Apenas quatro anos depois da épica conquista de Super Bowl sobre o New England Patriots, o Philadelphia Eagles parece de volta à estaca zero – ou quase isso. Presa em um limbo entre reconstrução total e tentar aproveitar a base restante daquele título, a franquia deve usar 2021 como uma espécie de mapa para planejar o futuro.
DRAFT E FREE AGENCY 2021: A folha salarial impediu grandes movimentações no mercado. Por outro lado, também não houve muitas baixas relevantes, deixando a situação basicamente no zero a zero. Não fossem as trocas com Indianapolis Colts e Miami Dolphins, a intertemporada dos Eagles teria passado quase em branco.
Principal reforço: DeVonta Smith, WR. Wide receiver era sem dúvida a maior carência do elenco, então não dá para culpar Philadelphia por ter subido no Draft visando garantir a jovem estrela de Alabama. Smith tem talento de sobra, embora exista preocupação quanto ao seu porte físico de 1,83m e 77 kg.
Principal perda: Jalen Mills, DB. Cornerback convertido em safety, Mills está longe de ser um nome insubstituível, contudo ele era um dos poucos defensive backs duráveis do plantel. Por sorte, sua ausência foi reposta pela contratação de Anthony Harris, safety ex-Minnesota Vikings. Daria pra colocar Carson Wentz aqui, só que ele foi tão mal em 2020 que não chega a ser exatamente uma perda em comparação à Hurts.
Ataque tem mais dúvidas do que certezas neste momento
São vários “ses” nesse ataque dos Eagles. Se Jalen Hurts jogar bem, ele pode ser um franchise quarterback. Se a linha ofensiva se mantiver saudável, pode ser uma das melhores da NFL. Se DeVonta Smith se encaixar bem no time, pode formar uma ótima dupla com o segundanista Jalen Reagor – caso este evolua em comparação ao seu ano de calouro. Se Miles Sanders parar de dropar passes, pode ter um breakout year.
Certo, você já entendeu. A questão é a improbabilidade de tudo isso acontecer ao mesmo tempo, principalmente quando lembramos o péssimo rendimento ofensivo de poucos meses atrás. As saídas de Carson Wentz e Doug Pederson ajudam a acalmar o tumultuado ambiente da temporada passada, mas os problemas eram mais profundos do que meramente a desavença dos dois.
Por exemplo, o grupo de wide receivers era e continua sendo bastante fraco. Philadelphia vai depender de Smith, Reagor, Travis Fulgham e Greg Ward para agarrar os passes de Hurts, todo mundo ainda buscando se provar na NFL.
Fulgham, por sinal, liderou a equipe somando 539 jardas aéreas em 2020, sendo a maioria delas conseguida em um intervalo de cinco partidas. Reagor, por sua vez, sofreu com lesões e dores de crescimento durante seu ano de estreia e pouco contribuiu, enquanto Ward possui um teto de talento e produção baixo. No final do dia, a menos que Smith tenha um impacto gigante logo de cara, são consideráveis as chances do tight end Dallas Goedert permanecer como alvo mais confiável do time.
A linha ofensiva de fato tem potencial, porém ela precisa ficar saudável: conforme a métrica “adjusted games lost due to injury” do site Football Outsiders, os Eagles foram a segunda franquia mais castigada por lesões na última temporada. Em todo o caso, Jason Kelce, Lane Johnson e Brandon Brooks, em um mundo ideal, formam um excepcional núcleo de bloqueadores, ainda com o aditivo de Jordan Mailata depois de um 2020 surpreendente e um bom training camp.
Enfim, Nick Sirianni, o bombeiro trazido para apagar o incêndio deixado por Doug Pederson, lidará com todas essas dúvidas, tentando colocar nos eixos um ataque que há não muito tempo foi um dos melhores da NFL. O problema é que ele não parece ter material humano à disposição para promover uma revolução.
