de dólares em dead money (salvaria três milhões). Mesmo que o jogador tenha uma queda brusca de produção (o que não deve acontecer), os Dolphins podem sair do contrato sem grandes problemas. Além do mais, é quase impossível o jogador ver a grana do último ano de contrato, visto que ele estará com 36 anos e já deve ter se aposentado. É um bom jeito de mostrar respeito por alguém que fez um bom trabalho pela equipe e só gostaria de se aposentar jogando na Flórida.
O veredito final?
Os Dolphins fizeram um trabalho bom na renovação, mas isto não esconde o quanto eles foram mal na posição de pass rusher durante a intertemporada. Sim, Olivier Vernon ganhou um contrato absurdo do New York Giants e não valia a pena pagar tanto, conquanto ele estava com a transition tag e valia a pena arriscar um pouco mais em garantir os seus direitos. Vernon só passou de 10 sacks uma temporada na curta carreira, porém seria essencial ter lembrado que ele teve 18 tackles para perdas de jardas em 2015, terceira melhor marca entre os mortais – a quarta melhor se você contar J.J. Watt. Wake? Apenas três.
Miami tinha que escolher dois dos três: Cameron Wake, Olivier Vernon e Mario Williams. Eles foram com os dois mais velhos e baratos, deixando uma promissora peça defensiva escapar na Free Agency sem ganhar nada em troca – uma decisão de coçar a cabeça.
A NFL está cada vez mais aérea e achar um bom pass rusher está se tornando cada vez mais difícil – pergunte ao Atlanta Falcons e suas marcas de 29, 32, 22 e 19 sacks nas últimas quatro temporadas, respectivamente. Analisando apenas os números do contrato de Wake, o serviço foi bem feito para garantir que um ídolo vai se aposentar perto de sua torcida. Olhando para o quadro geral? A decisão foi equivocada em manter Williams e Wake. Vernon pode ter ganho mais do que valia na Free Agency, porém Miami deveria ter feito um esforço maior para mantê-lo e consolidar a posição pelos próximos 4-5 anos, e não apenas consolidá-la para esta temporada. O front office deveria ter feito um trabalho muito melhor.






