Nem deu tempo de chamar de novela. Matt Judon chegou emburrado ao treino do New England Patriots, recusou-se a participar, mas no dia seguinte já estava em campo – um exemplo de como profissionais deveriam resolver seus problemas, não é mesmo, senhor Haason Reddick? Judon deixou claro que esperava uma extensão contratual, mas o máximo que conseguiu foi uma troca com o Atlanta Falcons. Completando 32 anos no dia da publicação deste texto, Judon ainda não teve nenhuma renovação anunciada. Fica a dúvida: ele jogará motivado pelo contrato atual, querendo provar que foi subestimado em New England, ou renovará nos próximos dias? Se houver qualquer novidade, atualizaremos o texto.
Salgadinho, mas entendível
Para tirar o EDGE dos Patriots, Atlanta pagou uma terceira escolha. Convenhamos, não é um preço barato para um defensor que completou 32 anos, está voltando de uma lesão no bíceps que o fez perder 2023 quase todo e está no ciclo final de seu vínculo. O valor mais razoável seria algo de dia 3, como uma quarta rodada compensatória ou uma quinta. Contudo, a água bateu no bumbum dos Falcons, em especial após a lesão do calouro Bralen Trice. Selecionado justamente no terceiro round do último Draft, o jovem vindo de Washington está fora da temporada.
É claro que eu não vou perder a chance de lembrar que Atlanta poderia ter saído com um pass rusher da escolha 8: Dallas Turner, Laiatu Latu e Jared Verse estavam disponíveis, mas a franquia preferiu pegar Michael Penix Jr. para ser RESERVA logo após pagar um contrato de US$ 180 milhões para Kirk Cousins.
Todavia, é preciso entender um pouco o que pensa o general manager Terry Fontenot sobre essas escolhas intermediárias e para isso, voltar as suas origens é essencial: ele veio do New Orleans Saints – fez toda sua carreira lá, desde scout até auxiliar do GM Mickey Loomis, um notório torrador de capital de Draft. Basta olhar para os últimos três recrutamentos e fica muito evidente que Fontenot segue a linha de seu professor, trocando escolhas de segunda rodada em diante para subir. Sendo assim, pagar uma terceira para ele não é nada absurdo.
Em campo, não aposto num jogador dominante, mas ainda assim com impacto. Além de produzir nas funções tradicionais – foram 28 sacks e 120 tackles nas duas temporadas completas com os Patriots – ele traz uma adição importante: uma boa capacidade de dropar na cobertura, em zonas curtas. No sistema de Raheem Morris, head coach dos Falcons, diversas vezes o time está com 5 homens na linha de scrimmage e o de uma ponta volta para cobrir: Matthew é um dos EDGEs que mais faz isso desde seus tempos de Baltimore Ravens.
Aceita que dói menos
New England está em processo de reconstrução e quanto antes o torcedor aceitar isso, menos irá sofrer. Ao deixar o principal pass rusher do time ir embora as vésperas da temporada regular, o recado está dado: não estamos preocupados com resultados nesse ano e o que vier é lucro. Com o maior cap disponível para 2025 e agora uma escolha extra de terceira rodada, as ferramentas estão na mão. E digo mais: não se espante se no decorrer da temporada alguns outros saiam, como o veterano Jonathan Jones.
Resta acreditar no desenvolvimento e ter paciência: em 2024 os Patriots brigam apenas para ser um time digno
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