Secundária segue preocupando, mas no geral há talento defensivo
O rendimento defensivo de Philadelphia caiu em 2020 em comparação a 2019, tanto em termos de números brutos quanto em eficiência medida por DVOA (de 12º para 15º geral). Podemos atribuir isso às lesões ou até mesmo a bagunça do ataque, a qual se espalhou pela equipe inteira e talvez tenha atrapalhado do outro lado da bola. Seja como for, defesa esteve longe de ser o maior problema, assim como também não tende a ser em 2021.
Fletcher Cox, Brandon Graham e Javon Hargrave formam uma das linhas defensivas mais poderosas da liga. Ryan Kerrigan, recordista de sacks por Washington (95,5), foi contratado para encorpar o pass rush e ajudar Derek Barnett a chegar aos quarterbacks adversários, além do bom Josh Sweat impressionando no training camp após um ano acumulando 6 sacks como reserva. É um conjunto de EDGEs relativamente profundo, e os Eagles podem sobreviver com Cox e Hargrave pressionando pelo miolo da linha – juntos, ambos combinaram para 11 sacks e 59 QB hurries.
No geral, há pouco com o que se preocupar nas trincheiras, entretanto o mesmo não pode ser dito da secundária. Tudo leva a crer que será mais uma temporada difícil defendendo o passe. Darius Slay é o principal defensive back e ele não viveu seus melhores dias em 2020, cedendo um rating de 111,9 quando foi alvo.
Recentemente, a franquia assinou com Steven Nelson, cornerback ex-Pittsburgh Steelers. O fato de ele ser um baita upgrade em relação às outras opções (Avonte Maddox, Kevon Seymour, etc.) revela o estado de miséria do elenco, afinal Nelson é um jogador mediano em todos os sentidos. Aliás, o mesmo pode ser dito da posição de safety, a qual terá Anthony Harris atuando praticamente sozinho – e ele, assim como Slay, não vem de um bom 2020.
Essa combinação de falta de talento e profundidade na secundária já atrapalhou Philadelphia em anos anteriores e outra vez pode cobrar um preço alto. O novo coordenador Jonathan Gannon precisará ser criativo e tirar leite de pedra na unidade, devendo fazer algo parecido também com o seu corpo de linebackers.
Como foi em 2020: 4-11-1, 4º lugar da NFC East
Aspecto tático: Sirianni é um discípulo de Frank Reich, o qual por sua vez vem da árvore de treinadores de Doug Pederson, logo não espere enormes mudanças estruturais no ataque. A defesa, no entanto, tende a ser bastante diferente após a troca de Jim Schwartz por Jonathan Gannon. Como este bebe da fonte de Mike Zimmer, é provável que Philadelphia incorpore várias ideias mostradas pelo Minnesota Vikings nos últimos anos: as blitzes pelo meio da linha, a agressividade dos cornerbacks na marcação homem-a-homem e o papel dos safeties fazendo jogadas pelo campo inteiro.
Jogo mais importante: Semana 12, @ Giants. Os Eagles terão uma maratona de cinco duelos divisionais nas seis semanas derradeiras do ano, começando pela visita a New York. Essa brutal sequência determinará se eles irão ou não aos playoffs.
Pergunta a ser respondida: Jalen Hurts é a resposta em longo prazo? Haja vista Philadelphia possuir muito capital para selecionar um novo signal caller no próximo Draft, Hurts terá uma única chance de impressionar e provar sua capacidade de ser um franchise quarterback. Ele tem as intangíveis (liderança, ética de trabalho, etc.) e é um atleta nível Kyler Murray – vide seus ótimos números correndo com a bola -, mas sua inconsistência e ineficiência lançando foram flagrantes em 2020.
O que esperar em 2021? Top 10 Draft. Os Eagles não estão tão longe assim de Washington, Dallas Cowboys e New York Giants na corrida pela NFC East, mas chegarão em setembro um pouco atrás. Nesse sentido, é razoável imaginar que possam terminar outra vez na lanterna da divisão, mesmo eventualmente até melhorando o record 4-11-1 de 2020. Conforme dissemos antes, a franquia está em um limbo entre querer ser competitiva e entrar em modo de reconstrução total, algo que costuma render campanhas medíocres de seis ou sete vitórias.
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