Os safeties do draft 2019 e suas funções ideais na NFL

Cada vez mais, observamos um alto grau de especialização dentro das posições básicas na NFL. Assim, um wide receiver pode ser classificado entre recebedor de lateral ou de slot (ou até mesmo entre X, Z e slot), dependendo de suas características físicas e técnicas. O mesmo acontece com tight ends, jogadores de linha defensiva e running backs, por exemplo.

No entanto, é possível que não haja uma posição em que esta especialização seja tão evidente quanto no caso dos safeties. Antes divididos entre free e strong safety (baseado no alinhamento distante ou próximo da linha de scrimmage, respectivamente), hoje podemos perceber diversas subespecialidades de safety.

Hoje discutiremos os principais “tipos” de safety na NFL dos dias de hoje, bem como o valor relativo de cada uma dessas funções. Finalmente, veremos onde se encaixam os principais prospectos da posição disponíveis para o Draft 2019.

Safeties em 2019: muito além de free e strong

Como mencionamos acima, as tradicionais definições de free e strong safety se tornaram obsoletas. Em esquemas defensivos com grande variação, tanto no alinhamento quanto na cobertura, os safeties precisam executar funções específicas. Desde cobrir todo o terço médio do campo em profundidade, em sistemas cover 3, a dividir o meio do campo, alternando cobertura por zona em profundidade com cobertura homem-a-homem, em sistemas 2-high, passando por executar funções de suporte ao jogo corrido e até mesmo cobrir tight ends e receivers no slot.

Assim, independente de suas colocações em rankings gerais da posição de safety, o valor de determinados prospectos pode ser diferente para as equipes dependendo das necessidades e do sistema defensivo de cada uma delas. Vamos então a uma descrição rápida dos fenótipos principais de safeties na NFL da atualidade, além dos nomes dos jogadores disponíveis no Draft que melhor se encaixam em cada tipo. Como veremos, alguns jogadores estarão em mais de um grupo, o que sem dúvida fala a favor da versatilidade dos mesmos.

Centerfielder

Em esquemas com apenas um safety em profundidade (cover 1 ou 3), este deve ser um atleta capaz de cobrir com eficiência um espaço grande no campo. Além disso, esse tipo de safety deve ter instintos para chegar na bola, além de força e velocidade para “descer” rapidamente para participar do tackle em corridas ou passes curtos.

Basicamente, pense em Earl Thomas. Claro que não é fácil achar um jogador do calibre de Thomas, mas há no grupo de 2019 jogadores com talento físico para atuarem nesta função, possivelmente a mais “nobre” entre as que vamos discutir aqui hoje.

Prospectos que se encaixam na função:

  • Nasir Adderley, Delaware;
  • Juan Thornhill, Virginia;
  • Chauncey Gardner-Johnson, Florida.

Os três prospectos acima apresentam a combinação de velocidade, explosão e visão necessárias para executar a função. Thornhill é o melhor atleta dos três, enquanto Gardner-Johnson tem explosão e instintos que até compensam uma eventual limitação de velocidade. Adderley, mesmo não testando tão bem no Combine e no Pro Day, mostra-se um safety de profundidade bem completo, ágil e inteligente no ataque à bola.

2-high safety

Em esquemas cover 2 ou quarters, o centro do campo acaba dividido em 2: cada safety fica responsável por um dos lados. Em geral, na atualidade, esses 2 safeties assumem papéis diferentes a cada jogada, podendo, no momento do snap, assumir a zona em profundidade, ou dar cobertura em passes curtos ou intermediários, ou ainda partir em direção ao running back ou quarterback.

A chave aqui é versatilidade, já que o jogador precisa executar funções de força, explosão e velocidade. Por outro lado, requer menos velocidade e instintos do que o centerfielder.

Prospectos que se encaixam na função:

  • Nasir Adderley, Delaware;
  • Chauncey Gardner-Johnson, Florida;
  • Darnell Savage, Maryland;
  • Deionte Thompson, Alabama.

