
É crocante porque vende mais – e, assim é reposto rápido – ou vende mais porque é crocante e agrada ao público? Causa e efeito muitas vezes se confundem e em diversas oportunidades é difícil separar os “culpados” numa quadrilha da derrota que uma temporada leva ao torcedor. No caso do Green Bay Packers, o final da temporada passada foi uma tentativa sólida de filtragem: pela primeira vez em décadas, o head coach do time, Mike McCarthy, foi mandado embora no meio do ano. A ideia é limpar a casa – e cabeça – de sua estrela maior, Aaron Rodgers, com o intuito de saber quem era o problema. Ao final do texto, nossa conclusão.
Como foi em 2018: (6-9-1, terceira posição da NFC North, fora dos playoffs). Numa temporada de embate contra Tom Brady e Russell Wilson, dois quarterbacks das outras duas grandes torcidas aqui no Brasil, apenas derrotas e um gosto amargo no gosto da boca do cabeça-de-queijo com o adendo de seu grande rival, o Chicago Bears, ter sido campeão de divisão. O ano começou com uma virada espetacular justamente contra eles – e a chance de pós-temporada ruiu no Soldier Field. Aaron Rodgers claramente não estava 100%, nem fisica e nem mentalmente. A defesa foi mal. McCarthy pagou o pato após a segunda temporada fora dos playoffs.
Draft 2019
Grandes quarterbacks conseguem tirar o melhor de recebedores medianos ou abaixo disso – como é o caso de Green Bay para além de Davante Adams. Assim, o foco dos Packers na primeira rodada foi defensivo, com o intuito de melhorar uma defesa que careceu de peças para uma rodagem plena do sistema de Mike Pettine.
Rashan Gary, DL, Michigan é um prospecto intrigante: sua habilidade atlética sempre esteve lá, desde os tempos de high school – a produção nunca fez jus a essa empolgação. Cotado como escolha de final de primeira rodada, foi um reach de Green Bay, time carente no setor e cuja versatilidade de Gary será útil. Jace Sternberger, TE, Texas A&M é uma escolha excelente. Sternberger dá flexibilidade para mais formações carregadas e menos uso desses recebedores crus. O jogo terrestre – e o play-action – agradecem.
1ª Rodada (12): Rashan Gary, DL, Michigan
1ª Rodada (21): Darnell Savage Jr, Maryland, S
2ª Rodada (44): Elgton Jenkins, iOL, Mississippi State
3ª Rodada (75): Jace Sternberger, TE, Texas A&M
5ª Rodada (150): Kingsley Keke, DT, Texas A&M
6ª Rodada (185): Ka’Dar Hollman, CB, Toledo
6ª Rodada (194): Dexter Williams, RB, Notre Dame
7ª Rodada (226): Ty Summers, LB, TCU
Free Agency 2019
Pela primeira vez em muito tempo, até pela mudança do regime, os Packers investiram em contratações de março. Ótimas contratações, aliás, e a maior parte na defesa.
Principal reforço: Za’Darius Smith/Preston Smith, EDGEs. Não, embora tenham o mesmo sobrenome eles não são irmãos siameses. Mas eram adições necessárias para um time carente na posição e precisando apressar mais os passadores. Embora Green Bay tenha conseguido 44 sacks na temporada passada, isso se deu muito por conta da criatividade – e agressividade – de Mike Pettine com blitzes de defensive backs. A presença de apressadores natos ajuda o time a pressionar melhor com apenas quatro homens.
Principal perda: Clay Matthews Jake Ryan, ILB. Coloquei Matthews porque sei do carinho que o torcedor de Green Bay tem por ele, mas sejamos francos, há anos não joga em alto nível. A saída de Jake Ryan é mais sentida porque a posição de off-ball linebacker já não era muito forte e, agora praticamente conta com apenas Blake Martinez como nome mais sólido. O setor tem pouca profundidade de talento e, em certa medida, foi negligenciado.
