O ano passado não foi vistoso lá em Foxborough. Mas não é como se as expectativas fossem altas também. Após o desastre da curta era Jerod Mayo, o New England Patriots não se prendeu aos laços de família e seguiu em frente. A contratação de Mike Vrabel e a montagem da sua comissão técnica – hello, Josh! – foram os primeiros passos.
Os Patriots continuam com tanto talento quanto o deserto do Saara. No entanto, 2025 traz esperanças mais concretas do que o ano anterior. Primeiro: o time tem o maior espaço na folha salarial da liga na próxima temporada. Dois: tem uma escolha no top-5 do Draft. Com uma comissão técnica provada e um quarterback promissor em Drake Maye, a franquia se torna um atrativo bem interessante nesta próxima offseason.
Não adianta ter churrasqueira sem carvão
2025 tem tudo para ser um grande ano para as nossas amadas instituições: o Partido Nickel e, claro, o Clube Croata da Terceira Idade Belichick-Saban. Tem a colônia de férias Tar Heels, um puxadinho em Las Vegas comandado por Pete Carroll e um doido Tom Brady, além da reinauguração de sua filial nos subúrbios de Boston. Mike Vrabel é mais uma contratação “caseira” feita pela Kraft: vale lembrar que ele foi três vezes campeão do Super Bowl como jogador da franquia. Apesar das figurinhas conhecidas na comissão técnica, o cenário neste ano não difere muito do ano passado quando se trata do elenco – ou da falta dele.
Com exceção de Maye e de Christian Gonzalez, é mais fácil achar petróleo do que talento no elenco dos Patriots hoje. A linha ofensiva tem buracos em todas as posições, o corpo de recebedores é top-3 piores da liga e os running backs são sólidos – e não passa disso. Do lado da defesa, a situação é um pouco melhor. Ainda assim, é uma unidade que caiu muito de nível em 2024: também por consequência da instabilidade na antiga comissão técnica.
A tarefa de Vrabel e companhia não será nada fácil. Sendo sincera, a tendência é que demore dois ou mais anos para o time ser realmente competitivo. Falta muito talento e a concorrência dentro da AFC é acirrada: a começar pelo próprio rival de divisão, o Buffalo Bills. Por sorte (ou muita ruindade ao redor), os Patriots não tem free agents caros para renovar. O nome mais importante desta lista é disparado Daniel Ekuale. Ele não é o melhor jogador de sua posição, mas é uma peça interessante dentro do elenco. Com Christian Barmore voltando de lesão, ter ele do lado oposto da linha é de bom grado. Uma possível renovação de Ekuale não deve custar muito dinheiro – e por falar nisso…
E também sem carne, pão de alho, frango…
New England tem um monte de dinheiro para torrar nesta offseason e, ao contrário de 2024, possui um cenário atrativo para possíveis compradores. Porém, não adianta ter uma churrasqueira novinha sem ter o carvão, o fogo, o pão de alho, o frango, a linguiça, as carnes… No momento, os Patriots possuem só a churrasqueira (Drake Maye) e o piloto dela (Mike Vrabel). Duas andorinhas sozinhas não fazem verão e novamente: esse time está longe de ser competitivo. Isso não significa que seja impossível ir ao mercado, muito pelo contrário.
Uma classe que não empolga no draft e que o time precisa com urgência é wide receiver. A situação atual é de calamidade pública, pois todos juntos não dão 1/3 de um WR2. Quando você tem um quarterback jovem e talentoso como Drake Maye, a sua obrigação é dar alvos de qualidade a ele. Tee Higgins e Chris Godwin são os nomes mais badalados chegando na free agency – e qualquer um dos dois subiria rapidamente o nível do ataque. Dinheiro para gastar nesses caras o time tem. Olho também em WR2 e principalmente no nome de Elijah Moore: não é o nome mais sedutor do mundo, porém Vrabel trabalhou nos Browns em 2024 e pode (ou não) ir atrás dele.
O resto já é batido: linha ofensiva, linebacker, EDGE, secundária, etc. Algumas dessas posições devem ser endereçadas via draft, em especial com as primeiras escolhas. Ao mesmo tempo, não custa nada ir às compras também, pois o que não falta são opções. Ronnie Stanley e Trey Smith são alguns dos free agents de linha ofensiva disponíveis, por exemplo.
No lado defensivo, vale a pena monitorar a situação de caras como Harold Landry. Os Titans têm a opção de sair do contrato dele neste ano, embora o acordo acabe só em 2026. Além disso, Landry vai custar $24 milhões em 2025 e Tennessee não tem tanto espaço na folha. Uma troca por ele não seria impossível de acontecer, ainda mais para New England. Primeiro porque teria dinheiro para acomodar o contrato do jogador e, em especial, as conexões. Mais até do que Moore, as ligações importam neste caso. Landry teve seus melhores momentos sob o comando de Vrabel e, segundo inúmeras declarações na imprensa, os jogadores amavam o treinador.
Os Patriots têm a faca e o quiejo na mão. Mas diferente do ano anterior, o deserto tem mais atrativos e possibilidades para se tornar um oásis no futuro.