Adderley e Gardner-Johnson mostram sua versatilidade, podendo executar um grande número de funções. Savage é um atleta que vem escalando os rankings nas últimas semanas, mostrando grande intensidade e explosão e que deve se destacar neste tipo de função. Thompson já foi considerado o melhor prospecto de safety neste draft, mas, com maior escrutínio, os buracos em seu jogo foram aparecendo.

Big Nickel

Outra função “na moda” entre os safeties da NFL é o chamado big nickel. Com a tendência dos ataques em “flexionarem” os tight ends para o slot, onde o desequilíbrio de tamanho acaba deixando cornerbacks em desvantagem, a ideia de um defensor mais corpulento nesta função ganha força.

Para isso, o safety que se desloca para a cobertura do slot precisa ser forte mas também ágil na cobertura homem-a-homem. Jogadores com experiência prévia atuando também como cornerbacks na universidade podem ter vantagens.

Prospectos que se encaixam na função:

  • Chauncey Gardner-Johnson, Florida;
  • Juan Thornhill, Virginia;
  • Amani Hooker, Iowa;
  • Taylor Rapp, Washington.

Mais uma vez, Gardner-Johnson mostra sua grande versatilidade, mas é nesta função que o prospecto de Florida talvez tenha mais sucesso. Sua qualidade na cobertura em espaços curtos o credencia a marcar alvos como os tight ends flex mencionados acima. Thornhill tem experiência atuando como cornerback, enquanto Hooker possui o tamanho ideal para a função.

Muitos classificam Taylor Rapp como um box safety exclusivo, mas vejo o prospecto de Washington como um defensor versátil o suficiente para o slot. Só não dá pra inventar colocá-lo em profundidade.

Box Safety

Seguindo o modelo do antigo strong safety, jogador de suporte à defesa contra o jogo corrido e especialista nas coberturas por zona em curta distância. Em geral, isso significa jogadores com explosão em espaços curtos, capazes de tackles seguros e de vencer bloqueios.

Por outro lado, estamos falando de jogadores em geral pouco habilitados para a cobertura em profundidade. São “quase linebackers“, basicamente.

Prospectos que se encaixam na função:

  • Chauncey Gardner-Johnson, Florida;
  • Darnell Savage, Maryland;
  • Johnathan Abram, Mississippi State;
  • Taylor Rapp, Washington;
  • Sheldrick Redwine, Miami.

Já não dá pra ter dúvida de que quem é o safety mais completo do grupo. Gardner-Johnson é capaz de executar todas as funções que se espera de um safety na NFL em 2019 – daqui a pouco explico o porquê de, mesmo assim, não considero Gardner-Johnson o melhor safety do grupo. De qualquer forma, sobre os box safeties: jogadores como Savage e Rapp têm versatilidade para atuar no box e em outras funções. Já Johnathan Abram, prospecto bem avaliado no início do processo do draft, caiu nos rankings devido à percepção de se tratar se um box safety exclusivo.

Sheldrick Redwine, por sua vez, entrou nesta lista, principalmente, por ter um nome que caberia bem em um personagem de Game of Thrones.

Valores e valores

Diante desta variedade de papeis que podem ser assumidos pelos safeties do grupo de jogadores disponíveis para seleção no draft 2019, como rankear esses atletas? Quem chegou até aqui já percebeu alguma diferença entre os prospectos.

Assim, esse ranking acaba sendo diferente para cada equipe, dependendo de suas características defensivas e de suas necessidades de elenco. Em termos gerais, no entanto, a qualidade mais difícil de se encontrar, por assim dizer, é a capacidade de cobrir sozinho o terço médio do campo.

Desta forma, os prospectos com esta característica, ao menos em minha visão, ocupam os primeiros postos na lista dos safeties. E o melhor deles é Nasir Adderley, justamente para ser o mais preparado para ocupar uma posição em profundidade. Chauncey Gardner-Johnson vem logo atrás, por compensar um alcance menor com a já mencionada versatilidade. Fechando o top 3, vem Juan Thornhill, muito atlético e com experiência como cornerback, o que o credencia a atuar também no slot.

Entre esses três e o resto vejo uma boa diferença (ainda que Darnell Savage esteja “crescendo no conceito” a cada dia). Mas esse é só o meu olhar. O que importa mesmo é o olhar das equipes daqui a duas semanas.

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