É hora da volta do Rei do Norte
É mais do que claro que alguma coisa estava errada com Aaron Rodgers na temporada passada. Qualquer pessoa que tenha jogado esporte competitivo, por mais varzeano que tenha sido, sabe que a dinâmica de vestiário é um negócio complicado. O treinador é um chefe que muitas vezes te xinga e exige sem sujar o sapato de terra. Quando as coisas vão mal, é normal que o jogador comece a pistolar e até mesmo pensar em derrubar o treinador. Mesmo que isso seja feito de maneira inconsciente – com o cara não dando 100%.
A parte mental do jogo de Aaron Rodgers estava abalada e a física, idem. Rodgers machucou o joelho na Semana 1 contra os Bears e, conforme foi exposto, não chegou a estar 100% em nenhum momento na temporada. Quando somamos os dois fatores, temos como resultado a partida de semana curta, Thursday Night, contra os Vikings. Erros bizarros, sobretudo em passes curtos, que nem de longe pareciam passes de Rodgers. A aparência era de alguém fazendo cosplay dele – mas sem o talento que vimos em anos anteriores.
Todos esses problemas acabaram para 2019. A desgastada relação com Mike McCarthy acabou e Rodgers pode levantar a mão para o céu quanto a isso. Tanto psicologicamente quanto taticamente também. Matt LaFleur, novo head coach, mostrou em sua passagem nos Titans que é capaz de moldar seu plano de jogo ao que o time tem de melhor. No caso de Green Bay, LaFleur não vai negligenciar o running back Aaron Jones como tantas vezes McCarthy fez. Ainda, colocará menos wide receivers no campo justamente para poder fazer mais play-action – algo natural para treinadores da “árvore” Shanahan-McVay – e, por tabela, ajudar Aaron.
Para além dele, o corpo de recebedores é melhor e mais experiente nesta temporada. Davante Adams é um dos melhores – e mais subestimados – recebedores da NFL, terminando ano passado com mais de 1000 jardas recebidas e 13 touchdowns (números impressionantes na zona que o time foi). Marquez Valdes-Scantling terminou em sétimo em jardas recebidas por um calouro e Equanimeous St. Brown terminou o ano bem. A linha ofensiva, por fim, é uma das melhores da liga quando saudável – o óbvio destaque é David Bakhtiari, para mim o melhor offensive tackle da NFL em 2018. Isto posto e somado aos novos ares de 2019, o ataque de Green Bay tem tudo para produzir bem nesta temporada. Afinal, como você viu acima, várias peças produziram bem mesmo no clima de divórcio que se instaurou em Wisconsin.
Finalmente peças defensivas na Free Agency
O mote do Green Bay Packers nos últimos anos era o de investir no Draft, renovar com suas estrelas e negligenciar a free agency. Isso vem mudando nos últimos anos e em 2019 a coisa ficou mais acentuada. Ótimo para o torcedor e ainda melhor para Aaron Rodgers, que agora conta com mais ajuda no outro lado da bola. A Era Brian Gutekunst parece ser diferente. E é.
A chegada de Preston Smith, embora não seja um jogador com números de sacks espantosos nos últimos anos, ajuda no que tange Às pressões geradas pela defesa. Ainda, Za’Darius Smith também ajuda – com o bônus dele poder ser um híbrido e por vezes poder jogar no a-gap, algo que pode ser útil após a saída do iDL Mike Daniels. Ambos são elétricos e de imediato beneficiam a unidade.
A linha em si agora conta com Rashan Gary, que precisa transformar seu atleticismo em produção – algo que por muitas vezes não aconteceu em Michigan. O destaque da unidade, contudo, é Kenny Clark. Ele é um iDL capaz de pressionar o quarterback, algo cada vez mais importante na NFL atual. Silenciosamente, Clark conseguiu 26,5 pressões ao quarterbackno ano passado. No que tange aos linebackers, como já falei acima, incógnitas. A posição pode ser o calcanhar de Aquiles contra os Vikings de Thielen/Diggs no meio do campo, contra a criatividade de Matt Nagy e seus Bears e os Lions com a chegada de TJ Hockenson. Apenas Blake Martinez é confiável.
Por outro lado, a boa notícia é que a secundária agora tem um nome para chamar de seu na posição de safety. Adrian Amos chega do grande rival, os Bears, após sólidas temporadas. Mesmo na era John Fox ele era capaz de produzir em alto nível. Após algum tempo de incertezas na posição, os Packers estão pra lá de bem servidos e ainda desfalcam o atual campeão da NFC North. Outro que chega, agora via Draft, é Darnell Savage Jr. – um quê de Tyrann Mathieu, podendo marcar o slot e jogar no box como safety. Ao lado deles, a promissora dupla de Jaire Alexander e Kevin King: ambos mostraram evolução ao longo da temporada passada e Jaire tem tudo para ser um playmaker na NFL.
Em resumo, é uma unidade diferente e (bem mais) completa do que a do ano passado. Mike Pettine finalmente pode mostrar serviço e, com essas peças, Green Bay conseguirá produzir melhor do que o ano passado. Se o ataque fizer jus ao talento de seu quarterback, é o suficiente para que o time dispare na NFC North.

O que mudou na intertemporada? Mais investimentos foram feitos na free agency, coisa que era rara nos últimos anos. Ainda, o torcedor dos Packers se despede de Clay Matthews e Randall Cobb. Ambos estão longe de serem os jogadores que eram há algum tempo. Sei que vai doer quando você ler isso, torcedor, mas o time está melhor sem eles.
Aspecto tático: Depois que terminamos um relacionamento tendemos a procurar coisas que não encontrávamos na ex. Pois bem, aqui temos alguns exemplos: mais play-action, mais formação under center, menos shotgun/pistol, mais corridas no segundo tempo, menos formações com 239484 wide receivers, um plano de jogo que gere triangulações e espaçamentos no campo para Rodgers ficar menos tempo com a bola na mão: esse é o plano de Matt LaFleur. Fica a questão se Rodgers vai aderir a ele, dado que após tanto tempo jogando de uma forma, fica difícil mudar nessa altura da carreira. Mas a NFL moderna pede isso – todas essas coisas que disse acima, que Mike McCarthy não fazia.

Jogo mais importante: vs Bears, Semana 15. A temporada abre contra eles e “fecha” também. A partir da Semana 15, os Packers têm três jogos seguidos contra rivais de divisão. Este, o primeiro, é o único em casa e a vitória pode ser vital para os rumos da NFC North – na sequência, confrontos em Minnesota e Detroit.
Pergunta a ser respondida: O relacionamento LaFleur-Rodgers vai dar certo? Considerando o contexto anterior em que o time se encontrava, é vital que “ambos os lados” cedam um pouquinho. LaFleur não vai poder tratar Rodgers como seus ex-quarterbacks, Jared Goff e Marcus Mariota: certa liberdade na linha de scrimmage é pedida e necessária. Do outro lado, Rodgers vai ter que se adaptar ao novo sistema west-coast e “ficar de costas” para a defesa em alguns play-actions. Se os dois lados cederem, o time tem só a vencer.
2019: O que você precisa saber! Motivado e saudável, não tem para ninguém. Com uma defesa (finalmente) revigorada na free agency e após o divórcio turbulento com Mike McCarthy, Aaron Rodgers tem saúde e time para levar o Green Bay Packers de volta ao topo da NFC North após dois anos sem ir à pós-temporada.
Com a batata assando: Aaron Rodgers. Na prática, ele vem de dois anos ruins – afinal, disponibilidade é uma habilidade quando falamos em franchise quarterbacks. Dito isso, após a demissão de McCarthy, Rodgers tem que provar em 2019 que é o grande quarterback que conhecemos e jogar de vez toda a culpa da bagunça em seu ex-treinador.
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Previsão para 2019
O Rei do Norte de volta ao trono. Com todos os problemas “limpos” em relação ao ano passado, a incógnita de Kirk Cousins em jogos grandes, a natural regressão à média que a defesa do Chicago Bears sofrerá e com um Detroit Lions cuja defesa ainda precisa de muito para brigar, os Packers têm o grande diferencial: o melhor quarterback da Conferência Nacional. Se Aaron Rodgers ficar saudável e estiver motivado, Green Bay tem nele e numa nova defesa o potencial de folgar na primeira rodada dos playoffs, vencer a divisão e brigar pelo Super Bowl – nos melhores sites de apostas, os Packers estão cotados como um time top-10 para 2019, brigando pelo Vince Lombardi.
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